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Estudo revela que combinar culturas combate “pragas” na agricultura

Para comprovar benefícios do plantio combinado de espécies, pesquisadores avaliaram 44 plantações em seis continentes

agricultura diversificada
Foto: Jamil RhajiaK | University of British Columbia

Assim como acontece em florestas preservadas, onde a biodiversidade garante resiliência e beneficia todas as espécies, quando falamos sobre agricultura, diferentes culturas combinadas podem atenuar impactos negativos causados por possíveis “pragas” – espécies que se propagam em um ambiente desequilibrado e colocam em risco a produção agrícola.

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Exemplos de como a diversidade é importante para o desenvolvimento saudável de diversas espécies estão presentes na natureza: populações de animais com fraca diversidade genética podem ficar mais vulneráveis a doenças e ter uma menor capacidade para adaptação a novas condições ambientais.

Provando que este principio básico também se aplica à agricultura, um artigo publicado na revista ‘Journal of Applied Ecology’, aponta que a mistura de culturas pode ser uma estratégia eficaz para atenuar os impactos nocivos de insetos e outros organismos que podem pôr em risco a produção agrícola.

agricultura
Foto: iStock by Getty Images

Investigadores do Departamento de Entomologia e Nematologia da Universidade da Flórida, nos Estados Unidos da América, defendem que plantar várias espécies, ou interplantação, é um caminho melhor para a produção e para o meio ambiente.

Ao analisarem 44 campos de cultivo em seis continentes, com culturas de couve, abóbora, algodão e cebola, os cientistas perceberam que quando essas espécies de grande importância económica eram plantadas com outras espécies vegetais, como plantas aromáticas, os impactos da predação por insetos diminuíam.

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Philip Hahn, um dos pesquisadores, explica que “no geral, a interplantação provou ser muito eficaz contra as pragas”, mas aponta que o grau de eficácia variou consoante as espécies de insetos e as suas preferências alimentares. Além disso, o tipo de cultura principal influenciou a eficácia da interplantação – as culturas de couve e de abóbora, por exemplo, demonstrarem maior grau de resistência do que as de cebola e algodão.

Uma das técnicas de interplantação mais usadas, segundo estes cientistas, é a plantação de espécies sem valor económico em torno das parcelas cultivadas, para repelir ou barrar insetos que poderiam arruinar as culturas. Plantar essas espécies dentro dos campos de cultivo também ajudar no combate às pragas, oferecendo outros “alvos” além das culturas principais.

joaninhas
As joaninhas são excelentes para ajudar a controlar espécies consideradas pragas, como o pulgão ou cochonilha. Foto: Pixabay

“Nos estudos que examinámos, percebemos que a Interplantação era mais eficaz para pragas generalistas que se alimentam de uma variedade de culturas”, afirma Hahn, acrescentando que poderá não ser o mais indicado para a proteção das culturas face a espécies de insetos com regimes alimentares mais especializados. Isto, porque esses insetos evoluíram lado a lado com as suas espécies vegetais de eleição, e é pouco provável que a presença de outras plantas os atraia.

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Ainda assim, os autores acreditam que a plantação de diversas espécies vegetais pode, realmente, ser uma forma eficaz e ambientalmente sustentável de reduzir os impactos das pragas nas culturas agrícolas, diminuindo a necessidade da utilização de produtos químicos que podem não só danificar o solo e várias outras espécies de animais, plantas e fungos, e comprometer a qualidade dos cursos de águas subterrâneos, mas também afetar a qualidade das próprias plantações.

jardins
Flores ajudam a atrair e manter polinizadores. Foto: Aaron Burden | Unsplash

As espécies mais indicadas para uma combinação de plantios variam muito de acordo com as condições climáticas, solo, regime de chuvas, culturas agrícolas e tipos “pragas” a serem controladas. Vale lembrar que o que chamamos de “pragas” aparecem quando não temos um ambiente equilibrado e algumas espécies encontram as condições ideais para crescerem e se reproduzirem sem predadores naturais. Restaurar a biodiversidade é um caminho mais sustentável do que apostar em defensivos agrícolas nocivos ao solo, à saúde humana e ao planeta.