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Encontro sobre agricultura regenerativa reúne produtores em Goiás

Mais de 250 pessoas visitaram fazenda leiteira em Silvânia para entender os benefícios de práticas regenerativas

agricultura regenerativa
O cuidado com o solo foi um dos focos do encontro. Foto: Natasha Olsen

Mais de 250 produtores e técnicos agrícolas se reuniram em Silvânia, em Goiás, para participar de palestras sobre agricultura regenerativa. Além das palestras de Maurício Cherubin, professor e pesquisador da Universidade de São Paulo (USP) nas áreas de crédito de carbono e agricultura regenerativa, de Luiz Gustavo Pereira, pesquisador da Embrapa Gado de Leite. Luiz e Gustavo falaram da importância da conservação da biodiversidade e lançaram um desafio aos participantes: registrarem com fotografias a presença de animais selvagens vivendo livres nas propriedades.

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Além dos benefícios ecológicos, os pesquisadores destacaram as vantagens econômicas da conservação de solos e biodiversidades nas fazendas, como a segurança hídrica, a diminuição de possíveis pragas e a adequação das propriedades às novas exigências em relação ao agronegócio. “Estamos num momento único, de mudança para melhor. Se coloca no Brasil a expectativa de uma produção mais correta ambientalmente”, destacou Cherubin, que destacou a saúde do solo. “O nosso negócio está mudando e a saúde do solo é a base para esta nova agricultura. É necessário entender o solo, com toda a sua biodiversidade, também como um meio para estocar carbono”.

palestra sobre agricultura regenerativa
Foto: Natasha Olsen

Entre as diversas práticas de agricultura regenerativa, as palestras focaram no uso de plantas de cobertura e na combinação de diferentes espécies para manter o solo saudável e otimizar a estocagem de carbono. “Estamos num momento de transformação na produção nacional e não podemos ficar de fora disso. É uma mudança de mentalidade. Dá para fazer diferente e ganhar dinheiro também”, garante o professor.

Para aqueles que ainda não usam plantas de cobertura, foi disponibilizado um link para um guia gratuito com informações e indicações de mais de 50 espécies. Para baixar o e-book Guia Prático de Plantas de Cobertura, clique AQUI.

palestra solo professor cherubin
Foto: Natasha Olsen

O encontro aconteceu na Fazenda Marinho, onde os participantes puderam conferir na prática como se dá a implementação da agricultura regenerativa e outras medidas que beneficiam especialmente produtores de leite. A propriedade faz parte do programa Net Zero Nature por Ninho, uma iniciativa da Nestlé em parceria com a Embrapa para engajar produtores de leite em boas práticas de agricultura regenerativa, voltadas a produção de leite de alta qualidade com baixa emissão de carbono.

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Nature por Ninho

“O Nature por Ninho é um programa de certificação com uma série de práticas que os produtores precisam implementar, incluindo critérios de bem estar animal, manejo de dejetos, manejo da água, direitos humanos, qualidade do leite, até a agricultura regenerativa”, explica explica Barbara Sollero, gerente de Milk Sourcing da Nestlé Brasil.

vaca fazenda leite
Entre os critérios para a classificação no programa, está o bem estar animal. Foto: Natasha Olsen

A Fazenda Marinho faz parte do programa e foi escolhida para sediar o evento porque possui um nível avançado de agricultura regenerativa ao fazer rotação de cultura, plantio de cobertura, plantio direto e agricultura de precisão. As ações proporcionam maior retenção de água, fertilidade, saúde do solo e mais produtividade. Partes das áreas de plantio passam por um “descanso”, resultando em uma melhor condição de produção.

plantas de cobertura
Durante o eventos, produtores puderam ver alguns exemplos de plantas de cobertura que podem ser usadas em práticas de agricultura regenerativa. Foto: Natasha Olsen

No Nature por Ninho, os produtores são classificados nas categorias ouro, prata e bronze, de acordo com as práticas adotadas, verificadas por uma certificadora terceirizada que visita as fazendas com intervalos que variam de 1 ano a 6 meses. De acordo com a sua classificação, eles recebem uma bonificação que varia de 5 a 15 centavos a mais por litro de leite. Na categoria ouro, estão 100 fazendas que cumprem todos os critérios, na categoria prata, cerca de 70 propriedades, e na categoria bronze são mais de mil fazendas. “A categoria bronze não abraça os critérios de agricultura regenerativa, a não ser o manejo correto de dejetos. Este é o início da jornada”, explica Bárbara.

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Entre os proprietários que estão na categoria ouro está Gustavo Dutra, dono de uma fazenda familiar com 140 vacas que produzem 4,5 mil litros de leite por dia. Ele conta que, com a adoção de todas as práticas de bem estar animal, a produção aumentou naturalmente. As vacas ficam em ambientes climatizados, recebem uma vaporização com água fresca na hora da ordenha e tem água corrente e alimentação balanceada sempre à disposição.

curral
As vacas ficam em ambiente climatizado, com água corrente e alimenta balanceada à disposição. Foto: Natasha Olsen

Os fornecedores que entram no programa passam por um diagnóstico inicial das emissões de carbono e recebendo o acompanhamento e suporte técnico para a implementação das ações de redução, com plano personalizado realizado pela Embrapa, para cada realidade, observando itens como manejo e conservação do solo, manejo dos dejetos e práticas de agricultura regenerativa.

“É um privilégio participar deste projeto que tem como objetivo aumentar a produção de leite sustentável em nosso país”, destaca Lucas Schmidt, gestor da Fazenda Marinho.  “O importante é começar, seja separando uma pequena área para fazer o teste, pois será possível ver a diferença que as práticas de agricultura regenerativa proporcionam no dia a dia da propriedade”, diz.

tratamento de dejetos
Área para tratamento de resíduos, com impermeabilização do solo, na Fazenda Marinho. Foto: Natasha Olsen

Segundo Bárbara a ideia de reunir os produtores é justamente compartilhar informações sobre a agricultura regenerativa e pecuária de leite de baixo carbono que estimula uma produção que cuida do solo, da biodiversidade, da água, além do bem-estar dos animais e das comunidades rurais do entorno. “Junto com os proprietários, parceiros e técnicos da Embrapa, queremos demonstrar os benefícios destas práticas para o produtor, tirar dúvidas e engajar cada vez mais e mais produtores nesta jornada”, finaliza.