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construção resiliente
Foto: © rappler.com

Por ONU

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Diante do relatório do Painel Intergovernamental sobre Mudança do Clima (IPCC), liberado no último dia 9, o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (PNUMA) publicou um artigo com algumas soluções baseadas na natureza e voltadas para a infraestrutura que podem se mostrar essenciais para lidar com os efeitos advindos das mudanças climáticas. 

Desenvolvida pelos maiores especialistas em mudanças climáticas, a compilação de estudos publicada pelo IPCC indica que a temperatura média do planeta tende aumentar 1,5 ºC nas próximas duas décadas, trazendo devastação generalizada. Muitas das mudanças descritas são sem precedentes. Algumas estão em andamento agora, enquanto outras — como o aumento contínuo do nível do mar — permanecerão “irreversíveis” por séculos a milênios.

Atento à necessidade de agir diante das evidências apresentadas, o PNUMA suscitou o relatório Um Guia Prático para Construções e Comunidades Resilientes ao Clima, que mostra, por exemplo, como edifícios e espaços comunitários podem ser construídos para aumentar a resiliência, especialmente em países em desenvolvimento, onde os assentamentos são em grande parte autoconstruídos. O relatório também demonstra como a combinação de soluções de construção ‘cinza’ com soluções ‘verdes’ baseadas na natureza pode ter resultados promissores.

Crise climática

A última década foi a mais quente da história da humanidade. Incêndios e inundações apocalípticos, ciclones e furacões são cada vez mais o novo normal, e as emissões são 62% mais altas agora do que quando as negociações internacionais sobre o clima começaram em 1990. A evidência é clara. Estamos em uma corrida contra o tempo para nos adaptarmos a um clima em rápida mudança – uma das três crises planetárias que enfrentamos junto com a perda de biodiversidade, poluição e resíduos.

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Responsável por 38% do total das emissões globais de CO2 relacionadas com a energia, a indústria da construção terá um papel importante no cumprimento de nossa meta de limitar o aquecimento global a bem abaixo de 2 °C. De acordo com algumas estimativas, investir em infraestrutura mais resiliente também pode economizar para a humanidade impressionantes US$ 4,2 trilhões com os danos causados pelas mudanças climáticas, de acordo com o Banco Mundial.

Confira abaixo 5 maneiras de tornar os edifícios resistentes às mudanças climáticas:

1. Construindo resiliência a ondas de calor

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Estudos mostram que, em 2050, 1,6 bilhão de pessoas que vivem em mais de 970 cidades estarão regularmente expostas a temperaturas altas extremas. Juntamente com o “efeito de ilha de calor urbana“, que torna as cidades mais quentes do que a área rural circundante, isso coloca os moradores urbanos em alto risco.

arquitetura bioclimática
Foto: KIE

Mas a natureza oferece soluções poderosas. As comunidades podem criar florestas urbanas e espaços verdes para reduzir as ondas de calor nas cidades, pois as árvores e outras plantas resfriam o ambiente ao redor, oferecendo sombra e liberando água por meio de suas folhas.

Projetos estruturais também podem ajudar a reduzir o calor dentro de edifícios. No Vietnã, os projetos de habitação tradicionais, como a orientação ideal das construções, salas altas e grandes aberturas, melhoram a ventilação. Paredes de trombe – estruturas pesadas de concreto, pedra ou outro material pesado que capturam o calor solar são usadas na China, Chile e Egito. Telhados verdes e superfícies reflexivas também podem reduzir as temperaturas dentro e ao redor das construções.

2. Construindo resiliência à seca

A mudança climática está afetando os padrões de precipitação em todo o mundo. Os sistemas de coleta e recarga de água da chuva que capturam água nos telhados dos edifícios são comumente usados para armazenar água durante a seca e reduzir o risco de inundações durante chuvas fortes. A água captada pode ser armazenada em tanques e utilizada no interior da construção durante os períodos de estiagem.

Outra maneira econômica e baseada na natureza de lidar com secas e inundações é plantar árvores ou outra vegetação ao redor dos edifícios. As raízes das plantas agem como esponjas para recarregar as águas subterrâneas e, durante chuvas fortes, as raízes permitem que a água penetre no solo e reduzem o risco de inundações. Na China, o Projeto Sponge Cities está testando soluções de eco-engenharia para absorver e reutilizar a água da chuva em mais de 30 metrópoles para reduzir os riscos de inundações.

3. Construindo resiliencia à inundações costeiras e ao aumento do nível do mar 

Foto: Sébastien Goldberg | Unsplash

Em 2025, 410 milhões de pessoas nas comunidades costeiras podem correr o risco de inundações costeiras e aumento do nível do mar. Em Kerala, Índia, casas resistentes a enchentes são construídas sobre pilares para permitir que a água das enchentes flua por baixo. Nas costas da Malásia, edifícios elevados 2 metros acima do solo permitem que o fluxo de água e a vegetação do pântano cresçam embaixo, com casas e áreas públicas conectadas por passagens elevadas.

Uma abordagem proposta em Bangladesh é construir um edifício multifuncional flutuante que se apoiaria em pilares com tanques flutuantes que o elevam durante as enchentes. O prédio funcionaria como um centro comunitário e também forneceria abrigo de emergência durante as enchentes.

4. Construindo resiliência a ciclones e ventos fortes

Prevê-se que ciclones e tempestades se tornem mais frequentes e fortes com as mudanças climáticas. Eles podem afetar as construções de várias maneiras, como derrubar telhados e danificar as estruturas e fundações. Para mitigar esses danos, as comunidades podem construir casas redondas e considerar a orientação aerodinâmica ideal para reduzir a força dos ventos.

O design do telhado também desempenha um papel importante. Conexões fortes entre as fundações e o telhado são essenciais para a construção de casas resistentes ao vento. Telhados com várias inclinações podem resistir bem a ventos fortes, e a instalação de poços centrais reduz a força do vento e a pressão no telhado, sugando o ar de fora. Os telhados que cobrem varandas ou pátios também podem ser projetados para quebrar durante ventos fortes para evitar danos estruturais adicionais às partes essenciais da casa. Isso é chamado de arquitetura frangível ou abordagem de “planejamento para danos”.

5. Construindo resiliência ao frio

A adaptação a climas frios e temperados requer a captura de calor e a minimização da perda de calor. Isolamentos em telhados, paredes, tetos e janelas com vidros duplos ajudam a minimizar a perda de calor e levam a construções com maior eficiência energética.

Em regiões mais frias, as paredes de Trombe podem absorver calor durante o dia e irradiá-lo à noite quando está mais frio. A água tem alta capacidade de armazenar calor e pode ser usada em “paredes de água” – que, em vez de concreto, contêm tambores de água para armazenar calor. Os edifícios também devem ser orientados para maximizar a exposição ao sol, e as superfícies externas das paredes devem ser pintadas de escuro.

Os telhados verdes que suportam o crescimento das plantas em telhados são usados em muitas cidades ao redor do mundo e têm demonstrado fornecer isolamento e reduzir a demanda de energia para refrigeração durante o verão e aquecimento durante o inverno. 

Confira o Guia Prático para Construções e Comunidades Resilientes ao Clima.