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planos climáticos
Planeta acima do lucro, mensagem importante. Foto: Markus Spiske | Unsplash

As melhores práticas para evitar o greenwashing (termo em inglês que se aplica a informações que mascaram, por exemplo, os impactos ambientais de alguma atividade) embutido em promessas Net Zero tanto de governos como de empresas foram um dos destaques da última terça-feira (8) na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP27).

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O relatório produzido pelo Grupo de Especialistas de Alto Nível (HLEG), nomeado pela ONU para dar mais transparência ao tema, apontou várias recomendações, como “empresas e regiões que utilizam muita terra devem assegurar que, até 2025, qualquer desmatamento seja interrompido”.

O documento se refere a promessas que ameaçam minar os esforços globais para reduzir as emissões de gases de efeito estufa de acordo com a limitação do aquecimento a 1,5 grau. A presidente do grupo, ex-ministra do Ambiente e das Alterações Climáticas do Canadá Catherine McKenna, disse que o relatório fornece um roteiro crucial para trazer integridade aos compromissos líquidos zero por parte da indústria, instituições financeiras, cidades e regiões e para apoiar uma transição global e equitativa para um futuro sustentável.

“Planos de transição para net zero são uma peça chave para viabilizar a implementação dos compromissos assumidos pelas empresas e pelos governos. Orientarão o redirecionamento de investimentos para a economia de baixo carbono e darão previsibilidade sobre as rotas de descarbonização da economia”, avaliou o coordenador do portfólio de Economia de Baixo Carbono do Instituto Clima e Sociedade (iCS), Gustavo Pinheiro.

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Foto: Brian Yurasits | Unsplash

“O Brasil é o país que tem o menor custo de transição entre as grandes nações, porém o investimento não tem fluído como poderia devido a falta de um plano de transição que oriente a implementação da Contribuição Nacionalmente Determinada (NDC, sigla em inglês)”, completou.

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Para Pinheiro, elaborar o plano de transição da economia brasileira para net zero até 2050 permitirá destravar investimentos em diversos setores da economia. “Estes investimentos são indispensáveis para colocar o Brasil na rota da descarbonização, gerar empregos verdes e retomar o crescimento desacoplado de emissões de gases de efeito estufa”, completou.

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Foto: Freepik

“As ações de atores não estatais, como grandes corporações e instituições financeiras, são fundamentais para o progresso global em direção às metas líquidas zero agora; este relatório fornece orientações claras sobre por que e como esses atores devem publicar urgentemente planos de transição concretos, transparentes e baseados na ciência”, afirma Joaquim Levy, ex-ministro da economia do Brasil, membro do HLEG.

Algumas das principais recomendações deste grupo – que inclui ex-ministros (entre eles, Joaquim Levy, do Brasil), líderes empresariais e pesquisadores proeminentes – são:

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  • Os planos climáticos devem ser de responsabilidade direta de uma empresa ou de uma região e refletir a responsabilidade em agir de sua liderança;
  • Um plano climático tem que ser suficientemente rápido para evitar a liberação de gases de efeito estufa de uma forma que corresponda aos requisitos para limitar o aquecimento da Terra a 1,5 C. Isso significa muito mais ambição a curto prazo (2030 e antes);
  • A compra de certificados que “compensam” as emissões em vez de reduzir as emissões deve ser poupada para os últimos anos de zero líquido e, se usados, devem ser confiáveis, e de uma fonte insuspeita e verificável. Sem truques usando compensações;
  • Os planos climáticos e relatórios anuais de progresso precisam ter detalhes suficientes para serem verificados por outras partes de forma independente;
  • Qualquer empresa ou região que estabelece uma meta net zero não pode apoiar a exploração de novos suprimentos de combustíveis fósseis;
  • Qualquer lobby deve ser a favor de uma ação climática positiva, nunca contra a ação climática. A remuneração dos executivos e os gastos de capital devem ser vinculados a planos de emissão zero líquido;
  • As empresas e regiões que utilizam muita terra devem assegurar que, até 2025, qualquer desmatamento seja interrompido;
  • As empresas e regiões com planos climáticos devem relatar seus progressos efetivamente reduzindo suas emissões, com detalhes e rigor suficientes;
  • Em um sentido global, net zero não funcionará sem um fluxo de dinheiro suficiente para os países em desenvolvimento. Isto deve ser refletido nos planos das empresas e regiões;
  • A começar pelos emissores corporativos de alto impacto, os regulamentos e normas precisam ser desenvolvidos e implementados para garantir que as regras básicas da economia sejam projetadas para fazer com que o líquido zero reduza as emissões;

Confira o relatório completo, em inglês, aqui.