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Maior iceberg do mundo se solta na Antártica

Com de 1 bilhão de toneladas, o A23a traz uma série de ameaças no seu deslocamento e um grande alerta sobre o desequilíbrio climático

iceberg se solta
O deslocamento do A23a ameaça a biodiversidade marinha e até o setor de transportes. Foto: Agência Espacial Europeia | ESA

O A23a é o maior iceberg do mundo, com quase 4 mil quilômetros quadrados e uma espessura de 399 metros. Este iceberg enorme fica na Antártica e, com o aquecimento das águas, se soltou no Mar de Weddell e está à deriva em direção ao Oceano Antártico.

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O iceberg se soltou da imensa plataforma de gelo da qual fazia parte em 1986, a Filchner-Ronne, na parte ocidental do continente. Mas, rapidamente se prendeu ao fundo do mar e permaneceu “ancorado” até o final de 2023. Na época de seu nascimento, o A23a abrigou inclusive uma estação de pesquisa soviética.

Em entrevista à BBC, o especialista em sensoriamento remoto da British Antarctic Survey (BAS), Andrew Fleming, afirmou que era apenas uma questão de tempo até que o gigantesco pedaço de gelo se soltasse. “Ele estava aterrado desde 1986, mas eventualmente diminuiria de tamanho o suficiente para perder aderência e começar a se mover. Vi o primeiro movimento em 2020”, conta Fleming.

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Imagens do satélite Copernicus Sentinel-1A mostram o iceberg A23a se movendo, de 19 de outubro a 24 de novembro de 2023. Fonte: Imagem União Europeia | Copernicus Sentinel-1ª

O iceberg, que pesa cerca de um bilhão de toneladas e é também um dos mais antigos do planeta, começou recentemente a mover-se mais rapidamente com a ajuda das correntes e dos ventos e está a passar pela ponta norte da Península Antártica.

“Com o tempo, provavelmente diminuiu um pouco e adquiriu um pouco de flutuabilidade extra que lhe permitiu levantar-se do fundo do oceano e ser empurrado pelas correntes oceânicas”, explicou Oliver Marsh, glaciologista da BAS.

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Rumo do iceberg?

Segundo especialistas, o A23a provavelmente será varrido pela Corrente Circumpolar Antártica, que o empurrará na direção do Oceano Antártico e do “beco dos icebergs”, onde outros icebergs flutuam.

Outro resultado possível para o A23a é encalhar na Ilha Geórgia do Sul. Esta possibilidade ameaça milhões de pinguins, aves marinhas e focas que se reproduzem na ilha Antártida e seguem rotas de alimentação estabelecidas nas águas circundantes. Contra esta hipótese, há um caso anterior: em 2020, o iceberg A68 que também havia se soltado, poderia colidir com a Ilha Geórgia do Sul, mas acabou se despedaçando, o que também poderia acontecer com o A23a.

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Foto: Pixabay

No entanto, explicou Marsh, “um iceberg desta escala tem potencial para sobreviver durante muito tempo no Oceano Antártico, embora seja muito mais quente, e poderia seguir para o norte, em direção à África do Sul, onde pode perturbar o transporte marítimo”.

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Um aviso claro

Enormes icebergs se soltando e flutuando pelos oceanos trazem um perigo físico pontual considerável, mas também são um aviso claro de uma ameaça ainda maior: a emergência climática e o desequilíbrio ambiental.

Em um ecossistema equilibrado, os icebergs, liberam minerais à medida que derretem. A poeira acumulada no gelo à medida que raspavam o leito rochoso da Antártida serve como fonte de nutrientes para pequenos organismos na base das cadeias alimentares marinhas.

“Em muitos aspectos, esses icebergs dão vida; eles são o ponto de origem de muita atividade biológica”, disse a Dra. Catherine Walker, cientista do Instituto Oceanográfico Woods Hole. O derretimento acelerado do gelo nos polos impacta diretamente este delicado sistema.

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Foto: iStock