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Flores silvestres estão migrando para autopolinização

Em um mundo com menos insetos, plantas estão evoluindo para a autopolinização, revela novo estudo

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Foto: Andrea Stöckel | CC0 Public Domain

Em um mundo com menos insetos polinizadores, as plantas com flores que se desenvolvem em culturas agrícolas estão tendo dificuldades para se reproduzirem. De acordo com cientistas do Centro Nacional Francês de Investigação Científica (CNRS) e da Universidade de Montpellier, um novo estudo aponta que as espécies estão evoluindo para a autopolinização. 

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Amores-perfeitos silvestres são o foco da pesquisa realizada nos arredores de Paris, na França. O que pode parecer uma boa notícia de como a natureza é capaz de se adaptar, acende o alerta dos cientistas. 

“O nosso estudo mostra que os amores-perfeitos estão  evoluindo para ‘desistir’ dos seus polinizadores”, diz Pierre-Olivier Cheptou, um dos autores do estudo e pesquisador do CNRS. “Estão evoluindo para a autopolinização, onde cada planta se reproduz consigo mesma, o que funciona a curto prazo, mas pode muito bem limitar a sua capacidade de adaptação a futuras mudanças ambientais”, completa o cientista em entrevista ao The Guardian.

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Amores-perfeitos silvestres são o foco da pesquisa realizada nos arredores de Paris. | Foto: Sansão Acoca-Pidolle | CNRS

Os pesquisadores detectaram que as espécies estão 10% menores, produzem 20% menos néctar e são menos visitados por polinizadores. De acordo com o estudo francês, pode ser percebido um ciclo vicioso em que o declínio dos polinizadores leva à redução da produção de néctar pelas flores, o que poderia, por sua vez, agravar o declínio destes insetos. 

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Abelha em um amor-perfeito durante um experimento realizado para o estudo. | Foto: Sansão Acoca-Pidolle | CNRS

“Esta é uma descoberta particularmente emocionante, pois mostra a evolução acontecendo em tempo real”, afirma Dr. Philip Donkersley, da Universidade de Lancaster, também ao The Guardian. Para Donkersley, que não esteve envolvido no estudo, é bastante surpreendente essa “mudança de estratégia” das plantas. “Esta pesquisa mostra uma planta desfazendo milhares de anos de evolução em resposta a um fenômeno que existe há apenas 50 anos”, completa.

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O estudo sublinha a importância de implementar medidas para travar este fenômeno o mais rapidamente possível e permitir a manutenção das interações entre plantas e polinizadores, que têm vários milhões de anos.

Sumiço dos insetos

O declínio dos insetos é foco de diversas pesquisas atuais. No Brasil, polinizadores essenciais para a agricultura estão em declínio – segundo um estudo realizado a partir de 45 pesquisas científicas. Outro estudo, realizado na Alemanha, revela que mais de 75% da biomassa de insetos voadores desapareceu das áreas protegidas nos últimos trinta anos.

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Foto: Daniel Álvasd | Unsplash

Outro alerta chocante foi dado pelo Atlas dos Insetos, lançado em 2021 pela Fundação Heinrich Böll: 40% das espécies de insetos podem desaparecer nas próximas décadas. Tal situação comprometeria a polinização de espécies vegetais, o controle biológico de pragas agrícolas, a ciclagem de nutrientes e ameaçaria a segurança alimentar da humanidade – saiba mais aqui.

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O artigo do estudo francês foi publicado na revista New Phytologist.