COP26 traz avanços, mas adia decisões importantes
Confira os destaques que marcaram a Conferência do Clima de Glasgow.
Confira os destaques que marcaram a Conferência do Clima de Glasgow.
Um dia após o previsto, no último sábado (13), terminou a Conferência do Clima de Glasgow (COP26). A repercussão geral é que o acordo final desaponta, apesar de trazer avanços.
A série de manifestações de jovens realizadas em paralelo à cúpula não foram suficientes para que decisões e metas fossem estipuladas em definitivo. Passos radicais e imediatos para manter o 1,5 ºC como limite do aquecimento neste século, por exemplo, foram adiados. Os países terão até a COP27, que ocorrerá no Egito, para apresentar seus planos climáticos. Ressaltando que se as promessas feitas para 2030 forem cumpridas, o mundo ainda pode aquecer 2,4°C, de acordo com um estudo do Carbon Action Tracker.
“O objetivo em Glasgow era encerrar a lacuna para 1,5 ºC e isso não aconteceu, mas em 2022 as nações terão que voltar com metas mais ambiciosas. A única razão pela qual conseguimos o que fizemos aqui foi porque jovens, líderes indígenas, ativistas e países na linha de frente do clima forçaram concessões que foram feitas de má vontade. Sem eles, essas negociações sobre o clima teriam fracassado completamente”, afirma Jennifer Morgan, Diretora Executiva do Greenpeace Internacional.
Para a gerente de Políticas Públicas e Relações Governamentais da The Nature Conservancy Brasil (TNC), Karen Oliveira, os compromissos financeiros não serão suficientes para “pagar a conta climática”. A executiva explica que, quando se fala em financiamento, é preciso dividi-lo em duas partes: os que são vinculantes, estabelecidos dentro do Acordo de Paris; e os que são compromissos entre países sinalizados por meio de acordos bilaterais ou multilaterais.
Em relação aos financiamentos vinculantes, houve pouco avanço concreto. “É um ponto que ficou para depois, que está dentro da carta de intenções da COP26. Ainda que haja a manutenção dos compromissos dos países mais ricos em ajudar os em desenvolvimento, não há cronograma, metas claras nem o como fazer para chegar aos 100 bilhões de dólares desde 2015”, avalia Karen.
Entre os destaques do documento, há o compromisso pela redução gradativa dos subsídios aos combustíveis fósseis e o uso do carvão. O texto preliminar falava em “eliminação gradual”, mas foi modificada por “redução gradual” após pedido da Índia e China com apoio dos EUA e da União Europeia. Ainda assim, a promessa foi aclamada por ser inédita na COP.
Outra resistência que teve destaque na conferência foi a negativa quanto ao pedido de financiamento para um mecanismo que cubra as perdas e os danos que os países mais vulneráveis do mundo já estão experimentando. Coube a Nicola Sturgeon, primeira-ministra da Escócia, anunciar £ 1 milhão para o fundo. Valor se soma a outros US $ 3 milhões, prometido por um grupo de organizações filantrópicas, e, posteriormente, a ministra dobrou a promessa para dois milhões de libras. Trata-se do primeiro apoio direto aos países atingidos por condições climáticas extremas e aumento do nível do mar.
Confira abaixo uma síntese de decisões de destaque da Conferência do Clima:
O Brasil deixa a Conferência com a assinatura de dois acordos e o compromisso de revisar sua NDC (Contribuição Nacionalmente Determinada) no ano que vem. Confira abaixo os anúncios feitos pelo Brasil com análise do Greenpeace: