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Chip capaz de recriar órgãos humanos é alternativa a testes com animais

Desenvolvido pela Natura, o método permite avaliar a segurança de ingredientes e produtos cosméticos

Human-on-a-chip
Chip que simula o funcionamento do organismo humano. | Foto: CNPEM

Em março de 2023, entrou em vigor no Brasil uma proibição no uso de animais em pesquisas de cosméticos, higiene pessoal e perfumes. Para avaliar a segurança e eficácia de matérias-primas, as empresas terão que optar por métodos alternativos. Um exemplo já aplicado pela Natura, que não testa em animais desde 2006, é a tecnologia human-on-a-chip, que simula no laboratório o funcionamento do organismo humano.

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Desenvolvida pela Natura, em parceria com o LnBio (Laboratório Nacional de Biociências do CNPEM – Centro Nacional de Pesquisa em Energia e Materiais), a metodologia está em estudo desde 2019. “É fundamental para o desenvolvimento e a aprovação de matérias-primas originais da marca, pois permite análises bastante específicas e aprofundadas”, afirma a multinacional brasileira de higiene e cosmética.

O que é o Human-on-a-chip?

A metodologia, chamada de Human-on-a-chip, consiste na combinação de estruturas biológicas equivalentes a órgãos humanos, fabricados em laboratório, integrados de forma a reproduzir o funcionamento do organismo. O sistema, ativado por um fluxo de líquidos e soluções, que imita a circulação sanguínea, permite aos pesquisadores e cientistas avaliarem os efeitos de um ingrediente cosmético tanto dentro (órgãos) quanto fora do corpo (pele) ao mesmo tempo.

Segundo a diretora geral de Pesquisa e Desenvolvimento da Natura, Roseli Mello, a implementação do novo método permite entender se uma matéria-prima sem dados de histórico de uso se mostra crítica ou não para itens toxicológicos relevantes.

“A falta de dados e testes sobre uma matéria-prima pode acarretar redução da concentração permitida ou a proibição de seu uso em determinados produtos. Os resultados da aplicação do método desenvolvido pela Natura podem permitir aumento em até 10 vezes as concentrações de novas matérias-primas, favorecendo sua máxima potência e eficácia cosmética. A tecnologia representa um salto de qualidade técnico-científica na geração de dados de segurança”, enfatiza.

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A implementação de tais tecnologias vem sendo desenvolvida e melhorada desde 2015. “Avançamos no desenvolvimento de pele reconstituída, esferóides de tecido adiposo e hepático, modelos de barreira intestinal e de epitélio pulmonar. O domínio desse tipo de tecnologia nos permite conduzir colaborações de pesquisa que buscam resolver desafios na área de métodos alternativos”, explica o Dr. Kleber Franchini, Diretor do Laboratório Nacional de Biociências (LNBio) do CNPEM.

Inovando

Sem realizar testes em animais desde 2006, a Natura conta com a aprovação do Programa Leaping Bunny, da Cruelty Free International, e da PETA (People for the Ethical Treatment of Animals). Além disso, desde 1998, a Natura investe no desenvolvimento de métodos alternativos.

cosméticos
Foto: Birgith Roosipuu | Unsplash

Kelen Fabiola Arroteia, Gerente do Núcleo de Avaliação Pré-Clínica da Natura e uma das profissionais envolvidas no desenvolvimento da nova metodologia, ressalta que a estratégia da Natura de desenvolver matérias-primas exclusivas da biodiversidade brasileira traz desafios adicionais. Os ingredientes naturais são muitas vezes misturas inéditas e complexas de compostos, sem dados históricos em literatura, e essa complexidade e escassez de dados demanda o desenvolvimento e implementação de novos métodos de avaliação.

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Hoje, a Natura utiliza uma estratégia integrada de metodologias para avaliações de segurança das matérias-primas proprietárias da marca, que requer a combinação in silico (emprego de diferentes modelos computacionais para predizer a toxicidade de um ingrediente em diversos desfechos toxicológicos com base em sua estrutura molecular), com metodologias in vitro – executadas em laboratório utilizando-se modelos biológicos, como cultura tridimensionais de células e tecidos humanos, somado a análises bioquímicas e moleculares.