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Foto: iStock

Como seria o mundo se empresas se preocupassem em melhorar seu entorno e contribuir para a solução de problemas ambientais e sociais mais do que gerar lucro? Muitos dos problemas que enfrentamos hoje são frutos de um modelo econômico em que gerar lucro e riqueza para poucos era o principal foco.

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Foi com a ideia de mudar esse cenário e ter negócios atentos aos seus impactos e que tragam solução para os problemas já existentes que surgiu o B Lab, em 2006, nos EUA. Quem inventou essa história foram três amigos, Jay Coen Gilbert, Bart Houlahan e Andrew Kassoy, na Pensilvânia (EUA). Eles deixaram as carreiras corporativas e criaram o B Lab, ONG dedicada a auxiliar empresas na missão de ter um impacto positivo e mantê-lo ao longo do tempo. A ideia era redefinir o sentido de sucesso empresarial solucionando problemas sociais e ambientais de produtos e serviços.

O B Lab é a origem do Movimento B, que reúne mundialmente uma série de negócios que querem construir juntas uma nova maneira de fazer negócios e com a visão de que as empresas têm o papel de acelerar a implantação de uma Nova Economia, tendo como indicador de sucesso a geração de valor para a sociedade e o meio ambiente de maneira sustentável.

Aqui no Brasil, o movimento chegou em 2012 e a organização que o representa é o Sistema B Brasil. Para se ter uma ideia do seu tamanho, atualmente, o país possui 285 Empresas B, e 17 com a certificação pendente. Na América Latina, o número de certificadas chega está em 1027. São empresas que compartilham um perfil de negócio que equilibra propósito e lucro, considerando o impacto de suas decisões em seus trabalhadores, clientes, fornecedores, comunidade e meio ambiente. No mundo, já são 6347 empresas certificadas. Entre as Empresas B brasileiras estão marcas como Natura, Mãe Terra, Hering, Nespresso, Movida, Gerdau Summit e outros.

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A Natura é uma das empresas certificadas pelo Sistema B no Brasil. Foto: Divulgação

Como empresas são certificadas?

O processo para se tornar uma empresa B é minucioso: inicia com o preenchimento da Avaliação de Impacto B (BIA), uma ferramenta confidencial, online e gratuita desenvolvida pelo B Lab, que ajuda as empresas a medirem o seu impacto e sua diversidade, funcionando também como ferramenta de gestão da melhoria contínua e de compliance.

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A ferramenta traz um olhar ampliado para a empresa, suas gestões e práticas, dividida em cinco dimensões: Governança, Colaboradores, Meio Ambiente, Comunidade e Clientes, com todas as informações fornecidas sendo auditadas de acordo com o porte da organização a ser certificada e envolvendo áreas como RI, RH, Compras, Sustentabilidade e Vendas. Além do porte, o questionário também tem variações de acordo com o segmento econômico do negócio.

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Foto: iStock.

As perguntas do questionário buscam analisar a empresa com base nos objetivos da agenda 2030 da ONU, que reúne as 17 metas de Desenvolvimento Sustentável (ODS) para erradicar a pobreza e promover uma vida digna a todos.  Mais do que um posicionamento, a certificação das empresas B é vista como uma direção, sendo um processo reconhecido mundialmente que estimula a adoção de critérios ESG, uma vez que as cinco áreas analisadas cobrem as três letras da sigla.

Ao responder o questionário, as empresas podem alcançar um máximo de 200 pontos. O mínimo para conseguir o certificado são 80 pontos. A cada três anos, as empresas voltam a preencher a BIA para se recertificarem, com o objetivo de que elas continuem evoluindo, apresentando parâmetros ainda melhores.

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O certificado não é um destino, ele é um norte. E já vem sendo reconhecido também como um balizador de empresas, produtos e serviços pelo mercado e consumidores. Ao fazer negócios com uma Empresa B, é possível contribuir com a construção de um futuro melhor. Ser uma Empresa B é uma maneira poderosa de adquirir credibilidade, confiança e valor, pois atrai a atenção daqueles que querem trabalhar, comprar e investir nas empresas nas quais acreditam.

São seguidos os mais altos padrões de práticas ambientais, sociais e de governança e, por consequência, essas empresas tendem a ser muito mais resilientes durante as crises, pois estão comprometidas com um plano de desenvolvimento contínuo, que sai da lógica de mitigação de impacto negativo para uma nova lógica de geração de impacto positivo.

Ao se tornar uma Empresa B, é possível também acessar uma rede mundial onde existe uma troca para buscar soluções e melhorias conjuntas para negócios e o mundo.  

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Foto: Anne Nygard | Unsplash

Quais requisitos para se tornar uma empresa B?

Ainda que a Avaliação de Impacto B (BIA) possa ser usada para qualquer organização só entidades com fins lucrativos podem se tornar uma empresa B. O motivo é que fundações, ONGs e demais organizações da sociedade civil já tem a premissa de entregar um impacto positivo à sociedade e o interesse do Sistema B é garantir que empresas que não nasceram com essa missão pré-definida também estejam em linha com tal compromisso.

Tendo em vista que o ecossistema B busca provocar mudanças, a organização que busca se certificar precisa atuar em um mercado que confere exposição aos riscos como concorrência, impostos, mudanças comerciais, etc.

Uma questão fundamental é que todas as áreas do negócio precisam estar envolvidas no processo, por isso marcas ou unidades de negócios não podem ser certificadas. Entre as etapas do processo para integrar o ecossistema está a declaração de sobre a relação com setores ou práticas controversas. O Conselho Consultivo do B Lab desenvolve um trabalho contínuo em prol da criação de padrões de risco que avaliam de forma eficaz os potenciais impactos negativos de diferentes indústrias, políticas e práticas.

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Foto: Pixabay

Vale também lembrar que, ao se certificar, o contrato social de uma Empresa B deve trazer cláusulas que asseguram legalmente o compromisso do negócio de atuar para além de interesses puramente financeiros e econômicos, chamadas de Cláusulas B.

Para além de ser uma Empresa B

Mas o Sistema B não é uma certificadora. A Certificação é só um dos caminhos para a construção de uma economia B. Existem caminhos para as empresas se aproximarem das ideias do movimento de diversas maneiras. Um deles é por meio de programas que auxiliam empresas a entenderem em que parte da jornada ESG se encontram:

  • Caminho + B – para empresas que querem entender como começar: o programa tem como objetivo contribuir para que empresas saibam onde estão as suas fortalezas e oportunidades de melhorias socioambientais para o negócio.
  • Caminho + B PME On-line – para pequenas e médias empresas que desejam dar o primeiro passo: indicado para empresas pequenas e médias empresas que desejam ter um retrato de ações socioambientais e planejar o futuro delas a médio e longo prazo.
  • Medindo O Que Importa – para quem acredita que todo negócio deveria ser um pouco mais B: esse programa é para empresas que desejam sensibilizar seus fornecedores quanto a temas socioambientais e os valores B. Além de abordar diversos assuntos cruciais para as empresas que desejam fazer parte de uma nova economia, apoiamos a sua cadeia de fornecedores no preenchimento da Avaliação de Impacto B (BIA) e oferecemos a oportunidade de participar de mentorias individuais. A ideia é traçar quais os melhores caminhos para gerar impacto positivo no mundo.

A própria BIA, o caminho de entrada para a certificação, é uma importante ferramenta para que as empresas possam entender se estão no caminho certo. Ela é gratuita e disponível para todos que desejam ter um retrato fiel de suas práticas ESG para que saibam para onde caminhar.

Empresas e sociedade também se aproximam do Sistema B por meio de suas campanhas a ações. Uma delas, lançada recentemente, é o SP+B, um movimento apartidário e independente, formado por um grupo de Empresas B, que quer unir organizações e pessoas para pensar e fazer uma cidade melhor para todos.

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“Planeta acima do lucro”. Foto: Markus Spiske | Unsplash

Conheça a autora

Este texto foi escrito por Luciana Scapin, gerente de Programas do Sistema B Brasil, executiva com MBA em Gestão de Negócios pela FGV, curso de extensão em ESG e pós-graduação em Marketing, Multiplicadora B, palestrante e mentora social. Dedicada ao 3º setor desde os 8 anos de idade, quando trabalhou com a família como voluntária na distribuição de refeições para pessoas em situação de vulnerabilidade social. Luciana construiu uma carreira executiva de 25 anos com exposição internacional em gestão estratégica em empresas de grande porte. Está liderando o projeto SP+B como uma grande liderança no Ecossistema B.