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“Couro” de fibra de bananeira é desenvolvido na Índia

Além de menor impacto ambiental, produto gera renda para pequenos agricultores

couro bananeira
Material pode ser aplicado nas indústrias de moda, móveis, automotiva e embalagens. | Fotos: Divulgação

Reaproveitando resíduos da colheita de banana, a indiana Jinali Mody desenvolveu uma alternativa ao couro animal. É o Banofi, um “couro” ecológico feito com fibras de bananeira que pode ser aplicado nas indústrias de moda, móveis, automotiva e embalagens.

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Apesar de ser uma das frutas mais consumidas no Brasil, a maior produção de bananas concentra-se na Índia. O problema é que a cada safra 80% da bananeira acaba sendo desperdiçada – cerca de 120 milhões de toneladas. Foi dessa percepção sobre o seu próprio país e do interesse em clima e sustentabilidade que Jinali Mody, então estudante da Yale School of the Environment, nos EUA, encontrou nas fibras de bananeira uma forma de fazer a diferença.

Além do desperdício dos resíduos agrícolas, Jinali, em seus estudos, deparou-se com a insustentável fabricação de couro. Em Kanpur, na Índia, efluentes não tratados de curtumes (operações de processamento do couro cru) carregam metais pesados ​​como o cromo para o rio Ganges. A partir daí, chega à água potável, às plantações e ao solo, causando defeitos congênitos e doenças de pele. Todo esse esforço exige recursos: uma única bolsa de couro gasta 18 mil litros de água. Isso é suficiente para atender às necessidades diárias de mais de 5.600 pessoas. Da união dessas duas problemáticas nasceu a Atma Leather, uma empresa com sede em Calcutá que fabrica couro à base de plantas a partir de resíduos de colheitas e, portanto, livre de crueldade animal.

A ideia era tão boa que, em 2022, a indiana venceu o Prêmio de Empreendimento Sustentável da Startup Yale, recebendo então recursos financeiros que possibilitaram o projeto sair do papel e virar realidade.

Couro de bananeira

Levando em conta que as bananas não crescem duas vezes no mesmo caule, logo são descartados após cada colheita, o Banofi é composto por 50% de resíduos de caule de banana e 30% de aditivos naturais. Os 20% restantes são feitos principalmente de polímeros reciclados – o forro do couro é feito de plástico reciclado, por exemplo -, mas a Atma afirma que está trabalhando para reduzir sua dependência de polímeros.

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A mistura de componentes resulta em um material que, segundo a Atma Leather, tem a aparência, o toque e o cheiro do couro tradicional.

Vantagens

O couro Banofi tem um impacto ambiental significativamente menor em comparação ao couro animal e plástico, com 90% menos emissão de carbono e 90% menos água necessária no processo de fabricação. O processo da Atma também elimina águas residuais tóxicas – além, é claro, de salvar animais que, de outra forma, seriam abatidos para produzir couro.

couro ecológico bananeira
Com sede em Calcutá, a empresa Atma Leather está reaproveitando resíduos agrícolas. | Fotos: Divulgação

Há também o impacto socioeconômico, uma vez que os resíduos são obtidos exclusivamente de pequenos agricultores. Além de gerar renda às comunidades, a venda desestimula as práticas de queima de safras. “A remoção desses resíduos reduz o alagamento nos campos e a criação de mosquitos e escorpiões”, afirma a Atma Leather.

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Por enquanto, a empresa está aceitando apenas pedidos de pequena escala. Isso tanto garante o ciclo natural para obter a matéria-prima como também concede um período maior de testagem. Para saber mais sobre a companhia, acesse o site.

couro ecológico bananeira
O couro Banofi tem um impacto ambiental significativamente menor. | Fotos: Divulgação