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Museus em SP trazem programação especial no Abril Indígena

Confira uma rica programação gratuita de oficinas, cursos, feira de artesanato, apresentações culturais, palestras e rodas de conversa

museus povos indígenas
Ibã Huni Kuin | Bane Huni Kuin, Movimento dos artistas Huni Kuin (MAHKU), Sem título, 2017. | Foto: Eduardo Ortega

No mês em que se celebra o Dia dos Povos Indígenas, 19 de abril, uma série de iniciativas ganha visibilidade. Campanhas, protestos nas ruas e organizações socioambientais aproveitam o momento para denunciar as ameaças à sobrevivência dos povos originários e a saúde da floresta amazônica. É neste contexto que alguns museus em São Paulo trazem uma programação especial neste mês. Confira abaixo os destaques.

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Museu das Culturas Indígenas

museu indígena
Foto: Maurício Burim | Museu das Culturas Indígenas

Inaugurado em 2022, o Museu das Culturas Indígenas já traz em sua essência a rica cultura dos povos indígenas, mas ainda neste mês a programação é reforçada com uma série de atividades gratuitas. Com as participações de representantes indígenas no estado de São Paulo, as ações trazem temas como território, diversidade cultural e educação. Veja as próximas atividades.

Feira Indígena no MCI

Indígenas detentores de conhecimentos tradicionais sobre a fabricação de artefatos, e articulados pelo Conselho Indígena Aty Mirim/MCI, participam entre 19/04 e 23/04 da Exposição e Venda de Artes e Artesanatos dos Territórios Indígenas de São Paulo. Durante a exposição, aberta na área externa do MCI, o grupo também promove oficinas, rodas de conversas e palestras com os artistas e expositores. Entre os dias 20/04 e 23/04, as atividades serão comandadas por representantes de Terras Indígenas em São Paulo, Guarulhos, Ubatuba, Jaraguá, Itanhaém e Registro.

Rodas de conversa e cantos: território, resistências e união

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Em 19/04, das 10h30 às 12h, o MCI promove o evento Direitos Indígenas, Proteção Territorial e Meio Ambiente: Dilemas e Desafios para o Século XXI. Para abordar a luta pelo território e proteção do meio ambiente, o encontro terá a participação de integrantes do Conselho Indígena Aty Mirim, como o Cacique Márcio Boggarim, da Terra Indígena Tekoa Yvy Porã; Thiago Awá Mirim, da Terra Indígena Renascer, e Cristiano Kiririndju, presidente do Conselho Estadual dos Povos Indígenas na Secretaria de Justiça do Governo do Estado de São Paulo, da Terra Indígena Renascer.

Na mesma data, das 14h às 15h30, acontece a roda de conversa Povos Indígenas: Resistências e Diferenças. Conduzida por Aly Orellana, amazônida, descendente Guarani e doutor em educação pela PUC/SP, e Márcio Boggarim, integrante do Conselho Aty Mirim, os participantes debatem o racismo contra os povos indígenas, dentro e fora de seus territórios, e em especial nas instituições públicas e privadas. A atividade é uma parceria com a Coordenação de Povos Indígenas da Secretaria Municipal de Direitos Humanos e Cidadania de São Paulo.

O Coral Guarani Mbaraete, da Terra Indígena Jaraguá, em São Paulo, apresenta Cantos de União e Re-Existência. Com mediação de Jaxuka Quadros, integrante do Conselho Indígena Aty Mirim, a atividade acontece em 19/04, a partir das 15h30.

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Grafismos Indígenas: espiritualidade, memória e artes

Em 19/04, a partir das 16h, o MCI inaugura nova fachada externa do Museu, composta por pinturas e grafismos indígenas, na ocasião também será realizada uma cerimônia de rezo, com a condução de Xejary Catarina Nymbopy’ruá, Xeramoy Manoel Werá e integrantes do Conselho Indígena Aty Mirim.

museu das culturas indigenas

Os grafismos indígenas foram criados por Mimby Mirim dos Santos, Tupi-Guarani (T.I. Piaçaguera em Peruíbe/SP), Elizeu Caetano, Tupi-Guarani Ñhadeva (T.I. Araribá em Avaí/SP), Itauany Larissa Melo Marcolino, Kaingang (T.I. Vanuíre em Arco-Íris/SP), Susilene Elias Melo, Kaingang (T.I. Vanuíre em Arco Íris/SP), Awá Tupã Mirim, Tupi-Guarani (T.I. Renascer Ywyty Guaçu em Ubatuba/SP), Thÿnrà Terena, Terena (T.I. Araribá em Avaí/SP), Edenizete Ribeiro Alves, da Reserva Indígena Filhos desta Terra (Guarulhos/SP) e Rafael Kaje, Guarani M’bya (T.I. Jaraguá em São Paulo/SP).

Palestras, oficina e dança: territórios, transmissão de saberes, arte e educação

Em 20/04, às 10h, representantes do povo Pankararu comandam a palestra Entre Brejo dos Padres e Real Parque: Praiás, Caroás, Toantes e Dinâmicas Ritualísticas entre os territórios Pankararu. Ivone Pankararu, da Associação SOS Pankararu e integrante do Conselho Indígena Aty Mirim, e Adílson Pankararu, liderança espiritual do povo Pankararu no Real Parque em São Paulo, debatem sobre os territórios e resistências da etnia Pankararu.

Com a participação do artista Denilson Baniwa e o Cacique Awá Mbaraeté Dju (Ubiratã Gomes), professor e pesquisador, a atividade Arte indígena: olhar contemporâneo e ancestral promove o diálogo sobre a luta do território por meio da arte e da educação. A atividade em 20/04, às 18h, também apresenta os conceitos da instalação “Escola Panapaná” de Denilson Baniwa, em cartaz na Pinacoteca São Paulo. A instalação une a combinação de línguas e culturas indígenas com artes e música.

A transmissão de conhecimentos ancestrais e o diálogo entre gerações são apresentados na palestra Saberes-fazeres, diálogo intergeracional e transmissão de conhecimentos tradicionais: Tradição, Modernidade e Sustentabilidade. Em 21/04, às 10h, dona Irene Boggarim, integrante do Conselho Indígena Aty Mirim, apresenta como são conservados e transmitidos os saberes indígenas na Terra Indígena Jaraguá. Já em 22/04, às 10h, o MCI apresenta a palestra “O Protagonismo das Mulheres Indígenas na Luta por Direitos Humanos: Corpo, Saúde, Memória e Territórios”, com a Cacica Arapoty Maria, da Terra Indígena Jaraguá.

Na oficina de fabricação de pulseiras e miçangas, as indígenas Ivanildes Pereira da Silva e Ana Rosa Pereira da Silva, ambas do povo Guarani Mbya, da Aldeia Rio Bonito, comandam a atividade em 22/04, às 13h. Os participantes confeccionam braceletes e colares e podem levar os itens criados como recordação.

Cantos e danças, em especial a Dança do Xondaro, marcam a apresentação do Coral Guatapu, da Aldeia Nhanderu Pó, em Mongaguá, em 22/04, às 17h. A apresentação conta com a mediação de Luiz Karaí, integrante do Conselho Aty Mirim.

Roda de conversa e apresentação

A gestão compartilhada entre representantes indígenas e o estado é abordada na roda de conversa Conhecimentos Indígenas, Sistemas Tradicionais de Cura e Gestão Compartilhada com o Estado: trajetórias das políticas públicas de saúde e seu impacto nos territórios paulistas, com a participação de Luiz Karaí, da Aldeia Nhanderu Pó, em Mongaguá, e Guaraci Gomes, da Aldeia Bananal, em Peruíbe. A atividade acontece em 23/04, das 10h às 12h.

Já a apresentação do grupo Toré Filhos Desta Terra está marcada para acontecer no MCI em 23/04, às 17h, com mediação de Máximo Wassu, integrante do Conselho.

Elaboração de projetos culturais e curso de arbitragem

Em 27/04, às 18h, o MCI oferece uma formação para produtores culturais e comunidades indígenas para elaboração de projetos culturais e captação de recursos financeiros por meio dos editais PROAC, da Secretaria da Cultura e Economia Criativa do estado de São Paulo.

Após participação na palestra, produtores e comunidades poderão desenvolver projetos culturais com mentoria do museu a ser realizado em um fim de semana em maio.

Em parceria com a Secretaria de Esportes do Estado de São Paulo, o MCI realizará o primeiro curso de Arbitragem de futebol para pessoas indígenas nos dias 21, 22 e 23/04. A formação conta com apoio de material, conteúdo teórico e prático ministrado por instrutores do Quadro da Escola de Árbitros João Paulo Araújo. Os participantes receberão certificado e poderão atuar como árbitros em jogos de futebol.

Como visitar

Local: R. Dona Germaine Burchard, 451 – Água Branca, São Paulo/SP.

Entrada: participação gratuita nas atividades. O museu abre de terça a domingo, das 9h às 18h.

Masp indígena

Desde março, a mostra MAHKU: Mirações está ocupando o espaço expositivo no 2o subsolo do Masp. É a maior exposição do coletivo Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) com cerca de 120 pinturas, desenhos e esculturas – resultado de traduções de cantos, mitos e visões do grupo de etnia Huni Kuin, que vive no estado do Acre, na fronteira com o Peru.

museu masp
Acelino Tuin Huni Kuin, Movimento dos Artistas Huni Kuin Kapenawe pukenibu, 2022 | Acrílica sobre lona, 140 x 115cm | 
Comissionamento MASP | Foto: Daniel Cabrel

O diálogo entre diferentes culturas é um dos temas centrais de algumas das obras do coletivo, especialmente aquelas inspiradas no mito de kapewë pukeni, o jacaré-ponte, traduzido, por exemplo, na pintura Kopenawe pukenibu (2022), de Acelino Tuin Huni Kuin. O mito narra a história da passagem dos Huni Kuin pelos dois continentes, através do estreito de Behring, em busca de sementes, moradia, conhecimento e terra. Depois de muita caminhada, o grupo se depara com um jacaré que, em troca de alimento, oferece ajuda para que eles possam atravessar para o outro lado.

O animal, avesso ao canibalismo, pede que o povo não mate um jacaré pequeno e que não lhe dê um deles para comer. No entanto, quando a variedade de animais se torna escassa, os Huni Kuin caçam o jacaré menor, traindo a confiança do jacaré grande, que submerge. “Foi aí que se fundaram as línguas diferentes entre parentes do outro lado do mundo. O mundo sempre divisão. Quem atravessa o mundo é quem já conquistou os conhecimentos. Por isso que a música do jacaré cantamos em nossas reuniões, para abrir os caminhos”, explica o curador convidado Ibã Huni Kuin. Por essa razão, a figura do animal foi escolhida pelo coletivo para ilustrar o logotipo original do MAHKU.

Movimento dos Artistas Huni Kuin
Ibã Huni Kuin, Bane Huni Kuin, Rare Huni Kuin, Ayani Huni Kuin, Ibã Neto Sales Kanixawa, Movimento dos Artistas Huni Kuin (MAHKU) | Yube Inu Yube Shanu, 2020 | Acrílica sobre tela, 135 x 220 cm | Coleção MASP | Foto: Eduardo Ortega

MAHKU: Mirações integra a programação anual do MASP dedicada às Histórias indígenas. Este ano, a programação também inclui mostras de Carmézia Emiliano, Paul Gauguin, Sheroanawe Hakihiiwe, Melissa Cody, além do comodato MASP Landmann de cerâmicas e metais pré-colombianos e a grande coletiva Histórias indígenas. A exposição segue até dia 4 de junho de 2023.

Como visitar

Avenida Paulista, 1578 — Bela Vista, 01310-200, São Paulo, SP.

Telefone: (11) 3149-5959

Horários: terça grátis, das 10h às 20h (entrada até as 19h); quarta a domingo, das 10h às 18h (entrada até as 17h); fechado às segundas

Agendamento on-line obrigatório pelo link MASP Ingressos

Ingressos: R$ 60 (entrada); R$ 30 (meia-entrada)

Museu Índia Vanuíre

Em sua 51ª edição, o Museu Índia Vanuíre, em Tupã (SP) realiza a Semana dos Povos Indígenas. São diversas atrações que estão ocorrendo desde a última terça-feira (4) e que seguem até o dia 20, veja as próximas atividades.

Nesta terça-feira (11), Dirce Jorge, da etnia Kaingang, realizará um bate-papo sobre a relação dos povos indígenas com a terra, a natureza e o sagrado. No mesmo dia, em outra ação, os participantes terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre a culinária indígena brasileira, por meio de uma apresentação de técnicas e ingredientes usados em pratos típicos do povo Krenak, atividade feita pela indígena Fabiana Damaceno.

Museu Índia Vanuíre
Foto: Museu Índia Vanuíre | Divulgação

Na quarta-feira (12), Ricardo Pereira Castelão, da etnia Guarani Nhandewa, em uma roda de conversa, vai contar a história da resistência do povo Guarani Nhandewa no Oeste de São Paulo. Ele ainda fará uma demonstração de confecção e uso do arco e flecha, porunga e colar. Logo depois, Jhonatan Feliciano Marcolino recebe o público para um bate-papo sobre a importância da dança e do cântico da cultura Guarani Nhandewa.

E, na quinta-feira (13), os convidados indígenas serão da Aldeia Tereguá. Joel Henrique, da etnia Terena, vai falar sobre os ensinamentos tradicionais do seu povo. Elizeu Caetano, Guarani Nhandewa, trará reflexões sobre a história da resistência do seu povo no Oeste Paulista e as lutas para o fortalecimento da cultura.

Na sexta-feira (14), o encontro será com Rosenilda, da etnia Kaingang, que vai abordar as diferentes matérias-primas utilizadas pelos indígenas em seus artesanatos. Já Lidiane Damaceno, da etnia Krenak, realizará um bate-papo enriquecedor sobre a Decolonialidade Cultural, momento oportuno para criar um espaço de diálogo com objetivo de desconstruir ideias equivocadas em relação aos povos indígenas.

Na semana seguinte, terça-feira (18), os participantes terão a oportunidade de conhecer um pouco mais sobre o cotidiano de um indígena em uma aldeia. Willian, da etnia Krenak, compartilhará suas vivências dentro do território em que vive. Em seguida, Susilene, da etnia Kaingang, realizará roda de conversa sobre a importância da dança na cultura indígena.

Finalizando a programação, na quinta-feira (20), Analú e Admilson, ambos do povo Terena, promovem uma palestra sobre a pintura indígena, comentando sobre a simbologia por trás de algumas pinturas corporais e em quais momentos são utilizadas, como rituais, celebrações e danças.

Como visitar

O Museu Índia Vanuíre está localizado à rua Coroados, nº 521, em Tupã (SP), e está aberto à visitação presencial, de terça-feira a domingo, das 9h às 18h. Nas quintas-feiras, o horário é estendido até às 20h.