Calendário 2023 homenageia mulheres e línguas indígenas
Calendário com imagens de 12 lideranças femininas dos povos indígenas brasileiros pode ser baixado gratuitamente
Calendário com imagens de 12 lideranças femininas dos povos indígenas brasileiros pode ser baixado gratuitamente
O ano de 2023 começou com uma imagem emblemática para a luta dos povos indígenas. O presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva, tomou posse ao lado de uma das maiores lideranças indígenas do mundo, o cacique Raoni Metuktire, e de um grupo de pessoas que representam a diversidade e força do povo brasileiro.
Infelizmente, janeiro de 2023 também revelou para o Brasil e para o mundo a tragédia humanitária envolvendo os Yanomami. Está cada vez mais clara e evidente a necessidade de abraçar a luta dos povos indígenas do Brasil, pelas suas terras, pelos seus direitos e pela sua sobrevivência.
E, para marcar o início deste ano, um calendário vem justamente homenagear e reforçar a presença dos povos indígenas: lançado pela agência de jornalismo Amazônia Real, o Calendário 2023 faz uma justa e necessária homenagem às mulheres indígenas de diversas etnias brasileiras e à Década Internacional das Línguas Indígenas, que começou no ano passado e seguirá até 2032, como declarou a Unesco.
O objetivo é garantir a presença destas mulheres e dos povos indígenas no dia a dia de quem imprimir e usar o calendário para organizar sua rotina. Convidar as mulheres indígenas para compor com suas vestimentas, colares e cocares as ilustrações do calendário foi uma ideia da coordenadora do projeto, a jornalista Kátia Brasil. O trabalho contou com ilustrações de Pablito baseadas nas fotografias de Marizilda Cruppe e participação na pesquisa da jornalista Maria Fernanda Ribeiro.
“Quando observei mais detidamente o olhar de cada uma dessas mulheres e a força que elas trazem em sua própria imagem, decidi na hora: são elas as homenageadas. É incrível como elas valorizam suas culturas, modos de vida e como são bonitas e poderosas. Nós precisamos visibilizar essas pessoas para que seus povos sejam reconhecidos e respeitados no Brasil”, disse a jornalista.
O calendário pode ser baixado em dois formatos: em PDF para imprimir ou em JPG para postar nas redes sociais.
As 12 mulheres ilustradas no calendário – entre elas, Vanda Witoto e Sâmela Sateré Mawé (ambas do Amazonas); Alawero Mehinako (Mato Grosso); Wakrewá Krenak e sua bebê Yãnin (MG); Sonia Barbosa Guarani (São Paulo); e Alessandra Munduruku (Pará) – fazem parte da série especial da agência Amazônia Real “A Força Delas – Ancestralidade, Territórios e o Feminino”.
O especial foi produzido pela fotógrafa Marizilda Cruppe e pelas jornalistas Maria Fernanda Ribeiro e Jullie Pereira. Elas foram fotografadas durante a 2ª Marcha das Mulheres Indígenas, que aconteceu em Brasília de 7 a 11 de setembro de 2021 e reuniu 5 mil pessoas, de 172 povos de todos os Estados do Brasil.
As homenagens às mulheres retratadas no calendário fazem parte das atividades do 10º aniversário da agência Amazônia Real, que será comemorado no dia 20 de outubro.
Como afirma a antropóloga e linguista Ana Clara Bruno, do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), no Brasil, atualmente, são faladas entre 160 e 180 línguas indígenas de diversas famílias linguísticas, e em diferentes estágios e situações de vitalidade. “Não temos um retrato da situação sociolinguística das diversas etnias do nosso país”, diz ela.
“Mais do que uma comemoração [a década internacional da Unesco], é um alerta para visibilizar a diversidade linguística do mundo, mas também para que atentemos para a fragilidade destas línguas; aliás, das condições de vida e existência de seus falantes. Sobretudo num contexto onde seus territórios não são respeitados e estão ameaçados: a diversidade cultural e linguística não são respeitadas e os agentes sociais falantes destas línguas são estigmatizados”, alerta Ana Clara.
Com informações de Amazônia Real