Centro Comunitário no Iraque é erguido com sacos de terra

Mais de 3 milhões de iraquianos foram deslocados em todo o país desde o início de 2014 e muitos são refugiados em outros países, segundo a ACNUR – Agência da ONU para Refugiados. No norte do Iraque, os yazidis são um grupo curdo minoritário submetido ao genocídio do Estado Islâmico. Foi pensando nesta população, que já passa por tantas dificuldades, que foi criado o Centro Comunitário Habibi, projetado e construído de forma colaborativa aplicando técnicas de bioconstrução.

O superadobe é uma técnica construtiva que consiste em preencher sacos de polipropileno com terra argilosa, realizar a compressão (geralmente manual) e empilhá-los, formando estruturas que servirão de paredes para construção. Este foi o método escolhido para erguer um salão comunitário multifuncional, que funciona tanto para reuniões e atividades informais como também para encontros culturais e sociais.

Segundo o escritório Insitu-Project, o emprego da bioconstrução permitiu uma série de vantagens, como proporcionar um ambiente térmico mais agradável, uma vez que as temperaturas na região são bastante variáveis, chegando a nevar no inverno e atingir mais de 30 graus Celsius no verão.

Outro benefício foi o uso de materiais de origem local, sobretudo a terra, que reduziu os custos. A construção ainda é rápida, simples, eficiente e estruturalmente estável. A escolha também facilitou a capacitação dos habitantes locais neste tipo de técnica construtiva. Os moradores ainda coletaram e projetaram janelas reaproveitando garrafas que seriam descartadas.

Uso de contêiner

Com contêineres foram instalados serviços de saúde. Com uma passarela coberta para reduzir o superaquecimento e proporcionar sombra, a instalação garante atendimento infantil, atendimento odontológico, reabilitação cirúrgica, incluindo próteses e fisioterapia, aconselhamento sobre traumas, espaços de reunião para grupos de mulheres, educação e aprendizagem de idiomas.

Pátio e playground

Um pátio comum proporciona um espaço seguro para os moradores, especialmente crianças. No local, foi ainda inserido um playground para proporcionar aos pequenos o primeiro espaço para brincar no acampamento, além aumentar o sentimento de pertencimento. Afinal, agora todo o centro é o lar de mais de sete mil pessoas Yazidi, que não são considerados refugiados e sim “deslocados internos”, uma vez que estão dentro de seu próprio país e, portanto, permanecem legalmente sob proteção de seu próprio Estado – ainda que esse Estado seja a causa de sua fuga.

União de forças

O centro foi realizado como um projeto colaborativo de design e construção entre os designers principais, Insitu Project, ABCD Collaborative, Vide Terra e Catalytic Action. A iniciativa é da Fundação HIS e da Habibi International, duas ONGs especializadas em saúde, reabilitação e aconselhamento para comunidades deslocadas no Norte do Iraque.

Este é primeiro edifício não transitório no local e oferece novas perspectivas para fornecer instalações dignas para campos de deslocados internos e de refugiados que satisfaçam as suas necessidades e ofereçam espaços para as suas comunidades. Um protótipo de habitação superadobe foi construído com a participação da comunidade em outro campo para testar ainda mais esta possibilidade, e outro centro comunitário já está sendo considerado.