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consumo consciente
Foto: Diego Ferreira

Com o objetivo de endereçar reflexões sobre como a sociedade pode ser mais ativa na transformação dos padrões de consumo, a Mandalah, consultoria em inovação consciente, e a Stilingue, plataforma de inteligência artificial para monitoramento da internet, desenvolveram um estudo sobre o consumo consciente no Brasil, chamado de CC+. A pesquisa combinou insights de entrevistas realizadas com 10 especialistas sobre consumo, com dados quantitativos e qualitativos de um trabalho de social listening coletados ao longo de 2020, além de outros dados e pesquisas disponíveis no mercado.

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A pandemia da Covid-19 vem catalisando transformações nos hábitos e comportamentos humanos de uma maneira sem precedentes. Naturalmente, o consumo e a consciência atrelada a ele também sofreram – e continuam sofrendo – atualizações drásticas. A pandemia acelerou tendências que já se expressavam antes do isolamento social e das crises na saúde e na economia globais como o conceito de minimalismo, do faça você mesmo (DIY) e sustentabilidade, mas os comportamentos de mudança nos hábitos de consumo são duais e, muitas vezes, múltiplos. 

Ao mesmo tempo em que algumas pessoas estão mais criteriosas quanto à qualidade e quantidade do que consomem, outras estão consumindo mais, sobretudo pela facilidade e atratividade das compras online – e que, muitas vezes, compensam questões psicológicas advindas desse momento de crise. Fica perceptível um movimento de auto indulgência frequente. 

O estudo CC+ concluiu que o perfil do consumo consciente que é um movimento liderado por mulheres antes de homens, por pessoas antes de marcas e que as periferias se sobressaem quando o assunto é o senso de comunidade. Elas se mostram à frente, liderando ações de consumo consciente, mesmo que não utilizem este termo específico. Dentro deste mar de informações, o estudo elencou então 12 insights que traduzem o que direciona o comportamento do consumo brasileiro no momento. São eles: 

1. Existo, logo me adapto: Se antes existia uma crença de que havia apenas um jeito de consumir, trabalhar, se locomover, se relacionar e se entreter, todas essas verdades foram colocadas à prova durante a pandemia. E a meditação, por exemplo, foi o recurso mais procurado pelas pessoas. Em fevereiro de 2020, antes da pandemia, eram cerca de 26 mil menções ao ato de meditar nas redes sociais. Em março de 2020, este número registrou um aumento de 139%. 

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2. Retorno à natureza:  o modelo de trabalho remoto, home office, permitiu que mais pessoas se tornassem nômades digitais por um período. O turismo ecológico ganhou maior visibilidade desde então. 

Foto: iStock

3. Mais conforto e bem-estar dentro de casa: Com as pessoas passando mais tempo em casa, vemos uma ressignificação do morar. O home office e o homeschooling influenciam a melhoria dos espaços. Em julho de 2020, viu-se uma mistura de narrativas sobre autocuidado e bem-estar, distribuída entre aspectos físicos, mentais e do lar.

4. Colocando a mão na massa: A busca por reformas e redecorações, aliada ao interesse por fazer trabalhos manuais e aos estímulos de conteúdos digitais, fez crescer ainda mais o movimento Faça Você Mesmo (DIY, na sigla em inglês), parte da cultura maker. De fevereiro a julho de 2020, houve um aumento de 40% no volume de publicações Do It Yourself (DIY). Foram mais de 53 mil publicações durante a quarentena.

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Foto: Jagoda Kondratiuk / Unsplash

5. Senso de comunidade e pertencimento: Em tempos de crise, o sentimento de coletividade é potencializado. Foi o que aconteceu durante a pandemia, por conta da maior relação com vizinhos e com o próprio bairro, fazendo crescer o consumo de produtos locais e o comércio social. Mais de 739 mil menções sobre doações entre março e julho – um aumento de 139% quando comparado com o mesmo período no ano passado. 

6. Menos industrial, mais artesanal: As pessoas estão mais desconfiadas do que vem de grandes empresas e confiando mais em produtores locais, nos microempreendedores e micro influenciadores. As empresas terão de fazer um trabalho forte para reconquistar a confiança dos consumidores e tranquilizá-los em relação às suas condutas ambientais e sanitárias. E, neste momento, a maioria sente que aquilo que é feito em casa ou nos arredores é mais seguro. O termo “artesanal” hoje está mais relacionado à alimentação.  No Dia dos Namorados, por exemplo, foi registrado o maior pico de referências à tendência, impulsionado pelo movimento de #compredequemfaz #comprelocal.

7. Potencialização do minimalismo: Os excessos da vida moderna têm deixado as pessoas sobrecarregadas e exaustas. Muitas delas têm reavaliado o que é essencial e tomado consciência de que muitos bens materiais são automáticos em nossa rotina. Essas pessoas buscam mais qualidade que quantidade, e dão maior importância a coisas simples, como passear, ver o pôr do sol e ter contato com pessoas. Foram levantadas mais de 26 mil publicações sobre estilo de vida minimalista e essencialista, entre março e julho de 2020. 

Foto: iStock

8. Necessidade de cozinhar em casa: Com o confinamento, cozinhar virou um hábito rotineiro na vida de grande parte das pessoas, sobretudo comida feita desde o princípio, com ingredientes naturais. Apesar dos gastos com delivery terem crescido mais de 94% (Fonte: Mobills) durante a pandemia em 2020, as restrições econômicas, a preocupação com a saúde e com o impacto ambiental das embalagens têm feito a revolução da cozinha ser um movimento em alta.

Mais de 1,1 milhão de publicações sobre receitas nas redes sociais durante a quarentena e as principais narrativas relacionadas à prática refletem sobre a vida atarefada e crise econômica do momento: preguiça para cozinhar – 7,4%; lavar louça posteriormente – 3,1%; dinheiro economizado – 0,9%. Já o pãozinho permanece trend, com aumento de 223% do termo fermentação natural, quando comparado com o período entre março e julho de 2019.

9. O boom das vendas online: Marcas que não trabalhavam com vendas online investiram no modelo de e-commerce e, muitas delas, chegaram a abrir mão da operação física, passando a focar somente no novo formato. De fevereiro a julho de 2020, viu-se um aumento de 128% nas menções a “ter feito alguma compra online”.

10. Desejos e auto indulgência: Para compensar os desequilíbrios na saúde mental, como consequência das privações da pandemia, há um movimento que vai na contramão do consumo consciente: o aumento do consumo, principalmente online. A associação do termo “vinho” a “delivery” foi 9x maior em 2020 do que no ano anterior, quando comparado o período entre março e julho.

11. Busca por saúde e bem-estar: Atividades que melhoram a saúde e o bem-estar dos brasileiros estão em alta. A busca pelo autocuidado diário está evidente, seja porque as pessoas estão tendo mais tempo em casa, seja porque sentiram os benefícios das diversas práticas de cuidados pessoais. Foram captadas mais de 307 mil publicações sobre meditação no mesmo período. Em fevereiro, antes da pandemia, eram cerca de 26 mil menções ao ato de meditar nas redes sociais. Em março, este número registrou um aumento de 139%.

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Ilustração: Verônica Nunes

12. Maior preocupação com a sustentabilidade: Mais do que isso, preocupação com a regeneração. A pandemia, como fenômeno relacionado aos desequilíbrios da sociedade globalizada contemporânea, fez crescer as preocupações com o futuro do planeta. Houve um crescimento linear de menções ao termo “sustentabilidade” ao longo do período da quarentena. Referências ao “coletor menstrual”, apresentaram uma aumento de 53% quando comparado com o mesmo período (março a julho) de 2019, ano em que o discurso aparece mais conscientizador e explicativo sobre os benefícios. Já em 2020, o produto aparece relacionado à expressão “quero comprar” em (2,7%) das publicações.

Confira o estudo completo aqui