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Doenças respiratórias e cardiovasculares aumentam no frio

Em Hospital de SP, doenças respiratórias subiram 200%; saiba quais os cuidados necessários para a prevenção

doenças frio
Foto: Giulia Bertelli | Unsplash

No Hospital do Servidor Público do Estado, em São Paulo, os casos de sinusite aumentaram 274% no último trimestre comparado aos três primeiros meses de janeiro, fevereiro e março de 2023. Bronquites cresceram 220%; pneumonias, 214%. Outras doenças respiratórias, como asma e infecções agudas das vias respiratórias tiveram salto acima de 150%, fora quadros de gripes por influenza, 110%, e resfriado comum, que aumentou 238% no período.

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O aumento das doenças respiratórias é provocado pelo clima frio e seco nesta época do ano, o que exige maior preocupação, principalmente com crianças e idosos.

“É muito comum o aumento de casos de gripes e resfriados, sinusites, crises de asma e rinite por causa do ar seco e frio”, destaca a médica pneumologista, alergista e imunologista Larissa Cau Carlet.

gripe perguntas e respostas
Foto: Towfiqu Barbhuiya | Unsplash

A especialista recomenda, principalmente, que antes de viajar seja atualizada a vacinação. “É uma forma de reforçar a prevenção de doenças e ainda manter em dia o calendário obrigatório”.

Cuidado nas férias

O alerta para os cuidados preventivos durante as férias é redobrar a atenção para ações que podem evitar o surgimento de doenças como alergias, intoxicação alimentar, problemas na pele e trombose ou tromboembolismo pulmonar, estes dois últimos associados a viagens.

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Se for enfrentar longas horas de estrada ou no transporte aéreo é necessário cuidar da circulação. Permanecer muito tempo sentado pode acentuar o risco de trombose e tromboembolismo pulmonar. Entre as orientações de prevenção estão, por exemplo, o uso de meias elásticas e medicamentos anticoagulantes.

Hidratação é fundamental

O tempo frio também agride a pele, que fica mais ressecada e com tendência a coceiras. Ingerir pouca água pode provocar o surgimento de infecções urinárias. A hidratação é essencial para evitar o agravamento dos efeitos das baixas temperaturas, destaca a especialista.

Para quem vai viajar, na mala de viagem não podem faltar os analgésicos, medicamentos para alergia e aqueles de uso contínuo, para diabetes, cardiopatias, hipertensão, ou os receitados para doenças crônicas respiratórias. Devem ser levados em quantidade suficiente para evitar interrupção no tratamento ou para conter uma eventual crise.

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“Nem sempre é possível comprar esses medicamentos durante as viagens. Também não se pode esquecer dos repelentes, protetor solar e dos colírios e lubrificantes para evitar as irritações oculares”, reforça a médica.

Frio e AVC

A exposição do corpo a determinadas temperaturas influencia diretamente no aumento dos casos de internações por doenças cardiovasculares, de acordo com o cardiologista e diretor médico assistencial do São Cristóvão Saúde, Fernando Barreto. “No inverno, segundo a American Heart Association (AHA), há um crescimento de até 25% destas patologias, entre elas insuficiência cardíaca, infarto agudo do miocárdio e certos tipos de arritmia”, explica.

O sistema vascular é uma rede complexa de vasos sanguíneos que transporta o sangue pelo corpo, tanto humano quanto de outros animais vertebrados. Desse modo, exerce um papel vital no fornecimento de oxigênio, nutrientes e outros compostos essenciais às células, além de remover resíduos metabólicos e dióxido de carbono.

Para compensar a perda de calor, há um mecanismo na natureza chamado de homeostase, que é a manutenção do equilíbrio interno. “Dentre estes mecanismos, há uma constrição dos vasos do corpo (vasoconstrição), o que faz com que nosso sangue encontre maior resistência para circular, aumentando a pressão arterial e a possibilidade (em pessoas com doenças cardíacas prévias conhecidas ou não) de eventos cardiovasculares, dos mais leves aos mais graves, como angina, infarto, arritmia, AVC (Acidente Vascular Cerebral) ou morte súbita”, complementa Barreto.

poluição ar OMS
Foto: Alexander Popov | Unsplash

No inverno, ocorre uma diminuição no índice de chuvas e há aumento da poluição do ar, com acúmulo de monóxido de carbono, dióxido de nitrogênio e dióxido de enxofre, o que sobrecarrega os pulmões e diminui a oxigenação do sangue. “Por consequência, o coração fica sobrecarregado a suprir esta deficiência, podendo levar ao risco cardíaco”, explica o cardiologista.

“Um levantamento realizado pelo Hospital Albert Einstein mostrou que, entre os meses de junho e agosto, as internações hospitalares na cidade de São Paulo por insuficiência cardíaca e infarto chegam a ser 30% maiores do que no verão”, salienta Barreto.

Aliás, estudos realizados em diferentes países mostram que, nesta estação do ano, o número de infartos cresce em média 30% e os de AVC 20%. O médico cardiologista Gustavo Laufer, do Hospital Pasteur, no Rio de Janeiro, ressalta que o aumento do sedentarismo é um fator de risco.

exercicios físicos no inverno
Foto: Ev | Unsplash

“A partir de setembro ou outubro, muitos entram em dietas e voltam a praticar atividades físicas pensando no verão. E abandonam esses hábitos quando o calor se vai. É muito importante manter uma rotina de exercícios físicos, apesar do frio, e uma alimentação adequada para reduzir os riscos”, afirma.

Covid e coração

Há ainda uma relação temerosa entre Covid-19 e problemas cardíacos. “A aterosclerose é um misto de doença inflamatória e acúmulo de lipídios, que causam o excesso de placas de gordura nos vasos sanguíneos e podem resultar em problemas graves, como infartos, derrames e até a morte. As doenças inflamatórias são o pontapé inicial do processo de aterosclerose”, alerta Laufer.

Segundo o médico, quem se contamina com a Covid-19 precisa ter atenção especial. “A Covid-19 traz uma tempestade inflamatória para o organismo. Então, pessoas que já têm alguma placa de gordura acumulada, caso sejam contaminadas pelo coronavírus, correm risco muito maior de essa placa se romper e, com isso, sofrer um infarto, um derrame ou uma trombose arterial, principalmente na fase de convalescência, de seis a oito semanas após a recuperação da covid”.

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Foto: CDC | Unsplash

O cardiologista também destaca a importância de estar com a vacinação em dia. “E não só contra o coronavírus. A vacina de gripe também protege o coração, especialmente para quem já teve um infarto. Essas pessoas precisam se precaver de doenças respiratórias, pois o risco de complicações delas é muito maior”, explica Gustavo Laufer.

Para minimizar os riscos de eventos cardiovasculares, Barreto recomenda aquecer o corpo, seja com alimentos e bebidas quentes, como também pelo uso de roupas adequadas, de modo a diminuir a vasoconstrição e aumento da pressão arterial.

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Foto: Pixabay

Segundo o médico especialista, indivíduos com hábitos saudáveis, como os que controlam o peso por meio de dietas, praticam exercícios indicados para idade e condição física, não fumam e não bebem, possuem menor chance de manifestar doenças cardiovasculares, tanto no inverno como no verão.

Pessoas com histórico de doenças e/ou eventos cardiovasculares devem fazer exames preventivos periódicos, adotar práticas saudáveis e fazer uso da medicação indicada de forma regular.