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Calor: qual a temperatura suportável para os humanos?

Um professor no Reino Unido quer descobrir quão quente é “muito quente” para os seres humanos

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Foto: iStock

Há um limite de calor para o corpo humano? Um novo estudo indica que existe uma “temperatura crítica superior” para os seres humanos e provavelmente enquadra-se entre 40°C e 50°C.

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As evidências ainda não são conclusivas, mas o professor Lewis Halsey e sua equipe da Universidade de Roehampton, no Reino Unido, mediram a taxa metabólica de repouso – uma medida de quanta energia o corpo humano consome para continuar funcionando – em temperaturas variando de uma sala normal a 50°C e umidade de 25% e 50%. Uma das conclusões é que a taxa pode ser maior quando as pessoas são expostas a condições quentes e úmidas.

Compreender as temperaturas a que as taxas metabólicas humanas começam a subir, e como isso varia entre as pessoas, pode ter implicações nas condições de trabalho, no esporte, na medicina e nas viagens internacionais. “Esta pesquisa fornece conhecimento fundamental sobre como reagimos a ambientes abaixo do ideal e como o ‘ótimo’ difere entre pessoas com características diferentes”, afirma Lewis Halsey.

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Uma forte onda de calor no Rio de Janeiro em 2019 e morador se refresca na Avenida Presidente Vargas. | Foto: Fernando Frazão | Agência Brasil

De acordo com o cientista, a função cardíaca também é afetada pelas altas temperaturas e seus efeitos variam entre pessoas com características diferentes, como idade, aptidão física e gênero. Usando um ecocardiógrafo, a equipe de pesquisa identificou que, em média, as mulheres experimentam um maior aumento na frequência cardíaca quando expostas a altas temperaturas.

“Estamos constantemente construindo uma imagem sobre como o corpo responde ao estresse térmico, quão adaptável ele pode ser, os limites dessas adaptações e – o que é crucial – quão variadas são as respostas entre os indivíduos. Num mundo em aquecimento, este conhecimento torna-se cada vez mais valioso”, finaliza o pesquisador.

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Calor extremo e mortes

Na última sexta-feira (17), a jovem Ana Clara Benevides Machado, de apenas 23 anos, morreu após passar mal no show da cantora Taylor Swift. Sob uma onda de calor, o evento foi realizado dentro do estádio Nilton Santos, o Engenhão, no Rio de Janeiro, que, na ocasião, chegou a uma temperatura máxima de 39,1°C e, com um público de 60 mil pessoas, uma sensação térmica que estima-se próxima dos 60°C.

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Foto: Tânia Rêgo | Agência Brasil

Um laudo publicado três dias após o óbito aponta pequenas hemorragias no pulmão de Ana Clara, mas a causa da morte ainda está sob investigação da Polícia Civil do Rio de Janeiro. Calor, insolação e desidratação são alguns dos fatores que podem ter levado ao desfecho trágico.

A empresa organizadora Tickets For Fun foi criticada por impedir a entrada de garrafas de água e a instalação de tapumes que impediam a circulação de ar, sobretudo pelas altas temperaturas durante o evento.

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Apesar de menos comum entre os jovens, as mortes relacionadas ao calor já são uma realidade. Cerca de 70 mil pessoas podem ter morrido em toda a Europa em 2022 devido ao calor extremo, segundo levantamento do Instituto de Saúde Global de Barcelona. Já o relatório Lancet Countdown sobre saúde e mudanças climáticas, publicado na revista científica The Lancet, estima que, em pessoas com mais de 65 anos, as mortes aumentaram 85% no período de 2013 a 2022 em comparação com o de 1991 a 2000. O mesmo documento projeta que as mortes anuais relacionadas ao calor podem aumentar em 370% até meados do século.