Projeto inclui mais proteínas vegetais em merendas escolares

Quase 35 mil estudantes de instituições públicas de Sobral, município localizado no interior do Ceará, serão beneficiados por uma iniciativa em prol de uma alimentação mais saudável e sustentável. O foco é substituir 20% de ingredientes de origem animal, em cerca de 2,4 milhões de refeições ao ano, por proteínas vegetais nas escolas.

O projeto é fruto de uma parceria entre a Prefeitura de Sobral com o programa Alimentação Consciente Brasil (ACB), operada pela organização Mercy For Animals, e com a organização Humane Society International (HSI).

Ao reduzir a produção de refeições com carne serão incluídas mais verduras, legumes, grãos e frutas. Para isso, as equipes que trabalham na cozinha estão recebendo capacitação em culinária vegetal, além de trabalhar princípios de educação nutricional e ambiental com estas e também com as equipes pedagógicas.

Palestras sobre nutrição e treinamentos culinários com receitas à base de vegetais nos dias 23 a 26 de agosto marcaram o início da implantação do acordo de cooperação.

O baixo consumo de frutas, grãos, hortaliças e legumes junto à elevada ingestão de alimentos de origem animal aumentam o risco de problemas de saúde pública, como obesidade, diabetes e câncer. Em paralelo, este desbalanceamento está diretamente ligado a problemas ambientais graves.

Alimentação mais sustentável

A questão ambiental é presente na campanha, uma vez que não faltam estudos apontando a relação entre agropecuária e impactos ambientais, como o desmatamento, uso excessivo da água e a redução da biodiversidade.

“Acreditamos que as políticas alimentares impulsionam o desenvolvimento sustentável, podem contribuir para a regeneração do planeta e também para a saúde das pessoas no presente, além das futuras gerações”, comenta Alice Martins, Gerente Sênior de Políticas Alimentares do ACB.

No Brasil, cerca de 70% dos cereais são usados para alimentar animais para consumo, uma estatística preocupante quando muitas pessoas no mundo enfrentam fome e insegurança alimentar. Em paralelo, justamente o sistema alimentar tem o maior potencial, via mudanças nos hábitos de consumo, para ações que irão reduzir as emissões de gases do efeito estufa.

“Programas como este têm sido implementados por diversos municípios em nível global por promoverem sistemas alimentares mais resilientes e estarem alinhados a compromissos mundiais que relacionam as alterações climáticas à necessidade de adoção de políticas de alimentação sustentável”, ressaltou Thayana Oliveira, Gerente de Políticas Alimentares da HSI.

Além de todos esses pontos, refeições vegetarianas ainda costumam ser mais baratas.

Impacto dos vegetais nas escolas

A metodologia científica utilizada no projeto estima que a substituição da proteína animal por proteínas vegetais em escolas resulta em aproximadamente:

• 4,2 mil toneladas de soja deixam de ser destinadas para a pecuária, o suficiente para alimentar mais de 50 mil adultos durante 1 ano;
• 1,400 hectares de terra passam a ser preservados, o equivalente a cerca de 1,400 campos de futebol;
• 22 milhões de litros de água são poupados, o equivalente a mais de 160 mil banhos de 15 minutos;
• 5 mil toneladas de CO2eq não são emitidas, o equivalente a cerca de 40 milhões de km não rodados de carro.

“A cidade de Sobral (CE), reconhecida como a capital da educação do Brasil, com o melhor Índice de Desenvolvimento para a Educação Básica (Ideb), avança, com o acordo de cooperação, na promoção de saúde pública e liderança climática e ambiental através da alimentação escolar”, destaca Francisco Herbert Lima Vasconcelos, Secretário de Educação da Prefeitura de Sobral.

Firmada no primeiro semestre, a parceria foi resultado da participação da cidade na primeira edição do LUPPA (Laboratório Urbano de Políticas Públicas Alimentares), idealizado pelo Instituto Comida do Amanhã, com correalização do ICLEI América do Sul (Governos Locais pela Sustentabilidade), apoio do Instituto Ibirapitanga e Instituto Clima e Sociedade e apoio institucional do ACB e da HSI.

Para saber mais sobre o ACB e a HSI e conhecer os recursos oferecidos gratuitamente para as instituições públicas, acesse alimentacaoconsciente.org e carnesdaterra.org.