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Projeto ‘Brasil Sem Veneno’ vai mapear uso de agrotóxicos no país

Uma série de reportagens vai mostrar o impacto dos agrotóxicos à saúde, histórias de pesquisadores e alternativas ao uso de pesticidas

agrotóxicos
Foto: pxhere

Em 2018, após denunciar assédio moral, censura e perseguição à sua produção científica, o engenheiro agrônomo Vicente Almeida foi demitido por justa causa da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa). Em 2019, a pesquisadora do Instituto Butantan Mônica Lopes Ferreira foi perseguida após realizar um experimento que contestou o conceito de “dose segura” de agrotóxicos aplicado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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Em resposta, ela organizou um levantamento que reúne 51 estudos brasileiros dos últimos seis anos que trazem evidências sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde humana. O trabalho, intitulado “Os impactos dos agrotóxicos na saúde humana nos últimos seis anos no Brasil”, foi publicado em março deste ano em uma revista científica internacional de pesquisa ambiental e saúde pública.

São estudos realizados por cientistas em 27 instituições de ensino e pesquisa brasileiros. Eles foram revisados por pares e também publicados em revistas científicas.

Brasil sem veneno agrotóxicos
Imagem: Divulgação

As histórias desses e de outros pesquisadores ameaçados após revelarem os impactos ambientais, sociais e de saúde provocados pelos agrotóxicos serão contadas em reportagens do especial Brasil sem Veneno, uma parceria de O Joio e O Trigo com o observatório De Olho nos Ruralistas.

Ao longo das próximas semanas, será publicada uma série de investigações sobre agrotóxicos: um mapa do corpo humano com os impactos à saúde causados pelos pesticidas, histórias de perseguições a pesquisadores e um mapeamento inédito dos movimentos de resistência e iniciativas legislativas contra os venenos em todo o país.

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O projeto será lançado com a realização de debates em três estados. O primeiro, em São Paulo (SP), será no próximo sábado, dia 23/7, no Armazém do Campo, mercearia que comercializa produtos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST). Na sequência, o conteúdo será apresentado durante o X Fórum Social Pan-Amazônico (FOSPA), no painel “Brasil envenenado – agrotóxicos e seus impactos socioambientais”, organizado pela Fundação Heinrich Böll no dia 29/7, às 16h, em Belém (PA). Por último, no dia 30/7, estaremos no Rio de Janeiro (RJ), para um debate no Raízes do Brasil, às 14h30.

As reportagens do projeto Brasil sem veneno serão publicadas AQUI.

Brasil sem Veneno agrotóxicos
Image: Divulgação

“Brasil Sem Veneno” foi idealizado em 2019

O projeto Brasil Sem Veneno é fruto da parceria entre dois dos principais veículos da imprensa independente na atualidade. Em setembro de 2021, as equipes editoriais de O Joio e o Trigo e do observatório De Olho nos Ruralistas iniciaram um amplo levantamento sobre as múltiplas formas de resistências aos agrotóxicos no Brasil, que abrangem desde a pesquisa acadêmica e a denúncia de pesquisadores alvos de perseguição até a articulação de movimentos sociais e políticos que tentam conter o uso indiscriminado de venenos no campo.

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A ideia de um mapeamento extensivo dos impactos da utilização em massa de agrotóxicos pelo agronegócio e das resistências a este modelo destrutivo surgiu em 2019, a partir da articulação entre O Joio e o Trigo e De Olho nos Ruralistas com atores da sociedade civil, como a Campanha Permanente Contra os Agrotóxicos e pela Vida e o Slow Food Brasil.

O projeto foi um dos vencedores do edital “Chamada para apresentação de propostas para construção de estratégias de incidência sobre agrotóxicos no Brasil”, coordenado pela Fundação Heinrich Böll e que premiou outros dez projetos sobre o tema.

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Aprovação de agrotóxicos em 2020 foi recorde. Foto: Pixabay