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Estudo detecta agrotóxicos em alimentos ultraprocessados

Pesquisa do Idec avaliou 27 produtos populares no dia a dia dos brasileiros, como bisnaguinha e bolacha, com forte apelo infantil.

agrotóxicos em alimentos
Pesquisa do Idec já havia identificado agrotóxicos em alimentos ultraprocessados e com forte apelo infantil, como cereais. | Foto: Amanda Belec | Unsplash

Um estudo inédito no país sobre a presença de resíduos de dezenas de agrotóxicos em alimentos comuns na mesa do brasileiro foi realizado pelo Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumido). A análise foi feita em produtos ultraprocessados (com alto teor de açúcar, sal e gordura), a maioria de forte apelo ao público infantil, e encontrou traços de substâncias controversas. Caso do glifosato, que é usado nas lavouras de soja, trigo, milho e cana de açúcar.

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Foram 27 produtos analisados, divididos em oito categorias. Dessas, seis apresentaram resíduos de agrotóxicos. Os produtos onde foram identificados agrotóxicos são: a bebida de soja Naturis (Batavo); o cereal matinal Nesfit (Nestlé); os salgadinhos Baconzitos e Torcida (ambos da Pepsico); os pães bisnaguinha Pullman (Bimbo), Wickbold, Panco e Seven Boys (da Wickbold); os biscoitos de água e sal Marilan, Triunfo (Arcor), Vitarela e Zabet (ambos da M Dias Branco); as bolachas recheadas Bono e Negresco (Nestlé), Oreo e Trakinas (Mondeléz).

Os fabricantes dos produtos citados já foram notificados em relação às substâncias detectadas em seus produtos. Os que responderam ao Idec alegam que a quantidade de agrotóxico está dentro dos limites permitidos ou que seguem boas práticas dos fornecedores de matéria-prima. De fato, não há regulação sobre o limite máximo desses resíduos em ultraprocessados, pois a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) apenas monitora essas substâncias nos alimentos in natura. “É urgente que os órgãos fiscalizadores se debrucem sobre isso, e que a população seja informada a respeito da contaminação do que está comendo, bem como sobre os riscos desses produtos para a saúde”, afirma Teresa Liporace, diretora executiva do Idec.

Foto: Denise Johnson | Unsplash

O Idec encomendou a análise a um laboratório que é referência nacional, acreditado pelo Inmetro, credenciado no MAPA (Ministério da Agropecuária e Abastecimento) e utilizado pela Anvisa. O resultado foi organizado pela equipe multiprofissional do Idec e transformado numa cartilha detalhada. Para Rafael Arantes, nutricionista do Idec, o que mais chamou a atenção foram especialmente os ultraprocessados à base de trigo. “Encontramos resíduos de agrotóxicos em todos os que foram testados, com destaque para a presença de glifosato na maior parte dos produtos. É bem preocupante”.

Faz realmente mal à saúde?

Todos os agrotóxicos encontrados nos alimentos analisados estão presentes nas lavouras brasileiras, como o glifosato, herbicida mais usado no mundo. Em 2015, a Iarc (Agência Internacional para Pesquisa sobre Câncer), da OMS (Organização Mundial da Saúde), concluiu com base em centenas de pesquisas que o glifosato era “provavelmente carcinogênico” para humanos. No Brasil, a Anvisa decidiu no ano passado manter a liberação do glifosato, mas com restrições.

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“Jogamos luz em um problema que ainda precisa ser amplamente monitorado e melhor compreendido, mas podemos afirmar que os ultraprocessados representam um perigo duplo para a população. Além dos malefícios já conhecidos para a saúde, encontrar agrotóxicos nesses produtos acende mais um alerta, indicando uma conexão com a forma insustentável de produção de commodities que são alguns dos principais ingredientes para esses produtos”, afirma Arantes.

Acesse a cartilha com o estudo completo.

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