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Em laboratório, pitaia ajuda a controlar glicemia, colesterol e ansiedade

Os estudos ainda precisam ser feitos em humanos, mas o potencial é promissor.

pitaya
Foto: Juemi | Pixabay

Por Verônica Freire | Agêncai Embrapa

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As qualidades da pitaia vão além do sabor suave, doce e refrescante. Estudos laboratoriais realizados com animais mostraram que a fruta apresenta um grande potencial para auxiliar no controle do colesterol, da glicemia e da ansiedade. 

A pitaia foi eficaz na redução do colesterol total, do LDL e dos triacilgliceróis e na elevação do HDL (conhecido como “colesterol bom”). Em animais diabéticos, as doses de 200 mg/kg e 400 mg/Kg apresentaram atividades farmacológicas promissoras, reduzindo significativamente a glicemia no grupo tratado. Os testes demonstraram efeito ansiolítico e ausência de toxicidade nas concentrações avaliadas.

Os resultados são promissores para tratá-la como um alimento funcional. Ou seja, que contribui para a manutenção da saúde. Essa característica é especialmente importante porque a fruta atua contra problemas que atingem a saúde pública.

 Foto: DEZALB | Pixabay 

No entanto, a pesquisadora Ana Paula Dionísio, do Laboratório de Processos Agroindustriais da Embrapa Agroindústria Tropical (CE), ressalta que há um longo caminho entre os estudos realizados e os testes clínicos com humanos, efetuados por instituições de saúde. Embora favoráveis, os resultados “não significam que as pessoas devam substituir seus remédios pela fruta”, alerta a pesquisadora

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Os estudos com a pitaia foram liderados por um grupo de cientistas da Embrapa especializados em alimentos funcionais, com a participação da Universidade Estadual do Ceará (Uece), Universidade Federal do Ceará (UFC) e Universidade de Fortaleza (Unifor). Além dos testes para determinação de atividades funcionais da fruta, os pesquisadores observaram os efeitos do processamento na composição metabólica, química, físico-química, enzimática e volátil da polpa.

Ensaio sobre o colesterol 

A administração diária de pitaia vermelha em ratos com dislipidemia (distúrbio do metabolismo lipídico), por 60 dias, elevou o HDL (colesterol de alta densidade, popularmente conhecido como o “colesterol bom”) e reduziu o colesterol total, o LDL (colesterol de baixa densidade, conhecido como “colesterol ruim”), triacilgliceróis e as enzimas indicadoras de lesão no fígado alanina aminotransferase e aspartato aminotransferase.

Foto: skeeze | Pixabay

Para chegar a esses resultados, os cientistas do Laboratório de Biotecnologia e Biologia Molecular da Universidade Estadual do Ceará (LBBM-UECE) dividiram os animais em seis grupos: três receberam doses diferentes de pitaia vermelha, um grupo recebeu uma dieta rica em colesterol, outro recebeu uma dieta padrão e o último grupo usou uma droga amplamente utilizada para controle do colesterol alto, a Sinvastatina. Os animais que foram alimentados com a pitaia nas doses de 100, 200 e 400mg/Kg apresentaram redução significativa no nível de colesterol total, quando comparados ao grupo não tratado, ao fim do teste.

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“Esse resultado é relevante, pois mostra a pitaia como um alimento com grande potencial no auxílio ao controle do colesterol”, comenta Ana Paula Dionísio. Conforme a pesquisadora, o resultado pode ter relação com a presença de betalaínas, flavonoides e oligossacarídeos, compostos bioativos presentes na fruta. 

Bom para controle da diabetes

Para testar o efeito na diabetes, os animais foram separados em grupos. Um foi submetido a tratamentos com polpa com semente liofilizada da pitaia nas doses de 200 e 400 mg/Kg de peso do animal. Outro recebeu Metformina na dose de 200mg/kg de peso do animal. Outro grupo não foi tratado e um terceiro grupo era formado por animais saudáveis. O teste observou glicemia, colesterol, HDL, triglicérides, ureia, creatinina, aspartato amino transferase (AST) e alanina (ALT).

“A pitaia vermelha pode ser uma alternativa alimentar promissora não só para o auxílio no tratamento da dislipidemia, mas também para hiperglicemia. Estudos pré-clínicos e clínicos são necessários para verificar tais resultados em humanos”, diz a professora Maria Izabel Florindo Guedes, que coordenou os ensaios com animais no LBBM da UECE. 

Estudando a ansiedade

A avaliação do efeito da fruta no controle da ansiedade utilizou um modelo com um pequeno peixe, com cerca de três centímetros de tamanho, o zebrafish (Danio rerio) ou peixe-zebra. Os cientistas avaliaram se houve alteração na coordenação motora, seja por sedação ou relaxamento muscular. O teste, baseado na aversão desse tipo de peixe a áreas bem iluminadas, foi realizado em um aquário com zonas clara e escura. 

Os animais foram divididos em três grupos, um recebeu pitaia, o outro água destilada e o outro Diazepam. Após uma hora de tratamento, foram adicionados individualmente na zona clara do aquário e o efeito ansiolítico foi quantificado como porcentagem de permanência nessa zona.

Os resultados sugerem que a pitaia tem efeito positivo no controle da ansiedade, envolvendo a via GABAérgica, pois os animais diminuem a sua atividade locomotora e a sua aversão ao ambiente claro. A via GABAérgica refere-se à atuação do principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso central.

Leia o texto completo no site da Embrapa