Queimadas na Amazônia caem quase pela metade
Número de focos de calor no bioma é o menor desde 2018
Número de focos de calor no bioma é o menor desde 2018
Após a queda significativa do desmatamento na Amazônia neste ano, a floresta ainda queima, mas em menor intensidade do que foi visto nos últimos anos. Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Amazônia registrou 17.373 focos de calor em agosto de 2023, número 47,5% menor em comparação ao ano anterior, quando foram registrados 33.116 focos.
O número também é o menor para o mês de agosto desde 2018, sendo ainda o terceiro menor número dos últimos dez anos.
Os estados que mais queimaram em agosto foram o Pará, seguido de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia e Acre.
Para Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, a queda do desmatamento na Amazônia reflete na redução dos focos de calor no bioma, uma vez que as queimadas muitas vezes são usadas após o desmatamento para “limpar” a área para novas pastagens e plantações.
“Isso, atrelado a postura do atual governo, que é bastante diferente da adotada no governo Bolsonaro com sua agenda antiambiental, ampliou as ações de comando e controle com aumento de multas e embargos para os desmatadores, seja na floresta ou de forma remota, além da mudança de discurso na área ambiental”, afirma.
Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam, também ressalta a relação entre queimadas e desmatamento. “Reduzir o desmatamento é reduzir o fogo. Então, mesmo com um ambiente muito propício para ter incêndios florestais, se a gente não tiver quem comece o fogo, a gente não tem incêndio”, aponta.
Sobre o “ambiente propício”, Ane se refere ao momento climático atual: uma estação mais seca, combinada com um El Niño mais forte.
“Não é o momento de baixar a guarda, o verão amazônico continua bastante quente e com poucas chuvas e o El Niño promete diminuir as chuvas a partir do mês de outubro, é necessário que as ações de comando e controle continuem e que os governadores que compõem o Consórcio da Amazônia Legal adotem o desmatamento zero até 2030 como principal objetivo do grupo”, diz Batista.
Segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2023 atingiu o maior aumento já registrado da temperatura média do planeta (17,01°C). O mês de agosto, em particular, foi um dos mais quentes em mais de seis décadas, segundo cálculos preliminares da Climatempo.
“No Brasil, desmatamento e queimada das florestas são os maiores contribuintes para as emissões de gases do efeito estufa. Com a realidade de eventos climáticos extremos que já atinge milhares de pessoas ao redor do mundo e no próprio Brasil, é urgente impedir que a Amazônia siga sendo desmatada e queimada”, reforça o Greenpeace.
O país “deve sair de um modelo econômico baseado na destruição dos recursos naturais para um sistema que valorize a floresta em pé, os direitos e conhecimentos ancestrais dos povos indígenas e comunidades tradicionais e promova a justiça social”, completa a organização ambiental.