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Queimadas Amazônia
Queimada em desmatamento recente na Gleba Abelhas, uma floresta pública não destinada federal localizada no município de Canutama, Amazonas. Foto: © Marizilda Cruppe | Greenpeace

Após a queda significativa do desmatamento na Amazônia neste ano, a floresta ainda queima, mas em menor intensidade do que foi visto nos últimos anos. Segundo dados do Inpe (Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais), a Amazônia registrou 17.373 focos de calor em agosto de 2023, número 47,5% menor em comparação ao ano anterior, quando foram registrados 33.116 focos.

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O número também é o menor para o mês de agosto desde 2018, sendo ainda o terceiro menor número dos últimos dez anos.

Os estados que mais queimaram em agosto foram o Pará, seguido de Amazonas, Mato Grosso e Rondônia e Acre.

Queimadas Amazônia
O Greenpeace sobrevoou áreas com alertas de desmatamento e fogo entre os dias 2 e 4 de agosto de 2023, especialmente na região entre os estados do Amazonas, Rondônia e Acre, para registrar e denunciar a destruição que segue avançando sobre a floresta. Foto: © Marizilda Cruppe | Greenpeace

Para Rômulo Batista, porta-voz do Greenpeace Brasil, a queda do desmatamento na Amazônia reflete na redução dos focos de calor no bioma, uma vez que as queimadas muitas vezes são usadas após o desmatamento para “limpar” a área para novas pastagens e plantações.

“Isso, atrelado a postura do atual governo, que é bastante diferente da adotada no governo Bolsonaro com sua agenda antiambiental, ampliou as ações de comando e controle com aumento de multas e embargos para os desmatadores, seja na floresta ou de forma remota, além da mudança de discurso na área ambiental”, afirma.

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Ane Alencar, diretora de ciência do Ipam, também ressalta a relação entre queimadas e desmatamento. “Reduzir o desmatamento é reduzir o fogo. Então, mesmo com um ambiente muito propício para ter incêndios florestais, se a gente não tiver quem comece o fogo, a gente não tem incêndio”, aponta.

Sobre o “ambiente propício”, Ane se refere ao momento climático atual: uma estação mais seca, combinada com um El Niño mais forte.

“Não é o momento de baixar a guarda, o verão amazônico continua bastante quente e com poucas chuvas e o El Niño promete diminuir as chuvas a partir do mês de outubro, é necessário que as ações de comando e controle continuem e que os governadores que compõem o Consórcio da Amazônia Legal adotem o desmatamento zero até 2030 como principal objetivo do grupo”, diz Batista.

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Desmatamento, queimadas e focos de calor

Segundo a Organização Meteorológica Mundial, 2023 atingiu o maior aumento já registrado da temperatura média do planeta (17,01°C). O mês de agosto, em particular, foi um dos mais quentes em mais de seis décadas, segundo cálculos preliminares da Climatempo.

Queimadas Amazônia 2023
Áreas com alertas de desmatamento e fogo em agosto de 2023. | Foto: © Marizilda Cruppe | Greenpeace

“No Brasil, desmatamento e queimada das florestas são os maiores contribuintes para as emissões de gases do efeito estufa. Com a realidade de eventos climáticos extremos que já atinge milhares de pessoas ao redor do mundo e no próprio Brasil, é urgente impedir que a Amazônia siga sendo desmatada e queimada”, reforça o Greenpeace.

O país “deve sair de um modelo econômico baseado na destruição dos recursos naturais para um sistema que valorize a floresta em pé, os direitos e conhecimentos ancestrais dos povos indígenas e comunidades tradicionais e promova a justiça social”, completa a organização ambiental.