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Embarcação grega é investigada por vazamento de óleo

Polícia Federal cumpre mandados de busca e apreensão em sedes de representantes e contatos da empresa suspeita.

óleo nordeste
Óleo na Costa dos Corais em Alagoas. | Foto: Felipe Brasil/Fotos Públicas

A Polícia Federal suspeita que uma embarcação grega é responsável pelas manchas de óleo que inundam as praias do Nordeste. Nesta sexta-feira (1), a PF cumpre no Rio de Janeiro mandados de busca e apreensão em sedes de representantes e contatos de uma empresa grega. Até o momento, o óleo já atingiu mais de 250 praias.

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A localização da mancha inicial de petróleo cru foi identificada a aproximadamente 700km da costa brasileira, segundo a PF. Suspeita-se que o derramamento ocorreu entre os dias 28 e 29 de julho. “A embarcação, de bandeira grega, atracou na Venezuela em 15 de julho, permaneceu por três dias, e seguiu rumo a Singapura, pelo oceano Atlântico, vindo a aportar apenas na África do Sul. O derramamento investigado teria ocorrido nesse deslocamento”, afirma a PF em comunicado.

De acordo com o Ministério Público Federal, foi com informações da Marinha que a Diretoria de Inteligência Policial da PF concluiu que “não há indicação de outro navio (…) que poderia ter vazado ou despejado óleo, proveniente da Venezuela.” Ainda de acordo com a Marinha, esse mesmo navio ficou detido nos Estados Unidos por quatro dias devido a “incorreções de procedimentos operacionais no sistema de separação de água e óleo para descarga no mar”.

As investigações iniciais apontam que o navio grego está vinculado à empresa de mesma nacionalidade. Segundo o G1, o navio pertence à Delta Tankers LTD.

A Operação Mácula, como foi batizada a investigação, busca agora dados sobre a propriedade do petróleo transportado pelo navio identificado.

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Os responsáveis devem responder a pelo menos dois artigos previstos na Lei de Crimes Ambientais (Lei 9.605/98): art. 54 por crime de poluição e art. 68 por não comunicar o ocorrido às autoridades competentes.

GT em SP começa monitorar mancha de óleo

O governo de São Paulo criou um Grupo de Trabalho (GT) multidisciplinar para acompanhar de perto o avanço das manchas de óleo que atingem as praias no Nordeste. A resolução foi publicada no Diário Oficial na última quarta-feira (30), segundo a Secretaria de Infraestrutura e Meio Ambiente do estado. 

Em nota, a Secretaria afirma que o objetivo é “levantar informações e elencar as medidas necessárias à prevenção”. O óleo já atinge cidades do sul da Bahia e o órgão teme que a mancha avance para o litoral do sudeste. 

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“Embora a responsabilidade constitucional sobre acidentes de grande magnitude em mares seja da União, estamos monitorando o avanço das manchas de óleo na costa brasileira e a chegada no sul da Bahia acendeu o sinal de atenção. Nossas equipes articulam medidas preventivas. Se eventualmente for necessário estaremos preparados para atuar em parceria com o Governo Federal”, explica o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente, Marcos Penido.

Óleo ameaça região de Abrolhos

Constituído por cinco ilhas, o Arquipélago dos Abrolhos é um refúgio de biodiversidade marinha no extremo sul da Bahia. Qualquer impacto na área afeta espécies únicas, além da vida de povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos. Acontece que o óleo que se espalha por todo o Nordeste chegou em cidades dentro da região de Abrolhos. Enquanto isso, comunidades pesqueiras e voluntários de diversas frentes protagonizam a luta incessante pela retirada do óleos nas praias nordestinas.

Vista área de Abrolhos. | Foto: iStock

Surgiram na última segunda-feira (28), os primeiros sinais de que a mancha se aproxima de Abrolhos. Segundo a organização Conservação Internacional, foi detectada a presença de óleo nas praias da Reserva Extrativista de Canavieiras, em Belmonte e em Santa Cruz de Cabrália. Ou seja, o material chegou à região de Abrolhos, mas não ao Parque Nacional Marinho dos Abrolhos. De todo modo, a situação é desesperadora: faltam ações de contenção para evitar que o pior aconteça.

Na tarde da última quarta-feira (30), a organização ambiental Greenpeace realizou um sobrevoo na região percorrendo uma área de cerca de 3.300 km² no Parque Nacional. O grupo não localizou evidências de petróleo na superfície. “Não significa que a região esteja livre de ameaças, já que o óleo tem aparecido na superfície apenas quando está próximo das praias”, afirmou a ONG em comunicado.

Questão de saúde pública

O Brasil possui mais de sete mil quilômetros de litoral, só no Nordeste são 3.338 km de praias. Segundo dados do próprio governo, os resíduos atingiram uma faixa de 2.5 mil quilômetros da costa. Autoridades têm tentado amenizar, mas a recomendação de especialistas é evitar o banho e o consumo de pescados oriundos das regiões afetadas.

Em apenas um hospital de Pernambuco foram atendidas 17 pessoas em uma semana. Após contato com óleo, pacientes tinham sinais de intoxicação.

Praia de Suape, no Cabo de São Agostinho. | Foto: Léo Domingos

Dermatologistas divulgaram nesta quinta-feira (31) um guia de cuidados com orientações de como voluntários podem retirar óleo cru sem se expor a riscos. “Muitos voluntários têm trabalhado na remoção do material que chega às praias. Entretanto, o trabalho tem sido realizado de maneira inapropriada. Esses grupos têm entrado em contato com o óleo sem proteção adequada e, em alguns casos, com impregnação de toda a pele. Importante salientar que o petróleo ou óleo cru é constituído por uma série de compostos químicos com diferentes toxicidades, como tolueno, xileno, benzeno e hidrocarbonetos policíclicos aromáticos”, ressalta a dermatologista Rosana Lazzarini, que participou da elaboração do guia.