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Mancha de poluição no rio Tietê está quase duas vezes maior

Fundação SOS Mata Atlântica avaliou 576km do rio e encontrou água com qualidade imprópria em 160km

poluição no rio Tietê
Foto: SOS Mata Atlântica

A poluição no rio Tietê segue crescendo, com água de qualidade imprópria para usos múltiplos em uma extensão de 160 quilômetros. A análise realizada pela Fundação SOS Mata Atlântica com o apoio de voluntários revela que houve um aumento de 31% em relação a 2022, quando a mancha atingiu 122 quilômetros, chegando perto de dobrar na comparação com os 85 quilômetros registrados em 2021.

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Por outro lado, a proporção de água de boa qualidade voltou a subir: de 60 quilômetros no ano passado, chegando a 119 na atual medição, algo próximo aos registros de 2021, com 124 km. De maneira geral, os dados se mantiveram estáveis, com a maior parte do trecho monitorado em condição regular por 293 km.

poluição do rio Tietê
Fonte: Observando o Tietê 2023

As informações completas estão no relatório Observando o Tietê 2023, divulgado pela Fundação SOS Mata Atlântica nesta terça-feira, 19 de setembro de 2023. Com patrocínio da Ypê, o lançamento ocorre na semana do Dia do Rio Tietê, celebrado no dia 22. Documentar as condições do rio, envolveu o envolvimento voluntário de 41 grupos em 28 municípios, incluindo 18 pontos na capital paulista.

A avaliação abrange 16 indicadores, seguindo o Índice de Qualidade da Água (IQA). O estudo faz parte do projeto Observando os Rios, instrumento de educação ambiental, ciência cidadã, fomento à cidadania e governança em prol de água limpa para todos.

poluição do rio Tietê
Foto: SOS Mata Atlântica

Gustavo Veronesi, coordenador do projeto, explica que, embora pequenas melhorias venham sendo notadas na água do Tietê desde 2016, o aumento da mancha de poluição é um sinal de alerta. Além disso, a variação da qualidade ao longo do rio indica que, mesmo com a realização de diversos projetos estruturais de saneamento, a água ainda é afetada por condições locais, como esgoto, gestão de reservatórios ou atividades agropecuárias.

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“Isso reforça a necessidade de planos integrados para toda a bacia do rio Tietê, considerando os aspectos climáticos, do saneamento ambiental nas cidades e do uso da terra nas áreas rurais, visando a conservação da quantidade e da qualidade da água e seus múltiplos usos ao longo de toda a sua extensão. É preciso mais empenho e investimentos para que, de fato, a universalização do tratamento de esgoto seja atingida em 2033, como prevê a lei, ou em 2029, como se comprometeu o atual governo do estado de São Paulo”, afirma Gustavo.

saneamento
Foto: SOS Mata Atlântica

Quase 600 quilômetros monitorados

Maior rio paulista, com 1.100 quilômetros da nascente à foz, o Tietê corta o estado de leste a oeste, atravessando outras áreas urbanas e municípios de importante produção agropecuária. É dividido em seis unidades de gerenciamento de recursos hídricos (UGRHs), também chamadas de bacias hidrográficas.

O monitoramento foi realizado ao longo de 576 quilômetros, em 59 pontos de coleta distribuídos por 34 rios das bacias hidrográficas do Alto Tietê (AT), Sorocaba/Médio Tietê (SMT) e Piracicaba, Capivari e Jundiaí (PCJ), que abrangem 102 municípios das regiões metropolitanas de São Paulo, Campinas e Sorocaba. Isso representa 50% da bacia de drenagem do rio Tietê.

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monitoramento na poluição do rio Tietê
Foto: SOS Mata Atlântica

No trecho, a água é de boa qualidade em 61 quilômetros, da nascente até Mogi das Cruzes, e em outros 58 quilômetros perto do reservatório de Barra Bonita. Os 293 quilômetros de água regular estão divididos em quatro trechos nas bacias do Alto e Médio Tietê, enquanto os 160 quilômetros com água imprópria devido à poluição (127 km com qualidade ruim e 33 km, péssima) vão da nascente até Barra Bonita, na hidrovia Tietê-Paraná. Não foi observada água de qualidade ótima, algo que se repete desde 2010. 

Porção mais abundante no Tietê, a água de qualidade regular, embora permita diversos usos, demanda atenção especial dos gestores públicos e da sociedade, pois é bastante suscetível às condições climáticas e às variações de vazões dos rios.

poluição no rio Tietê
Fonte: Observatório do Tietê 2023

Segurança hídrica para São Paulo

O índice de água boa no rio Tietê é fundamental para promover a segurança hídrica e usos múltiplos da água – como abastecimento público, irrigação, produção de alimentos, pesca, atividades de lazer, turismo, navegação e geração de energia, além da manutenção dos ecossistemas e resgate da cultura nos municípios ribeirinhos, que têm sua história e seu desenvolvimento associados ao rio.

Segundo Veronesi, os resultados que indicam melhorias comprovam que é possível recuperar a qualidade da água com programas de saneamento ambiental executados por meio de projetos de Estado e com envolvimento da população. “Despoluir rios precisa ser uma prioridade dos atuais e futuros governantes por meio de políticas públicas que perpassem administrações. Assim como bebemos água todos os dias, é necessário buscarmos diariamente a despoluição e recuperação dos rios”, completa.

Para conferir o relatório completo do Observando o Tietê 2023, acesse o site da Fundação SOS Mata Atlântica.

rio Tietê
Foto: SOS Mata Atlântica

Observando os Rios

O Observando os Rios é um projeto que reúne comunidades e as mobiliza para monitorar a qualidade da água de rios, córregos e outros corpos d’água das localidades onde elas vivem. O monitoramento da água é realizado com uma metodologia desenvolvida pela SOS Mata Atlântica e que utiliza um kit de análise e indicadores de percepção para levantar o Índice de Qualidade da Água (IQA), que é um padrão internacional adotado para avaliar a condição ambiental da água doce e regulamentado no Brasil pela Resolução CONAMA 357 de 2005.

Os grupos voluntários fazem a coleta e a medição da qualidade da água uma vez por mês e disponibilizam os resultados em um banco de dados na internet. Os indicadores levantados por todos os grupos de monitoramento são reunidos em relatórios técnicos anuais que formam o retrato da qualidade da água dos rios dos 17 estados da Mata Atlântica.

SOS Mata Atlântica Voluntários
Foto: SOS Mata Atlântica