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bugio
Foto: Miguel Rangel Jr

Os primatas estão entre os mamíferos mais bem estudados de todo o mundo. Explorar o conhecimento sobre ecologia, comportamento e genética desses animais oferece suporte para compreendermos melhor a evolução humana e o surto de doenças infecciosas, como a febre amarela, por exemplo.

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Além disso, primatas desempenham um papel-chave dentro do ecossistema ao ingerir sementes dos frutos dos quais se alimentam e as defecando pelo chão das florestas, agindo como verdadeiros jardineiros.

Em posição de destaque, o Brasil tem mais espécies de primatas do que qualquer outro país, sendo a Mata Atlântica o refúgio de 26 espécies das quais 73% só ocorrem dentro dos limites desta floresta tropical historicamente degradada.

Diante deste cenário, pesquisadores da Unesp em Rio Claro lideraram uma rede de colaboração para a construção de um banco de dados, o maior até o presente momento, e reunir informações sobre populações e comunidades destes animais.

O projeto contou com o esforço de mais de 100 pesquisadores de várias instituições, a maior parte deles brasileiros. Este enorme conjunto de dados foi publicado na revista científica Ecology, uma das mais tradicionais e conceituadas do meio acadêmico, em formato aberto (open data). Ou seja, qualquer pessoa dispõe de acesso livre às informações compiladas.

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Milhares de registros

O estudo foi liderado pela professora Laurence Culot, primatóloga e docente do Departamento de Zoologia da Unesp em Rio Claro, e pelo aluno de graduação em Ciências Biológicas Lucas Augusto Pereira. Foram compilados mais de 10 mil registros de ocorrência em mais de 5 mil locais de Mata Atlântica no Brasil, na Argentina e no Paraguai.

Esses dados foram extraídos de cerca de 900 publicações nacionais e internacionais, bem como de teses e dissertações, geralmente disponíveis apenas em português, agora também disponíveis para pesquisadores estrangeiros.

Além disso, o banco de dados reúne uma grande quantidade de informações até então não publicadas, disponibilizadas pelos coautores do trabalho.

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Os dados abrangem um período entre os anos de 1820 e 2017, o que permite tecer um grande panorama sobre a distribuição desses animais na Mata Atlântica ao longo do espaço e do tempo.

A importância deste abrangente trabalho colaborativo se encontra na gama de possibilidades de processamento dos dados e produção de conhecimento. Agora, pesquisadores do mundo todo têm nas mãos informações que podem ajudar a compreender cada vez mais como os primatas, nossos parentes mais próximos dentro da árvore da vida, respondem às ameaças cada vez mais intensas das sociedades humanas, o que deve resultar, no futuro, em ações concretas de conservação desses animais.

Além disso, esses dados serão de extrema importância para guiar novas pesquisas em regiões que abrigam espécies pouco estudadas até o momento.

Mais ainda, o conjunto de dados permite avaliar as espécies mais abundantes e as mais raras. No primeiro caso, o bugio-ruivo (Alouatta guariba) é o macaco mais comum nas florestas e fragmentos da Mata Atlântica. Uma realidade que mudou drasticamente devido aos recentes surtos de febre amarela no país, que dizimaram suas populações e levou a UICN (União Internacional para Conservação da Natureza) a inserir a espécie na próxima lista das 25 espécies de primatas mais ameaçadas do mundo – essa lista será publicada em 2019.

Entre as espécies mais raras, o mico-leão-de-cara-preta (Leontopithecus caissara) tem uma distribuição restrita a uma pequena parte do extremo sul no litoral do Estado de São Paulo e no litoral do Estado do Paraná, no Parque Nacional de Superagui.

O “Atlantic-Primates”, nome deste estudo, é parte do “Atlantic Series”, uma iniciativa que pretende tornar público o maior conjunto possível de dados sobre a biodiversidade da Mata Atlântica, levando-se em conta que este é um dos biomas mais estudados do mundo.

A iniciativa é liderada pelos professores Mauro Galetti e Milton Cezar Ribeiro, ambos docentes do Departamento de Ecologia da Unesp em Rio Claro. Neste sentido, o Atlantic Series é também uma celebração do árduo trabalho e esforço de centenas de pesquisadores e naturalistas que, ao longo de vários anos, coletaram essas valiosas informações e que agora se fazem mais necessárias do que nunca.

Para saber mais sobre o Atlantic Primates, acesse aquiPara saber mais sobre o Atlantic Series, veja aqui

Por Agência Unesp de Notícias