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Maio registra maior número de queimadas na Amazônia e Cerrado desde 2007

Com 3.815 focos de calor nos dois biomas o aumento foi de 65% em relação ao ano passado e é o pior índice dos últimos 14 anos.

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Foto: Vinícius Mendonça | Ibama

Dados divulgados no dia 31 de maio de 2021, pelo Instituto Nacional de Pesquisa Espaciais (Inpe), apontam que o mês de maio deste ano  teve o pior índice de focos de calor na Amazônia e Cerrado desde 2007. Os satélites mostram que na Amazônia foram 1.186 focos de calor, um aumento de 40,6% em relação ao ano passado. No Cerrado, foram 2.649 focos, uma alta de 78,8% em relação ao mesmo período de 2020.

“Infelizmente esses recordes no mês de maio não podem ser considerados uma surpresa, tendo em vista a continuidade da política antiambiental do governo Bolsonaro, onde pela primeira vez na história, um ministro do Meio Ambiente é investigado por possíveis crimes contra o meio ambiente”, comenta Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil.

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Fonte: Imagem de satellite planet, compilada por Greenpeace Brasil

Para os próximos meses, o cenário previsto dificilmente será diferente do que aconteceu nos últimos dois anos. Com números altos de queimadas e desmatamento, o cenário pode ser agravado com o fim do inverno amazônico e consequente diminuição ainda mais das chuvas em regiões da Amazônia -, e previsão do fenômeno La Ninã mais forte no segundo semestre.

A tendência desse contexto é catastrófica, não somente pela perda da biodiversidade nesses biomas, mas também para as populações que vivem na Amazônia. Nesse período, as populações locais são afetadas pela redução das chuvas e pela alta incidência de doenças respiratórias, que resultam da queda na umidade relativa do ar, das fuligens e fumaças provenientes das queimadas, tudo isso enquanto ainda lutamos contra a pandemia de Covid-19.

Fonte: Imagem de satellite planet, compilada por Greenpeace Brasil

“O mês de maio deveria nos levar a uma profunda reflexão sobre o futuro que queremos. Além do recorde de fogo na Amazônia e Cerrado, somente neste mês, o Rio Negro bate recorde de inundação em Manaus, enquanto o centro oeste e sudeste sofrem com déficit de chuvas, que deixam os reservatórios com metade da média histórica de volume d’agua para o período, ameaçando até o fornecimento de energia.”

Rômulo Batista, porta-voz da campanha de Amazônia do Greenpeace Brasil

“Tudo isso está evidenciando, cada vez mais, a crise climática, a violência contra os povos indígenas e suas lideranças numa escalada inadmissível, até mesmo com ataques a tiros e casas queimadas em diferentes territórios. Enquanto isso, em Brasília, o Congresso se apressa para tentar passar a boiada, com PLS como o Projeto de Lei 191/2020 e o Projeto de Lei 490/2007, que irão aumentar ainda mais o desmatamento e a violência contra os povos indígenas”, complementa Rômulo.

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Alto risco de incêndios no Pantanal

Observatorio Pantanal e todas as organizações que o compõem, dentre elas o WWF-Brasil, alertam: os incêndios ocorridos no bioma em 2020 podem se repetir ou até se intensificar em 2021 caso não sejam tomadas com rapidez as providências necessárias, como formação e manutenção de brigadas de combate ao fogo; compra de equipamentos adequados; antecipação na contratação e mobilização do Prevfogo; campanhas de orientação às comunidades pantaneiras e identificação e punição dos responsáveis.

queimadas
Incêndio no Pantanal em 2020. Foto Mayke Toscano | Secom-MT

Entre outras tantas recomendações, levadas ao Congresso Nacional por institutos de pesquisa, governos, universidades e organizações da sociedade civil, figuram ainda a suspensão de licenças para implantação de novas pequenas centrais hidrelétricas (PCHs) na Região Hidrográfica do Paraguai; a aquisição de equipamentos e aeronaves; treinamento de efetivo das Forças Armadas em técnicas de controle de incêndios florestais; destinação de recursos orçamentários para a realização de pesquisas, pelas instituições oficiais, sobre prevenção de fogo, recuperação ambiental, recursos hídricos, serviços ecossistêmicos e temas afins no bioma Pantanal.

Essas reivindicações foram expressas em carta assinada pelo Observatorio Pantanal e enviada a ministros, parlamentares, membros do Judiciário e dos Ministérios Públicos e governos dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, entre outras autoridades. Receberam o documento os ministros do Meio Ambiente, Ricardo Salles; do Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho; e das Relações Exteriores, Carlos Alberto França, além do presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), Luiz Fux. A mensagem  também foi enviada ao diretor-geral da Polícia Federal, Rolando Alexandre de Souza e a autoridades  dos estados de Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, relacionadas à área de combate ao fogo.

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“Não há, até o momento, uma ação coordenada que reúna iniciativas necessárias por parte dos órgãos responsáveis. Falta um planejamento integrado de ações de prevenção, sensibilização e preparação frente à temporada de fogo que se aproxima. Transparência e participação social são fundamentais para que a sociedade civil possa contribuir de forma efetiva para a conservação do bioma. Por isso, vimos a público reafirmar a gravidade da situação que se aproxima e reivindicar do poder público que tome as providências necessárias para que se preserve o Pantanal”, afirma Cássio Bernardino, coordenador de conservação do WWF-Brasil.

Artistas pelo Pantanal

Para evitar que tragédias como a de 2020 se repitam, surgiu o projeto Artistas Pelo Pantanal, que reuniu artistas, galerias, e compradores com o objetivo de arrecadar R$ 2 milhões – fundos que serão administrados pelo SOS Pantanal e inteiramente destinados ao investimento em equipamento, formação e manutenção de brigadas voluntárias anti-incêndio na região pelo período de três anos.

São 45 obras, em diversas linguagens, doadas por 42 artistas visuais. As obras estão disponíveis pela plataforma do Festival Internacional de Arte de São Paulo, a SP-Arte, e terão as vendas conduzidas por uma equipe de artadvisors. O valor arrecadado será investido em 14 brigadas comunitárias distribuídas em diferentes regiões do Pantanal: Chapada dos Guimarães, Cuiabá, Nossa Senhora do Livramento, Barão de Melgaço, Poconé, Corumbá e Ladário por um período de 3 anos.

De acordo com Leonardo Gomes, diretor de Relações Institucionais do SOS Pantanal, as equipes vão atuar em áreas que, conforme os dados dos últimos 30 anos, apresentam um risco elevado de incêndios. “Vamos profissionalizar e equipar essas brigadas por meio de um programa que dará suporte por meio de planejamento e treinamento na prevenção e no combate ao fogo”, diz.

Para que toda essa mobilização permaneça viva na memória das comunidades beneficiadas, será́ plantado um bocaiuval na Escola Jatobazinho, mantida pelo Acaia Pantanal. Ao longo de todo o ano letivo será realizado um trabalho de educação ambiental com crianças ribeirinhas, que, tendo as obras doadas como fonte de inspiração e referência para releituras e criações, irão desenvolver variadas atividades artísticas.

Informações sobre as obras de arte reunidas podem ser obtidas por e-mail: [email protected].

O link direto para aquisições das obras de arte é www.sp-arte.com/galerias/documenta-pantanal.