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Sebastião Salgado anuncia projeto de recuperação do Vale do Rio Doce

Ao longo dos anos, em consequência da atividade siderúrgica e agropecuária, a região tem sofrido perdas ambientais incalculáveis.

O fotógrafo e ambientalista Sebastião Salgado aproveitou o Fórum Mundial de Meio Ambiente, realizado na última semana, para anunciar o Projeto Olhos d’Água, que pretende recuperar as nascentes do Vale do Rio Doce. Ao longo dos anos, em consequência da atividade siderúrgica e agropecuária, a região tem sofrido perdas ambientais incalculáveis.

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A ação, apresentada durante o evento que aconteceu em Foz do Iguaçu, conta com parceiros da iniciativa privada e programas governamentais. Apesar de atuar inicialmente na região de Minas Gerais e Espírito Santo, Salgado explica que este é apenas o piloto, um ponto de partida para que o projeto seja replicado na recuperação de mananciais em todo o Brasil.

“A nossa proposta é recuperar completamente todas as fontes de água do Rio Doce. Nós calculamos em torno de 370 mil nascentes. É um sistema que nós temos que proteger”, declarou o ambientalista durante sua apresentação. Para colocar a ideia em prática, será imprescindível a participação da comunidade local.

“Nós devemos entrar em cada propriedade rural, trabalhar diretamente com o proprietário”, explica Salgado. Para conseguir este acesso, o Instituto Terra, que pertence ao próprio fotógrafo, capacita jovens, em sua maioria, filhos dos proprietários rurais, a se tornarem técnicos ambientais de proteção de nascentes. Isso expande o acesso do projeto diretamente aos locais que precisam ser recuperados.

Salgado explica que a pecuária, comum na região, é um dos fatores que mais prejudica as nascentes. O caminhar do gado próximo aos mananciais acaba compactando o solo e tudo morre, segundo ele. Portanto, o projeto prevê a criação de cinturões de proteção. O próprio instituto fornece arame-farpado, estacas e também as mudas a serem dispostas nos arredores das nascentes.

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O Rio Doce já foi navegável, mas possui atualmente apenas 70 centímetros de profundidade, de acordo com Salgado. A expectativa é que ele seja totalmente recuperado em até 25 anos. “Investindo agora, nós vamos levar de 15 a 20 anos para as primeiras fontes começarem a render a água que elas têm que render”, informou.

Os esforços de Sebastião Salgado e sua esposa, Lélia Deluiz Wanick Salgado, já vêm de longa data. Em 1998 eles fundaram o Instituto Terra e, em pouco mais de uma década, conseguiram transformar uma grande área ambiental degradada em uma grande reserva natural. De acordo com a página da organização, por meio da atuação do instituto sete mil hectares de área degradada estão em processo de recuperação e mais de quatro milhões de mudas já foram produzidas no viveiro para abastecer o plantio e recuperação do Vale do Rio Doce.


Fazenda Bulcão em 2001 e em 2011, após o plantio de mais de 1 milhão de espécies nativas l Fotos: Divulgação / Instituto terra

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Leilão em prol de causas ambientais

O evento da última semana ainda contou com o leilão de seis obras de Sebastião Salgado. A ação beneficente arrecadou R$ 345 mil que serão destinados a dois projetos ambientais: Projeto das Onças, no Parque Nacional do Iguaçu (PR), e Fundação Museu do Homem Americano, no Parque Nacional da Serra da Capivara (PI).

Por Thaís Teisen – Redação CicloVivo