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Em pouco mais de três meses, foram detectados no Brasil uma área de desmatamento equivalente a duas vezes e meia o tamanho da cidade de Belo Horizonte, capital de Minas Gerais, um total de 89.741 hectares. Desse total, 95% do território desmatado não tem autorização registrada nos sistemas federal e estaduais de licenciamento, de acordo com o projeto MapBiomas Alerta. “Essa vasta extensão de vegetação nativa não foi autorizada e tem grande chance de ter ocorrido de forma ilegal”, observa Tasso Azevedo, coordenador do MapBiomas Alerta, sistema de validação e refinamento de alertas de desmatamento que abrange todos os biomas brasileiros, e que em apenas seis meses registrou 4.577 alertas.

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A ferramenta foi lançada oficialmente na última sexta-feira (7), em Brasília, e está disponível na internet, de forma pública e gratuita, para subsidiar o monitoramento ambiental e as ações de prevenção e combate ao desmatamento ilegal. Com informações detalhadas e validadas, os alertas gerados pelo sistema podem ser usados pelos órgãos responsáveis pela fiscalização e proteção de áreas ambientais com mais eficácia e rapidez para coibir o desmatamento ilegal e diminuir a impunidade por crimes ao meio ambiente.

Por meio da ferramenta, é possível detectar que 40% dos alertas validados no primeiro trimestre de 2019 ocorreram em áreas que não poderiam ser desmatadas, caso de unidades de conservação, terras indígenas, áreas de preservação permanente, e de nascentes.

A maioria dos alertas ocorreu no Cerrado, com 53% do total, e na Amazônia, com 30%, que juntos representaram 2.989 alertas. Os números para Amazônia devem ainda crescer, uma vez que a maior parte dos alertas ainda pendentes de completar o processo de validação e refinamento se encontram na região. Já os estados que mais desmataram foram o Mato Grosso, com 10,3% da área total, e o Pará, com 5,8%. “O que chama a atenção é que todos os estados tiveram registros de desmatamento durante o período analisado pelo MapBiomas Alerta”, observa Marcos Rosa coordenador da Equipe da Mata Atlântica e Pantanal no projeto.

Como funciona a ferramenta

Para cada Alerta validado, a MapBiomas Alerta fornece imagens de alta resolução de antes e depois do desmatamento. O Alerta é delimitado de forma precisa, incluindo as datas das imagens e, para cada um, é possível gerar on-line em poucos segundos um laudo completo com as imagens e os cruzamentos com áreas do Cadastro Ambiental Rural (CAR), Cadastro Nacional de Unidades de Conservação (CNUC), territórios indígenas e outros limites geográficos (biomas, estados, bacias hidrográficas), além de fornecer os dados de autorizações de manejo e supressão de vegetação do Sistema Nacional de Controle da Origem dos Produtos Florestais (SINAFLOR/IBAMA), o histórico recente (2012 a 2017) nos mapas anuais de cobertura e uso da terra no Brasil do MapBiomas. Ou seja, é possível obter de forma rápida informações de desmatamento, seja a ação em uma propriedade particular ou em uma área protegida, e se foi autorizado.

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O MapBiomas Alerta potencializa o uso e a eficácia dos alertas já gerados no Brasil, portanto, não pode ser classificado como mais um sistema de monitoramento de desmatamento.

O sistema resulta de consultas com os órgãos governamentais usuários de sistemas de alertas de desmatamento – como o Ministério do Meio Ambiente (MMA), IBAMA, Serviço Florestal Brasileiro (SFB), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério Público Federal (MPF) e Tribunal de Contas da União (TCU) – e com os provedores de alertas, como Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (IMAZON), Universidade de Maryland, Centro Gestor e Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (CENSIPAM) e o ISA (Instituto Socioambiental).

Os dados produzidos são públicos, gratuitos e podem ser acessados nesta plataforma.

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Método do MapBiomas Alerta

Mensalmente são coletados todos os alertas gerados no Brasil para os quatro principais sistemas detecção de desmatamento em operação: DETER/INPE (Amazônia e Cerrado), SAD/IMAZON (Amazônia), SIPAMSAR/Ministério da Defesa (Amazônia) e GLAD/Universidade de Maryland (demais biomas).

Os alertas são avaliados para excluir falsos positivos (ex. áreas de colheita de florestas plantadas) e encaminhadas para a classificação supervisionada de imagens, com base nas imagens da constelação de satélites Planet de 3 m de resolução e frequência diária. O processo é feito na nuvem com uso de algoritmos de aprendizagem de máquina (machine learning) por meio da plataforma Google Earth Engine.

Para realizar a validação e o refinamento dos alertas, as equipes de programadores, especialistas de sensoriamento remoto e especialistas em conservação e uso da terra são organizados em equipes para cada bioma e suporte de tecnologia e sistemas.

Os alertas podem ser visualizados em diferentes mapas base, como em imagens de satélite do Google Earth, mapa viário e mapas anuais de cobertura e uso da terra do Brasil entre 1985 a 2017 do MapBiomas (Coleção 3.1).