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2020 é a última chance de impedir a destruição da Amazônia

Cientistas afirmam que se o ecossistema atingir o ponto de colapso este ano, em menos de 50 anos a floresta vai se transformar em uma savana

desmatamento amazônia

Em 50 anos, a ação humana pode transformar toda a Floresta Amazônica pode se transformar em uma savana – pastagens secas com trechos de floresta intermitente.

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Uma nova análise estatística sobre a vulnerabilidade da Floresta Amazônica e das barreiras de corais, paisagens que pareciam ser eternas, confirma que estes vastos ecossistemas podem chegar ao ponto de colapso em breve, de maneira irreversível.

A pesquisa confirma os temores a cerca das consequências das mudanças climáticas causadas pela ação humana, em especial pelo uso de combustíveis fósseis. As consequências para a humanidade seriam catastróficas.

Avisos alarmantes

Em entrevista ao periódico Climate News Network, o cientista brasileiro Antônio Donato Nobre confirma o alerta de que a floresta já pode ter atingido o ponto limite de interrupção funcional.

O processo que levaria a esta perda de funcionalidade foi exposto por dois cientistas, o professor da Universidade de Virgínia, Tomas Lovejoy e Carlos Nobre, especialista em estudos sobre a Amazônia e de mudanças climáticas, e cientista do Instituto de Estudos Avançados da USP.

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Tomas Lovejoy e Carlos Nobre provaram que a maior parte da chuva que alimenta a Floresta amazônica é reciclada pela vegetação que cobre a própria região. Depois que a chuva cai, a água volta para a atmosfera pela transpiração das plantas sobre as quais ela caiu e isso aconteceria sucessivamente, se não houvesse a ação humana.

“Por cima de toda a região, o ar sobe, resfria e ocorre a precipitação de cerca de 20% da água fluvial do mundo na bacia amazônica”, explica Lovejoy. “O desmatamento é significativo e alarmante: chega a 17% em toda a Floresta Amazônica e a 20% da Amazônia brasileira”.

“Já é possível mensurar os resultados deste cenário. Os períodos de seca na Amazônia estão mais longos e mais quentes. A mortalidade de espécies que dependem do clima úmido está crescendo e espécies de clima seco estão prevalecendo. O aumento da frequência de secas sem precedentes em 2005, 2010 e 2015/16 mostra que o momento crítico está próximo”, completa Carlos Nobre.

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Neste contexto, um estudo publicado pela Nature Communications afirma que a chance de um grande ecossistema teria de se adaptar uma vez que as mudanças climáticas sejam definitivas e ocorra mudança no habitat natural é praticamente zero.

Evitar a degradação de ecossistemas a todo custo

Aerial view of the land and blue sky on the way to Ciudad Bolivar by small plane. Venezuela

Três pesquisadores ingleses usaram modelos estatísticos para analisar dados de 4 paisagens terrestres, 25 ecossistemas marinhos e 13 ecossistemas aquáticos. Sem surpresas, eles descobriram que quanto maior o ecossistema, menor é a velocidade de recuperação frente a mudanças externas.

Estes dados levam a previsão de que em cerca de 15 anos, 20 mil quilômetros de corais no Caribe podem morrer, uma vez que o ponto de colapso seja atingido. O mesmo vale para a Floresta Amazônica, que pode se transformar em uma savana em apenas 49 anos depois de atingir o seu ponto de colapso.

“Infelizmente, nossos estudos revelam que a humanidade vai enfrentar grandes mudanças no mundo, muito antes do que era esperado”, avisa Simon Willcock, professor titular de geografia Ambiental na Universidade de Bangor, no Reino Unido.

O Doutor Gregory Cooper, da Universidade de Londres, pesquisador do Centro de Desenvolvimento, Ambiente e Política, afirma que este é um argumento que deveria ser levado em consideração para que a humanidade faça mais para conservar a biodiversidade no planeta.

Gases de efeito estufa

desmatamento na Amazônia

Paralelamente, outras pesquisas mostram que a Floresta amazônica pode ser transformar numa enorme fonte de gases de efeito estufa, ao invés de seguir como uma estrutura viva que absorve carbono da atmosfera. Isso aconteceria como consequência da destruição da floresta, do desmatamento.

Para que o ecossistema amazônico se desenvolvesse foram necessários 58 milhões de anos. Mas a mensagem é clara: ele pode se transformar em um curtíssimo período de tempo.

Alexandre Antonelli, diretor de ciências do Instituto Real de Botânica, em Londres, não esteve envolvido nos estudos, mas ele descreve os resultados apresentados como aterrorizantes e alerta para a possibilidade da Amazônia atingir o ponto de colapso, quando não há mais possibilidade de retorno para os danos, ainda em 2020.

Nossa última oportunidade

 “A natureza é frágil. Um ecossistema ocupar uma grande área ou uma espécie ser comum, não significa que sejam eternos”, alerta Alexandre. “A região do Sahel, uma área seis vezes maior do que a Espanha, era coberta por vegetação e se transformou em um deserto. Por volta de 1900 quase 4 bilhões de árvores morreram na América por uma doença causada por fungos”.

Os ecossistemas naturais são resilientes quando mantidos intactos. Mas depois de décadas de desmatamento, exploração e mudanças climáticas, o colapso destes ecossistemas não seria uma surpresa.

Segundo o estudo publicado pela Climate News Network, “Você não pode simplesmente retirar grande parte da floresta amazônica e esperar que tudo fique bem. Não vai ficar tudo bem. Estudos científicos mostram que 2020 é a nossa última oportunidade de parar o desmatamento na Amazônia”.