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Com turbinas no mar, Brasil pode ampliar em 3,6 vezes capacidade energética

Estudo mapeia as áreas com maior potencial para a energia eólica offshore e os principais setores a serem beneficiados

energia eólica Brasil
Foto: Nicholas Doherty | Unsplash

A fonte eólica, que usa a força dos ventos para produção de energia, já é conhecida no Brasil. A presença de turbinas em terra, no entanto, não é a única forma de geração de eletricidade. É possível colocá-las também no mar, a chamada energia eólica offshore.

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Globalmente, estima-se que 260 GW podem ser gerados até 2030, elevando o total global de instalações eólicas offshore para 316 GW ao final desta década. Para isso, estão previstos investimentos na ordem de US$ 1 trilhão.

Os números globais ainda não repercutiram no Brasil, cujo aproveitamento do potencial energético offshore, de cerca de 700 GW (3,6 vezes a capacidade de energia já instalada no país), segue inexplorado. Mas por onde começar?

eólica offshore
Foto: Grahame Jenkins | Unsplash

A CNI (Confederação Nacional da Indústria) mapeou uma faixa costeira e identificou as regiões com maiores oportunidades de exploração:

  • no Nordeste, é observada uma grande área de viabilidade na costa entre o estado do Piauí, do Ceará e no Rio Grande do Norte;
  • também há uma área de grande interesse no Sudeste, entre os estados do Rio de Janeiro e do Espírito Santo;
  • e, na região Sul, observa-se uma área no estado do Rio Grande do Sul, na Lagoa dos Patos.

Uma das vantagens de apostar no setor está em ajudar o Brasil no cumprimento das metas definidas pelo Acordo de Paris. O país se comprometeu a reduzir as emissões de gases de efeito estufa em 37% até 2025 e em 50% até 2030, tendo como base as emissões de 2005. Além disso, no ano passado, o Brasil se comprometeu a alcançar emissões líquidas neutras até 2050.

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Há também a expectativa de que o setor eólico – onshore e offshore incluídos – empregue cerca de 2,2 milhões de pessoas até 2030 e mais 2,1 milhões até 2050 no mundo, segundo a Agência Internacional de Energias Renováveis.

O conhecimento desenvolvido sobre energias renováveis, a extensa costa e a localização privilegiada para acessar os mercados com as maiores demandas para importação do hidrogênio podem colocar o Brasil como um forte competidor na geração de energia eólica offshore. Essa modalidade, inclusive, integra a estratégia da CNI para uma economia de baixo carbono e impulsioná-la é uma das prioridades do Plano de Retomada da Indústria, apresentado pela Confederação ao governo federal neste ano.

Situação no Brasil

Realidade na Europa, Ásia e América do Norte, a eólica offshore começou a dar seus primeiros passos no Brasil, com pedidos de licenciamento no Ibama. Até 30 de agosto de 2023, o órgão ambiental contabilizava 78 pedidos de licenciamento, somando 189 GW de potência instalada – quase a capacidade total de energia já instalada centralizada no país e conectada ao Sistema Interligado Nacional (194 GW).

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A capacidade de exploração e as principais barreiras para o desenvolvimento de projetos constam do estudo “Oportunidades e desafios para geração eólica offshore no Brasil e a produção de hidrogênio de baixo carbono” elaborado pela CNI.

Para a entidade, a consolidação dessa cadeia de valor no Brasil pode impulsionar a economia e facilitar a retomada da industrialização. Além de oferecer uma fonte de energia limpa e renovável, o setor pode atrair empregos e investimento, estimular o desenvolvimento tecnológico e científico e apoiar a promoção do hidrogênio de baixo carbono no país.

Hidrogênio de baixo carbono

Uma das questões levantadas pelo estudo da CNI é como o setor elétrico vai absorver toda a expectativa de desenvolvimento e expansão da geração energética. O hidrogênio de baixo carbono, então, surge como um caminho.

O hidrogênio pode ser produzido a partir de diversas rotas. Hoje, a maior parte é produzida a partir de rotas fósseis, sendo cerca de 71% por meio do gás natural e 27%, da gaseificação do carvão. Apesar disso, o hidrogênio pode ser adquirido a partir da eletrólise com fontes de energia elétrica renovável, a exemplo da eólica offshore.

Energia Eólica Offshore, em alto mar
Foto: iStock

Ainda que o hidrogênio de baixo carbono provavelmente só tenha mercado consumidor em cerca de dois a três anos, a CNI avalia que é preciso iniciar acordos, memorandos de entendimento e desenvolvimento de infraestrutura para o país se posicionar no mercado.

Veja os setores da indústria que mais podem ser beneficiados:

  • na siderurgia, o hidrogênio de baixo carbono pode ser usado na produção de aço, conhecido como aço verde;
  • as refinarias também são consumidoras de hidrogênio cinza em larga escala. Produzido a partir da reforma do gás natural, o hidrogênio cinza poderia ser substituído pelo hidrogênio de baixo carbono;
  • outra fonte de descarbonização considerada muito potente é a produção de metanol usando hidrogênio de baixo carbono, além de suas aplicações nos setores de transporte e de armazenamento de energia elétrica;
  • grande oportunidade de se utilizar o hidrogênio produzido a partir de energia eólica offshore para o desenvolvimento de fertilizantes. Em 2022, o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC) registrou que 45,6% dos fertilizantes e adubos compostos por nitrogênio foram importados pelo Brasil.

Confira o estudo completo aqui.