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Entre 1960 e 2010, o estoque mundial de oxigênio dos oceanos teve redução de 2% e algumas simulações de modelos oceânicos projetam para o ano de 2100 uma diminuição de até 7%. O percentual pode parecer pequeno, já que é uma média, mas, em algumas regiões tropicais, a queda chegou a 40%.

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As informações estão presentes no relatório da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN), apresentado no dia 7 de dezembro de 2019 na Cúpula do Clima (COP-25), que está acontecendo em Madri, na Espanha.

“A redução do oxigênio significa perda de habitat e de biodiversidade – e uma ladeira perigosa rumo a um oceano com mais lodo e mais águas vivas”, destaca Minna Epps, coordenadora da IUCN. “Ela também pode alterar o ciclo energético e bioquímico nos oceanos – e não sabemos exatamente o que uma mudança como essa pode provocar.”

Segundo o estudo, a perda de oxigênio oceânico está relacionada ao aquecimento global e à acidificação dos oceanos, causados pelo aumento do dióxido de carbono (CO2), consequência das emissões de gases do efeito estufa e da chamada fertilização oceânica.

A fertilização oceânica acontece quando substâncias contendo elementos como fósforo e nitrogênio – usados em fertilizantes agrícolas, por exemplo – são arrastados da terra pela chuva para os rios e chegam ao mar. Ali, provocam o crescimento excessivo da população de algas, fenômeno batizado de eutrofização – que consome muito oxigênio.

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Temperaturas altas contribuem para o processo

A mudança climática tem agravado ainda mais o problema: o aumento da temperatura da água contribui para a redução dos níveis de oxigênio. “Já conhecíamos o problema da redução da concentração de oxigênio, mas não sabíamos da ligação que ele tem com a mudança climática – o que é bastante preocupante”, afirma Minna Epps.

“A maior parte do excesso do calor retido pela Terra é absorvida pelos oceanos, o que inibe a difusão do oxigênio da superfície até águas mais profundas”, explica o coeditor do estudo, Dan Laffoley, membro do programa de Ciência e Conservação Marítima da IUCN.

O estudo identificou mais de 900 regiões costeiras e mares semifechados em todo o mundo, que são objetos da eutrofização. Destas, 700 têm problema de falta de oxigênio, enquanto na década de 60 eram 45.

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Os pesquisadores apontam que a combinação do baixo teor de oxigênio induzido pela eutrofização poderia ser revertida se fossem adotadas as medidas necessárias.

“Para barrar a expansão dessas zonas com baixa concentração de oxigênio [nos mares], precisamos de uma vez por todas frear as emissões de gases de efeito estufa, assim como a poluição por nutrientes, causada pela agricultura e outras atividades”, acrescentou Dan Laffoley.