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fogo Austrália
Foto: Defence Australia

Por RTP | Emissora pública de televisão de Portugal

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Um bombeiro e, ao menos mais 17 pessoas, morreram, áreas gigantescas foram devastadas, o número de animais mortos é de cerca de meio bilhão, várias casas queimaram e a ordem é evacuação em massa. Uma nova onda de calor fez subir os termômetros de todos os estados australianos e são previstas condições meteorológicas ainda mais extremas.

O bombeiro voluntário australiano morreu depois que o caminhão em que seguia ter capotado quando foi atingido por fortes rajadas de vento. Outros dois bombeiros sofreram queimaduras devido ao acidente.

O estado australiano mais afetado pelos incêndios é Victoria, com algumas áreas evacuadas e várias propriedades queimadas. Por lá, a região mais afetada pelas chamas foi a zona leste de Gippsland – local costeiro muito popular como destino de passagem de ano. Cerca de 30 mil residentes e turistas foram obrigados a abandonar a região, mas 17 pessoas ainda estão desaparecidas, segundo o Premier estadual Daniel Andrews.

Fogos de artifício

Com os intensos incêndios, algumas regiões australianas cancelaram o uso de fogo de artifício nesta virada de ano novo. No entanto, as autoridades haviam afirmado que o espetáculo pirotécnico de Sidney – um dos mais icônicos do mundo – não seria cancelado, apesar das críticas.

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Mais de 30% de coalas mortos

Voluntários tentam salvar os animais que estão ameaçados pelas chamas.

A Austrália é a casa de uma variedade de espécies de animais, incluindo cangurus, coalas e gambás. Apesar de não existir um número exato de animais mortos, as autoridades temem que 30% da população de coalas tenha morrido durante os incêndios.

Resgate de gambás em New South Wales.

Abaixo uma ciclista dá água para um coala sedento no parque nacional de “Adelaide Hills”, no sul do país. O registro foi feito na sexta-feira (27) e, entrevista à Reuters, a ciclista Anna Heusler contou que deu a ele toda a água que o grupo possuía: foram sete garrafinhas.

Em novembro de 2019, já havia “viralizado” a imagem de um coala chorando e sendo resgatado, por uma mulher, de uma floresta em chamas. Pouco tempo depois o animal foi sacrificado devido aos graves ferimentos.

Retirada forçada

O governo autorizou, na última quinta-feira, a retirada forçada de moradores dos estados mais devastados pelos incêndios, como Nova Gales do Sul. Os serviços meteorológicos alertam para um novo pico de calor no sábado.

A chefe do governo estadual de Nova Gales do Sul, Gladys Berejiklian, declarou estado de emergência com duração de sete dias para permitir a retirada de pessoas a partir desta sexta-feira (4).

Desde o início da temporada de incêndios, em setembro, esta é a terceira vez que é declarado um estado de emergência na Nova Gales do Sul, o estado mais populoso da Austrália.

“Não tomamos esse tipo de decisão de ânimo leve, mas queremos garantir que são tomadas todas as medidas necessárias para nos prepararmos para o que pode ser um sábado horrível”, explicou Gladys Berejiklian.

A declaração foi feita pouco depois de os bombeiros de Nova Gales do Sul terem pedido aos turistas para saírem de uma área costeira de 200 km de extensão, que abrange a cidade de Batemans Bay (a cerca de 300 km ao sul de Sydney) e se estende até ao sul do estado de Victoria.

Vários incêndios descontrolados devastaram o sudeste do país na véspera do Ano Novo, matando oito pessoas. Foi o dia com maior número de mortes desde o início da crise.

Desde setembro, os incêndios na Austrália já provocaram a morte de pelo menos 18 pessoas, mas o balanço poderá subir, já que as autoridades de Victoria avisaram que há 17 pessoas desaparecidas naquele estado.

Os apelos feitos pelas autoridades são para as pessoas saírem das áreas assinaladas antes de sábado, dia em que se esperam fortes rajadas de vento e temperaturas acima dos 40°C.

A evacuação da área não turística será “a maior de todos os tempos na região”, disse o ministro dos Transportes da Nova Gales do Sul, Andrew Constance.

O diretor-adjunto dos bombeiros, Rob Rogers, admitiu que é impossível, neste momento, apagar ou sequer controlar os incêndios em curso no estado.

“Existem tantos nesta área que não conseguimos conter”, admitiu, acrescentando que, neste momento, o papel dos bombeiros é “apenas garantir que mais ninguém atravesse na frente dos fogos”.

Mais de 400 casas foram destruídas nos últimos dias, número que deverá aumentar à medida que os bombeiros conseguem chegar às aldeias mais remotas.

Navios e aviões militares foram enviados, juntamente com equipes de emergência, para fornecer ajuda humanitária e avaliar os danos nas áreas mais remotas.

Dois navios chegaram ontem (2) de manhã à cidade costeira de Mallacoota, onde as pessoas estão, desde terça-feira, refugiadas na praia para fugir das chamas que atingiram a cidade.

Em um primeiro momento, deverão ser retiradas até 4 mil pessoas, mas as operações podem durar várias semanas, segundo as autoridades.

O comandante da Força de Combate a Incêndios do estado de Victoria, Doug Laidlaw, explicou que as pessoas devem começar a chegar aos navios na sexta-feira de manhã e sublinhou que as crianças, os doentes e os idosos têm prioridade.

Desde o início da temporada de incêndios, mais de 1,3 mil casas foram reduzidas a cinzas e 5,5 milhões de hectares foram destruídos, o que representa uma área maior que a de um país como a Dinamarca ou a Holanda.

A crise provocou protestos para exigir do governo medidas imediatas contra o aquecimento global. Cientistas dizem ser esta a causa destes incêndios.

O primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, que renovou recentemente o seu apoio à indústria de carvão australiana, tem sido amplamente criticado.

Calor extremo

O ano de 2019 foi o mais quente já registrado na Austrália, sendo 1,5°C mais quente que a média histórica desde 1910. Essa tendência tende a piorar os já comuns incêndios no verão e outono, que estão mais severos e neste chegaram mais cedo. A agência meteorológica do país afirmou que as mudanças climáticas estão influenciando a frequência e a gravidade dos incêndios.

Desde agosto, os incêndios em Nova Gales do Sul e Queensland aumentaram as emissões de CO2 em 250 milhões de toneladas. Para se ter uma ideia do absurdo, o valor representa metade das emissões totais do país em 2018. Tais incêndios já são considerados os piores das últimas décadas.

Aliás, a fumaça vem causando problemas respiratórios aos moradores de Sydney, que registra uma qualidade do ar muito pior do que a comum. A situação é tão dramática que até geleiras da Nova Zelândia amanheceram marrom, no primeiro dia do ano, devido a fuligem dos incêndios florestais da Austrália.

Atualizações sobre riscos de incêndio podem ser acompanhados em: Nova Gales do Sul, Austrália Ocidental e Victoria.

Veja também: Incêndios fora de época e sem precedentes assolam a Austrália.