Prefeitura de Maceió vai transformar garrafas de vidro em areia

A Prefeitura de Maceió, em Alagoas, anunciou a implementação de uma inusitada iniciativa para a reciclagem de vidro. Trata-se de uma tecnologia capaz de transformar uma garrafa de vidro em areia em apenas três segundos. O material resultante será então usado em futuras obras na cidade.

O processo de transformação é realizado por meio de uma máquina que tritura as garrafas. O equipamento possui uma tela eletrônica com as instruções de uso. Após triturado, o material será recolhido e armazenado.

Segundo a prefeitura, a tecnologia começou a ser utilizada no Festival Verão Massayó – um festival de música realizado em janeiro – e agora será levada para pontos espalhados pela orla marítima.

Se bem sucedida, a iniciativa vai evitar que diversas toneladas de vidro sejam destinadas aos aterros sanitários. Sendo um material infinitamente reciclável, isso aumentando a vida útil do vidro, economiza recursos ambientais e ainda gera economia para a prefeitura, uma vez que a intenção é que o material seja usado em obras estruturantes na cidade, como construções e pavimentações. As possibilidades de utilização do material ainda estão sendo analisadas pela gestão municipal.

“Certamente é uma alternativa sustentável e econômica para a construção civil e, também, para o desenvolvimento da nossa cidade. Junto a Alurb (Autarquia de Desenvolvimento Sustentável e Limpeza Urbana), estamos estudando a possibilidade de utilização desse material, detectando o melhor percentual de areia proveniente do vidro para incorporá-la em peças de intertravado, como uma forma de reduzir o impacto ambiental do descarte dessas garrafas de vidro”, afirma o secretário de infraestrutura da capital, Lívio Lima.

Vidro em números

O último levantamento da Associação Brasileira das Indústrias de Vidro (Abividro) aponta que são produzidas mais de 8,6 bilhões de unidades de vidro por ano no Brasil. São aproximadamente 1,3 milhões de toneladas do material colocadas no mercado nos mais variados formatos, que movimentam cerca de R$ 120 milhões. Porém, deste total, somente 300 mil toneladas, o que representa cerca de 25%, são destinadas à reciclagem.

Se por outro lado, essa taxa fosse maior os ganhos seriam grandiosos em termos de economia de recursos financeiros e ambientais. De acordo com a empresa eureciclo, cada pedaço de vidro reciclado ajuda a reduzir o consumo de energia, a extração de recursos naturais e a emissão de CO2. É estimado que, a cada 100 toneladas de vidro reciclado, evita-se a emissão de 2 toneladas de CO2 e 64 toneladas de MWH, ou recursos naturais, no processo de fabricação. Por ser um material 100% reciclável, 1kg de vidro oriundo da reciclagem que retorna ao processo produtivo representa 1kg de vidro novo.

Os ganhos exatos de transformar vidro em areia (realizando um processo inverso, uma vez que o vidro provém da areia) não foram divulgados pela prefeitura, mas o simples fato da população ter um local para destinar corretamente o vidro já representa um avanço em relação à maioria das cidades brasileiras. Nesta semana, o CicloVivo trouxe uma ação neste sentido que está sendo realizada em Bonito e, no ano passado, o destaque foi a iniciativa de reciclagem de vidro na capital paulistana.