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Pesquisadores usam borra de café para remover agrotóxicos

O estudo foi conduzido por cientistas da Universidade Tecnológica Federal do Paraná

borra de café filtro
Foto: Athena Lam | Unsplash

Uma das bebidas mais populares do mundo, o café é consumido todos os dias por bilhões de pessoas. Para abastecer tanta gente, o mundo produziu 10 milhões de toneladas de café em 2023, segundo a OIC (Organização Internacional do Café). Todo esse processo também gerou incontáveis toneladas de borras de café que, em decomposição nos aterros, resulta ainda ​​em gás metano – 28 vezes mais poderoso do que o dióxido de carbono (CO2). Em contrapartida, empresas, designers e pesquisadores científicos têm buscado alternativas para lidar com o resíduo de modo mais ecológico e uma descoberta importante foi revelada recentemente por cientistas brasileiros: a borra de café pode ajudar a remover agrotóxicos da água.

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O estudo foi conduzido por uma equipe da Universidade Tecnológica Federal do Paraná (UTFPR) que usou cloreto de zinco para ativar o carbono na borra de café. O carbono, por sua vez, mostrou uma eficiência de 70% na remoção da bentazona – um herbicida muito usado na agricultura. É comum, por exemplo, sua aplicação em culturas de milho e arroz no Sul do país.

Uma pesquisa, publicada na Scielo, afirma que a bentazona, em longo prazo, pode causar efeitos danosos ao ambiente aquático, apresentando alto potencial de deslocamento no solo e podendo atingir principalmente as águas subterrâneas. Há ainda a característica de ser altamente persistente no meio ambiente, ou seja, de difícil degradação.

Caso fosse aplicado em larga escala, a solução traria ao menos um duplo benefício para a sociedade: a remoção dos agrotóxicos em áreas agrícolas e uma destinação nobre aos resíduos da borra de café.

Como foi realizado o estudo

Os cientistas realizaram testes com bentazona dissolvida em líquido, antes e depois do tratamento com o carvão ativado da borra de café usada, observando como ela afetava os tecidos da raiz da cebola, chamados meristemas. Esses tecidos são pontos a partir dos quais as plantas crescem, de modo que o desenvolvimento da planta é interrompido quando são danificados.

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“Antes da adsorção, o efluente causava citogenotoxicidade significativa aos meristemas da raiz da cebola”, escrevem os pesquisadores em artigo publicado no Journal of Chemical Technology & Biotechnology. “Após a adsorção, o efluente gerado não causou mais toxicidade ao sistema teste e os resultados obtidos foram semelhantes ao controle com água destilada.”

Apesar de não estar totalmente claro como funciona o processo de absorção, os resultados preliminares mostram que o carbono proveniente de borras de café usadas é eficaz no tratamento de água poluída pela bentazona.

Os pesquisadores ressaltam que a importância da descoberta também afeta os seres humanos, uma vez que os efeitos adversos causados por agrotóxicos na água representam um risco à saúde humana, mesmo em baixas concentrações.

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