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Altas concentrações de agrotóxicos são detectados em limões

Mais de 90% das amostras analisadas pelo Greenpeace apresentaram combinações de até 7 agrotóxicos diferentes

agrotóxicos limões
Cerca de metade dos pesticidas encontrados são considerados altamente perigosos. | Foto: Rajesh S Balouria | Pexels

O alto uso de agrotóxicos na produção alimentícia do Brasil é um grave problema. Além de contaminar os alimentos, tais substâncias contaminam o solo e os rios. Em uma análise de amostras de limões produzidos no Brasil e vendidos na União Europeia (UE), recentemente, o Greenpeace encontrou resíduos de diversos agrotóxicos.

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Foram testadas mais de 50 amostras da fruta compradas em supermercados e mercados atacadistas na Áustria, Bélgica, França, Alemanha, Itália, Holanda, Espanha e Suécia e todas, exceto uma, continham resíduos de agrotóxicos. Mais de 90% das amostras contendo resíduos apresentaram um “coquetel tóxico”, ou melhor, uma combinação de até sete agrotóxicos diferentes.

Os resultados da pesquisa, reunidos no relatório Acordo UE-Mercosul: um coquetel tóxico, aponta que, das 52 amostras analisadas, 51 continham resíduos de agrotóxicos, sendo que seis entre os ativos encontrados não são aprovados para uso na UE. Além disso, um terço das amostras continha glifosato, um herbicida potencialmente cancerígeno. Em contrapartida, muitos dos agrotóxicos – entre eles o glifosato e os inseticidas imidacloprida e cipermetrina – são vendidos no Brasil justamente por empresas europeias.

Cerca de metade dos pesticidas encontrados são considerados altamente perigosos por representarem um alto risco à saúde de seres humanos e animais e ainda, para o meio ambiente.

“Agrotóxicos já envenenam milhares de pessoas todos os anos no Brasil e matam milhões de abelhas, para citar apenas duas de suas diversas consequências. Quem, então, irá se beneficiar do acordo UE-Mercosul? Certamente não são as pessoas, especialmente da América do Sul, e sim essa indústria nociva de agrotóxicos que insiste em colocar as pessoas em segundo lugar.” afirma Marina Lacôrte, coordenadora de Agricultura e Alimentação do Greenpeace Brasil.

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Acordo UE-Mercosul

O Acordo de livre-comércio entre a União Europeia e o bloco Mercosul (Brasil, Argentina, Paraguai, Uruguai) começou a ser negociado quase 24 anos atrás. Entre os pontos mais relevantes do tratado está o de zerar, em um prazo máximo de 15 anos, as tarifas de importação sobre 91% do intercâmbio comercial.

Para o Greenpeace, apesar de estabelecer metas para reduzir o uso de agrotóxicos, o acordo comercial “promete eliminar tarifas sobre as exportações de agrotóxicos do bloco europeu para os países do Mercosul, além de reduzir o controle sobre os alimentos importados, colocando também sua própria população em risco”.

coquetel de agrotóxicos
Imagem simbólica de um coquetel de agrotóxicos contra o acordo comercial UE-Mercosul. © Marie-Therese Cramer | Greenpeace

Marina Lacôrte ressalta que os gigantes químicos europeus já produzem e exportam para o Brasil substâncias altamente tóxicas, muitas não sendo aprovadas para uso dentro da própria União Europeia, embora acabe por reimportar algumas delas na forma de resíduos nos alimentos, como mostra este último relatório do Greenpeace. Outro ponto a ser considerado é que o acordo consolida uma “conduta neocolonial e extrativista com consequências assimétricas” assim como “perpetua um modelo agrícola e econômico que está destruindo nosso planeta”. Para a especialista, ambos os governos, brasileiro e europeu, “precisam enterrar o acordo UE-Mercosul de uma vez por toda”, finaliza.

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Confira, na íntegra, o relatório Acordo UE-Mercosul: um coquetel tóxico.