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Rio que banha o Pantanal está contaminado por agrotóxicos

Relatório do SOS Pantanal indica a presença de contaminantes de alto risco no Rio Santo Antônio, incluindo substâncias proibidas

agrotóxicos em rio do Pantanal
O Rio Santo Antônio é afluente do Rio Miranda, um dos principais rios da planície pantaneira. Foto: Gustavo Figueirôa | Instituto SOS Pantanal

No último Dia Mundial da Água, 22 de março de 2024, o Instituto SOS Pantanal apresentou dados alarmantes sobre a contaminação do Rio Santo Antônio, afluente do Rio Miranda, um dos principais rios da planície pantaneira. Realizado pela engenheira ambiental Jahdy Moreno Oliveira e pelo engenheiro agrônomo Felipe Augusto Dias, o estudo confirmou as suspeitas de altos índices de resíduos de agrotóxicos.

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“O relatório deixa claro suspeitas que já havíamos levantado em testes rápidos realizados no ano passado. Agora, com uma análise mais aprofundada, constatamos a presença de altos níveis de nitrato e fosfato, presença de coliformes fecais e, principalmente, de substâncias tóxicas. Mas o que nos chamou mais a atenção foi um fungicida chamado Carbendazim, substância proibida desde 2022 no Brasil, da qual provavelmente estão sendo usados estoques remanescentes”, alerta Gustavo Figueirôa, biólogo e diretor de Comunicação e Engajamento do SOS Pantanal.

“Além de ser cancerígena, essa substância pode causar esterilidade em seres humanos e animais, algo muito preocupante porque pode afetar não só a fauna da região como as pessoas que moram ali e dependem do Santo Antônio para sobreviver”, ressalta Gustavo.

agrotóxico rio pantanal
Foto: Gustavo Figueirôa | Instituto SOS Pantanal

A escolha do Rio Santo Antônio para o estudo encomendado pelo SOS Pantanal se deveu ao fato de sua importância como manancial de abastecimento para a cidade de Guia Lopes da Laguna e a possibilidade de, a partir dos resultados, entender o risco de contaminação da água utilizada pela população.

Outro fator importante para o monitoramento do Santo Antônio foram os estudos que identificaram o déficit de Área de Preservação Permanente (APP), considerando o que preconiza o Código Florestal, e o manejo incorreto do solo.

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A manutenção correta do solo, com instalação correta de curvas de nível, aliadas à presença integral da vegetação ciliar APP é decisiva para a manutenção da qualidade da água dos rios.

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Foto: Gustavo Figueirôa | Instituto SOS Pantanal

Entre outras conclusões, o relatório também aponta para questões emergenciais, como a falta de manejo adequado para conservação do solo e da água nas áreas destinadas à produção de grãos no entorno do Rio Santo Antônio, além do agravamento do déficit de APPs com a introdução do plantio de soja em áreas anteriormente ocupadas por pastagens que estão potencializando o assoreamento e a contaminação da água.

A pesquisa ocorreu ao longo da safra de soja 2023/2024, iniciada em outubro de 2023 e finalizada em março de 2024 e está dentro das ações do Projeto Águas que Falam, lançado em 2023 em parceria com a Chalana Esperança e o apoio da Fundação Toyota.

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O projeto Águas que Falam já rodou mais de 3 mil km pelo Pantanal, visitando diferentes comunidades tradicionais e ribeirinhas a fim de ouvir o que eles tem a dizer sobre a qualidade da água que os cercam, além de entregar kits de monitoramento da qualidade da água para 5 destas comunidades. O objetivo é engajar os próprios moradores na produção de dados que serão usados para cobrar do poder público melhorias em suas vidas e de seus familiares.

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Comunidades ribeirinhas recebem kit para avaliar a qualidade das águas. Foto: Gustavo Figueirôa | Instituto SOS Pantanal

O “Relatório de Resíduos de Agrotóxicos no Rio Santo Antônio” apresenta recomendações para a preservação do rio, um importante manancial da área urbana de Guia Lopes da Laguna. Entre outras ações, o relatório sugere:

  • Criação de fóruns permanentes envolvendo entidades de classe ligadas à produção agropecuária para o debate sobre práticas conservacionistas de solo e água e o uso adequado de produtos químicos;
  • Monitoramento continuado do uso de agrotóxicos na bacia do Rio Santo Antônio;
  • Ampliação do monitoramento de agrotóxicos que impactam indivíduos da fauna aquática do Pantanal, como peixes e ariranhas.