Concerto de gelo expõe fragilidade do Ártico (vídeo)
Pedaços de geleira foram transformados em instrumentos musicais pelo Greenpeace.
Pedaços de geleira foram transformados em instrumentos musicais pelo Greenpeace.
Por Greenpeace
Qual é o som do gelo? Depende de como você tocar o seu instrumento musical. Pode ser que ele tenha o som de um violoncelo ou de um berrante. Ou você pode fazer um xilofone de gelo e chamá-lo de “gelofone”.
Pedaços que se soltaram de uma geleira em Svalbard, na Noruega, foram a matéria-prima dos instrumentos de um grupo de quatro músicos e um escultor especialista em gelo. Eles foram até o meio do Oceano Ártico, em parceria com o Greenpeace, para dar “voz” ao gelo e destacar a fragilidade dessa região, que está sob ameaça das mudanças climáticas.
Eles realizaram o que foi o show mais ao norte já feito no planeta. A temperatura era de -12 graus Celsius. A música “Ocean Memories” (ou, “Memórias do Oceano”, em português) foi composta exclusivamente para a ocasião. Mas o concerto, por pouco não aconteceu porque os instrumentos começaram a derreter antes mesmo de serem finalizados.
Em Svalbard, onde ativistas estão a bordo do navio Arctic Sunrise, registrou temperaturas 8 graus acima da média no mês de abril. O time demorou mais de uma semana pesquisando como manter os instrumentos de gelo a salvo e aguardaram as condições climáticas ideais para fazer o concerto. Isso tudo onde deveria ser um dos locais mais frios do planeta.
O som dos sinos, do gelofone, da percussão, um violoncelo e dois berrantes se misturaram em uma melodia que passou a mensagem da necessidade de protegermos pelo menos 30% dos oceanos até 2030.
Um oceano livre de ameaças e saudável nos protege das mudanças climáticas. O carbono, que encontramos no ar da atmosfera é naturalmente absorvido por plantas e animais marinhos. Está nos corpos de criaturas, como baleias e peixes, e pode ser estocado no fundo do mar quando eles morrem. Sem oceanos saudáveis, vai sobrar muito mais carbono na atmosfera e, logo, uma intensificação do aquecimento global.
O Ártico coberto de gelo funciona como um ar condicionado para o planeta. Mas à medida que o gelo derrete, está contribuindo para a aceleração do colapso climático. O que acontece nesse frágil canto do planeta afeta a todos nós.
Essa é apenas a primeira parada da viagem pelos oceanos que vai do Ártico até a Antártida, passando pelos Corais da Amazônia. Durante um ano, ativistas e marinheiros irão fazer pesquisas sobre os oceanos, mostrar as ameaças que eles enfrentam e as belezas que abrigam. Tudo isso vai ser crucial para pressionar os líderes mundiais que estão discutindo um Tratado Global que poderá proteger os oceanos.
“Você tem que tratar o gelo com respeito, senão ele se quebra. Devemos fazer o mesmo com a natureza”, disse o músico Terje Isungset quando a performance no gelo terminou com sucesso. O gelo durou durante a performance. Mas até quando vai aguentar as mudanças climáticas?
Foto da capa: Denis Sinyakov / Greenpeace