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Festivais sustentáveis podem receber apoio financeiro

British Council vai selecionar festivais culturais no Brasil e na América Latina para financiar ações que reduzem impacto ambiental

pista de danca
Foto: Pixabay

A emergência climática é uma realidade e  climáticas e precisamos de agentes de mudanças para tentar reverter este cenário. A cultura também faz parte deste importante movimento e festivais culturais mais sustentáveis vão receber o apoio do British Council, que abriu inscrições para processo de seleção do programa Cultura Circular 2023.

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Até o dia 20 de agosto de 2023, a organização internacional do Reino Unido recebe inscrições de projetos nesse site. Com base nas informações inseridas no formulário de inscrição, serão analisados festivais encerrados até 30 de junho de 2024 e que ocupam diferentes setores e subsetores da cultura. São elas: artes visuais, filme, dança, arquitetura, design, moda, literatura, música e teatro.

Os eventos selecionados serão anunciados no dia 30 de agosto.

show música
Foto: Filip Andrejevic | Unsplash

“Todos nós estamos enfrentando uma emergência climática e a indústria de festivais precisa ser parte da solução. Essa é a principal mensagem que levamos ao planeta por meio do programa Cultura Circular, que tem crescido também na América Latina”, diz María García Holley, Diretora Regional de Artes para as Américas do British Council.

Cultura Circular

Presente na América Latina desde 2021, quando foi lançado no México antes de ser expandido nos anos seguintes a países como Argentina, Brasil, Peru e Venezuela, o programa Cultura Circular oferece subsídios financeiros advindos de um fundo global de 300 mil libras esterlinas (cerca de R$ 1,8 milhão na cotação atual). Festivais no Brasil, Colômbia e México poderão receber de 10.000 a 20.000 libras esterlinas (R$ 63 mil a R$ 126 mil) destinadas a cada país.

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O objetivo é contemplar profissionais que atuam na gestão de festivais de música, cultura e outras áreas – e que buscam ampliar tanto a sua gestão ambiental quanto os seus padrões de sustentabilidade. A iniciativa também capacita esses organizadores por meio de um intercâmbio de boas práticas com especialistas britânicos, visando ampliar o compromisso de festivais latino-americanos com metas sustentáveis — a exemplo da iniciativa #roadtozero, pela qual a entidade busca zerar as emissões de carbono provocadas por esses eventos.

Atualmente, a ação do British Council está presente em mais de 20 cidades dos seguintes países da América Latina: Argentina, Brasil, Colômbia, Cuba, Trinidad e Tobago, México, Peru e Venezuela. Todas essas nações hoje fazem parte da rede global coberta pelo programa, que reforça o compromisso da organização britânica em reconhecer a importância dos festivais na dinâmica das cidades, na promoção da criação artística contemporânea e na expansão das melhores práticas de sustentabilidade.

copo retornável heineken
A Heineken adotou copos retornáveis nos festivais onde está presente. Foto: Alex Woloch

“São eventos que, mais do que nunca, precisam ter consciência sobre o real impacto que causam no meio ambiente, por meio de produção de lixo, desperdício de alimentos, consumo de energia, qualidade do ar, transporte, prejuízos à flora e à fauna e uso de água”, afirma María García Holley.

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A edição 2022-2023 do programa Cultura Circular selecionou 33 festivais em diversos países. Embora 83% dos gestores desses eventos vejam oportunidades para atuar de forma mais ambientalmente sustentável, apenas 52% dos festivais possuem uma equipe de trabalho interna dedicada a desenvolver e/ou coordenar ações ambientais.

Impactos ambientais

De acordo com um estudo de 2019 sobre os impactos do Coachella Valley Music and Arts Festival, realizado há mais de 20 anos na Califórnia (EUA), do total das emissões de carbono produzidas em festivais de música, 80% são provocadas pelo deslocamento do público.

Os desafios se estendem aos eventos realizados na América Latina, embora algumas ações já demonstrem o alto potencial da região para abrigar um setor cultural sustentável no longo prazo. No Brasil, que recebeu 126 festivais de música só em 2022, o Lollapalooza, realizado na cidade de São Paulo (SP), registrou em 2023 cerca de 352 mil itens de plástico descartados em pontos de coleta disponibilizados pela Braskem.

lixo plastico
Foto: Artem Labunsky | Unsplash

No México, que abriga uma média de 181 festivais por ano, a concentração do público nesses eventos aumentou a produção de lixo em até 71% em relação à média de consumo em um dia normal nesses mesmos locais. Em contrapartida, o festival Corona Capital obteve em 2019 um certificado ISO que o ratificou como um evento sustentável, enquanto o festival Vive Latino tem o apoio do Pronatura, maior grupo de conservação ambiental em solo mexicano, para avaliar o seu impacto no meio ambiente e reduzir a sua pegada de carbono.

Na Colômbia, com mais de 100 shows de grande porte marcados para 2023, um estudo da Universidad de los Andes indica uma produção média de 1,5 quilo de lixo por pessoa durante concertos musicais na capital Bogotá. Ou seja, um show com 10 mil pessoas poderia gerar 15 mil quilos de resíduos. Por outro lado, os festivais de música Rock al Parque e Petronio Álvarez e a Meia Maratona de Bogotá fazem ações de reciclagem ao menos desde 2006 e hoje reciclam, respectivamente, 90%, 80% e 70% do lixo que produzem.

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A substituição de copos plásticos por latas de alumínio é uma alternativa para diminuir o impacto ambiental de grandes eventos. Foto: Divulgação

O programa Cultura Circular também busca destacar a posição do Reino Unido na vanguarda global da cultura da sustentabilidade. Nenhuma outra organização demonstra o mesmo empenho e grau de incentivo dentro de uma iniciativa dedicada a fomentar práticas sustentáveis no segmento de festivais.