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Museu das Culturas Indígenas exibe manto sagrado Tupinambá

O manto que está no Museu Nacional da Dinamarca há mais de três séculos será devolvido em janeiro de 2024

manto sagrado Tupinambá
Fotos: Perola Dutra

O MCI – Museu das Culturas Indígenas, localizado na capital paulista, está exibindo um manto sagrado confeccionado por Glicéria Tupinambá na comunidade da Terra Indígena de Olivença, na Bahia. A indumentária integra o Projeto Manto em Movimento, ação de ativação para recepção do manto que será devolvido pelo Museu Nacional da Dinamarca para o Brasil em janeiro de 2024.

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O MCI é uma instituição da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Estado de São Paulo, gerida pela ACAM Portinari (Associação Cultural de Apoio ao Museu Casa de Portinari), em parceria com o Instituto Maracá e o Conselho Indígena Aty Mirim.

No MCI, o manto de Glicéria Tupinambá foi recepcionado por representantes do Conselho Indígena Aty Mirim — composto por indígenas de diversas etnias e territórios do estado de São Paulo. Seus integrantes acolheram o ente sagrado para seu fortalecimento, já que a indumentária tem grande valor espiritual e ritual, considerada um parente divino vinculado ao mundo dos Encantados e à cosmologia Tupinambá, responsável pela conexão com as plantas, os animais, o passado e o presente.

culturas indígenas
Museu das Culturas Indígenas. Foto: Maurício Burim/MCI

A técnica ancestral para confecção se dá pela conexão Tupinambá entre o mundo material e imaterial — da feitura da agulha, do ponto do jereré à comunicação com os pássaros e à reconexão com as matas. O objeto é confeccionado com fibra de algodão, tucum, embebidas no mel, revestidas de penas de pássaro, como o guará e a arara.

Inspiração

A confecção dos mantos de Glicéria Tupinambá — artista, ativista, professora e intelectual, natural da aldeia da Serra do Padeiro — tem início em 2001, quando dois anciãos do seu povo, Aloísio e Nivalda, reencontraram um dos mantos presente na coleção do Museu da Dinamarca.

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Inspirada pela reconexão entre os artefatos, Glicéria confeccionou três mantos com o apoio da comunidade e a orientação dos mais velhos, com o intuito de reencontrar aqueles levados para a Europa.

O reencontro proposto pelos mantos de Glicéria não trata de uma retomada material. Seu trabalho está conectado ao direito à memória e à ancestralidade, que permite exercer o direito de reaprender e reviver uma tradição, relembrando seu modo de feitura e dos rituais que a indumentária representa.

Mantos na Europa

O manto Tupinambá que está no Museu Nacional da Dinamarca há mais de três séculos será devolvido para o Museu Nacional do Rio de Janeiro em janeiro de 2024. A indumentária é feita de penas vermelhas de guará costuradas em uma malha e mede cerca de 1,80 metros. O retorno do manto para o Brasil contou com a articulação do embaixador brasileiro na Dinamarca, Rodrigo de Azeredo Santos, do Museu Nacional e da comunidade Tupinambá da Serra do Padeiro, localizada na ainda não demarcada Terra Indígena Tupinambá Olivença, na Bahia.

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Há registros de 11 mantos Tupinambás em museus europeus. Os artefatos produzidos nos séculos 16 e 17 foram trocados em negociações diplomáticas ou simplesmente saqueados durante a colonização. No Brasil, fisicamente, não restou nenhum.

Projeto Manto em Movimento: exposição

Período: de 12 a 17 de setembro de 2023

Horários: de terça a domingo, das 9h às 18h, e às quintas até às 20h

Ingressos: disponíveis no site

Museu das Culturas Indígenas

Rua Dona Germaine Burchard, 451, Água Branca – São Paulo/SP

Funcionamento: de terça a domingo, das 9h às 18h; às quintas-feiras até às 20h; fechado às segundas-feiras (exceto feriados)

Telefone: (11) 3873-1541