Poluição do ar cai 40% em Paris

O ar mais puro é resultado de políticas públicas que priorizam pedestres, ciclistas e transporte público ao invés de carros

paris ciclistas pedestres
Foto: Dewang Gupta | Unsplash

Em breve, Paris será palco do Jogos Olímpicos e, antes mesmo das competições começarem, a cidade já anuncia uma grande vitória: a redução de 40% na poluição atmosférica desde que a prefeita Anne Hidalgo começou a implementar mudanças para reduzir a dependência de veículos e incentivar uma vida urbana mais verde, em 2014.

A vontade de Hidalgo em transformar Paris em uma cidade melhor levou a administração municipal a investir em diversas iniciativas ambiciosas. Mais de 100 ruas foram fechadas aos carros, os custos de estacionamento para SUVs foram triplicados, quase 50 mil vagas de estacionamento foram excluídas e mais de 1,3 mil de ciclovias foram construídos.

“Assumimos uma ruptura importante e radical: o fim da dependência do automóvel”, declarou Hidalgo num comunicado, atribuindo o ar mais limpo da cidade a estas medidas.

Apoio e desafios

Apesar da queda nas avaliações favoráveis em alguns momentos, as políticas ambientais de Hidalgo receberam forte apoio local. Uma pesquisa de 2023 descobriu que a maioria dos parisienses apoia suas iniciativas. “Sempre serei a favor de políticas que reduzam os carros e aumentem as caminhadas e as bicicletas”, garante a parisiense Louise Claustre.

frança trens
Foto: Pixabay

Muitas dessas modificações foram inspiradas pelo conceito da “cidade de 15 minutos”, na qual serviços essenciais precisam ser acessíveis por meio de uma curta caminhada ou pedalada. Carlos Moreno, professor da Universidade de Paris e ex-consultor da Hidalgo, foi fundamental na formulação desta proposta. Moreno enfatizou a necessidade de se afastar da dependência do carro, afirmando: “Este não é mais o momento para carros, e precisamos lutar contra eles por um futuro de baixo carbono”.

Uma perspectiva global

Enquanto as cidades europeias como Paris liderem o esforço para reduzir a utilização do automóvel, nos Estados Unidos, essas regulamentações têm sido mais lentas. “Durante 100 anos nos EUA, construímos ruas, bairros e cidades em torno dos carros, e é muito difícil desfazer isso”, Nicholas Klein, professor de planejamento urbano e regional na Universidade Cornell, enfatizando a necessidade de mudanças na mobilidade urbana em todo o mundo , já que o setor dos transportes tem um grande impacto nas emissões de gases de efeito estufa e nas mudanças climáticas.

O esforço para minimizar a dependência do carro está sendo impulsionado pela conscientização crescente sobre as consequências ambientais e para a saúde da poluição do ar. Nos EUA, por exemplo, cerca de 40% dos americanos vivem em ambientes poluídos, de acordo com a American Lung Association.

Além disso, a US Energy Information Administration previu que o consumo de gasolina e óleo diesel para transporte seria responsável por 31% do total de emissões de dióxido de carbono relacionadas à energia nos EUA em 2023.

paris área verde
Moradoras aproveitando o ar mais limpo e áreas verdes, em Paris. Foto: Filip Mishevski | Unsplash

Bom exemplo

A transformação urbana de Paris mostra que um futuro menos dependente de automóveis é possível, priorizando uma mobilidade urbana mais sustentável e pessoas mais saudáveis.  E essa possibilidade vai ser vista de perto por milhões de visitantes que estarão na cidade para as Olimpíadas de 2024.

Com tanta gente percebendo os benefícios de uma mobilidade urbana que priorize as pessoas ao invés de automóveis, esperamos que esses visitantes inspirem e incentivem seus governantes a adotar este modelo francês  para combater a emergência climática e a poluição urbana.

champs-élysées jardins
Projeto vai transformar a Champs-Élysées. Foto: PCA-Stream