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Trabalhadores da construção civil criam peças com design sustentável

Projeto Obra & Arte desperta um olhar inovador sobre os resíduos da construção civil que seriam descartados

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Resíduos se transformam em arte pelas mãos de trabalhadores da construção civil. Foto: Divulgação

Desde que o soldador Lázaro Lourenço Dutra teve contato com os profissionais de design do Coletivo ÔDA, de Curitiba, seu olhar para materiais que antes eram apenas matéria-prima descartada, mudou.

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“Eu percebi que é possível transformar algumas sobras em móveis e outros objetos bonitos para serem usados em casa. Eu olho para as peças que estamos criando e sinto um grande orgulho. Essa experiência é ótima porque de agora em diante eu não quero mais parar de colocar as ideias em prática”, conta.

O encontro de Dutra com o design sustentável aconteceu por meio do projeto Obra & Arte, iniciativa do Instituto A.Yoshii, que tem o objetivo de transformar resíduos da construção civil em peças de mobiliário e decoração, além de estimular a criatividade e a consciência sustentável nos participantes.

Esta é a segunda edição do projeto e as oficinas estão sendo feitas em Londrina, no Paraná, com a participação de 12 colaboradores de obras das construtoras A.Yoshii e Yticon. O projeto-piloto teve início em 2019, em Curitiba, com a realização de oficinas ministradas por profissionais de design do Coletivo ÔDA, um dos grupos mais respeitados do Brasil. 

O resultado pode ser visto em projetos inovadores de mesas de jantar, luminárias, pendentes, tabuleiros de jogos, objetos de decoração, entre outras criações, feitas com resíduos, como vergalhões de aço, madeirite e restos de tubos e conexões de PVC.

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Segundo o Panorama dos Resíduos Sólidos, da Associação Brasileira das Empresas de Limpeza Pública (Abrelpe), em 2019 foram geradas 79 milhões de toneladas de resíduos no Brasil. Com o projeto Obra & Arte, o objetivo é reaproveitar este material e dar novo significado aos resíduos gerados pela construção civil. Além de reduzir o impacto ambiental, a iniciativa ensina novas habilidades aos trabalhadores.

“O envolvimento deles é tão forte que estendemos as oficinas no mês de fevereiro. Algumas peças podem ser conferidas nos apartamentos decorados em Londrina, Maringá, Curitiba e Campinas. As peças também estarão disponíveis em um catálogo para quem se interessar em adquiri-las”, revela o vice-presidente do Instituto A.Yoshii, Aparecido Siqueira.

Novos olhares

O líder de pedreiro Tiago Bento também participa das oficinas e conta que nunca havia feito nada parecido. “Nunca tive esse olhar de reutilizar um material e chegar a um resultado tão bonito. Essa experiência está fazendo com que eu encare os materiais como uma possível obra de arte”, afirma Bento, que divide a autoria de uma mesa de jantar em mosaico com o mestre de obras Neivaldo Santinon.

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O líder de pedreiro Tiago Bento e o mestre de obras Neivaldo Santinon trabalham juntos em uma mesa de jantar em mosaico feita com resíduos da construção civil. Foto: Divulgação

A engenheira de Segurança do Trabalho Larissa Furtado viu nas oficinas uma oportunidade de unir o prazer dos trabalhos manuais com a responsabilidade ambiental. Junto com Dutra, eles criaram luminárias para bancada e para piso, a partir de pedras e vergalhões. “O contato com os profissionais de design foi agregador, especialmente na questão do acabamento, no despertar da criatividade. Ações como essa são prova que podemos fazer nossa parte para preservar a natureza”, ressalta.

Mesmo com uma longa trajetória na área de acabamentos, Vrademir Aparecido Massoni se surpreendeu com a experiência obtida na oficina. “Quando recebi o convite, não tinha ideia de como esse curso iria transformar meu olhar. Hoje, antes mesmo de finalizar uma obra, já vou separando tudo o que possa ser reutilizado na arte, desde um pequeno pedaço de cerâmica, a um resto de alumínio”, conta.

Para ele, esta mudança de percepção sobre a reutilização dos materiais trouxe novas aspirações em sua vida e no trabalho, como produzir peças de decoração e possibilidades diferentes de acabamentos, com formas mais autorais. “Juntamente com a equipe de arquitetura, criamos um mosaico com sobras de materiais para revestimento de uma parede de cozinha. Nada mais é descartado como entulho”, explica.