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Trabalho presencial piora qualidade de vida para 64,4% das pessoas

Pesquisa Infojobs avaliou ainda que a maior parte dos profissionais se sente menos produtivo ao final de um dia de trabalho no escritório

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Foto: Major Tom Agency | Unsplash

Durante muitos anos, o modelo de trabalho presencial era a única opção para a grande maioria das pessoas. Trabalhar à distância, mesmo com todos os recursos de tecnologia e comunicação disponíveis não era sequer uma opção. A pandemia mudou essa perspectiva com a necessidade do distanciamento e o trabalho remoto se tornou uma realidade.

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Com a vacina e a volta ao “normal” muitas empresas haviam mantido um modelo remoto ou híbrido de trabalho e, aos poucos, a volta ao escritório foi acontecendo em diferentes medidas. Para avaliar o impacto destas mudanças, o Infojobs e o Grupo RH realizaram uma pesquisa e os resultados mostram que 64,4% das pessoas que trabalhavam em home office e precisaram voltar ao presencial sentem que a qualidade de vida piorou.

A pesquisa foi realizada com 1.008 respondentes, onde 55,9% se identificam com o gênero feminino e 45,9% com o gênero masculino. A maior faixa etária de respondentes está entre 35 a 44 anos (34,7%), seguido por 35 a 35 anos (38,4%) e 65,4% residem no sudeste do Brasil.

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Foto: Windows | Unsplash

Novas prioridades

A possibilidade de trabalhar à distância foi inclusive apontada como um critério para aceitar ou não uma proposta de emprego, já que muitos profissionais passaram a considerar outras prioridades para esta escolha.

“Muitas vezes, o trabalhador gasta duas ou três horas para chegar ao local de trabalho, não só por distância, mas trânsito também. O profissional fica cada vez mais cansado, com menos tempo para fazer um curso, ficar com a família, ter um momento de lazer, relaxar ou outra atividade prazerosa, o que pode refletir positivamente no desempenho, mas a ausência dessas rotinas que se tornou mais comum na pandemia prejudica a qualidade de vida”, comenta Ana Paula Prado, CEO do Infojobs.

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Foto: Mikey Harris | Unsplash

Em relação à produtividade, o estudo revelou que 58,3% dos respondentes se sente menos produtivo ao final de um dia de trabalho presencial, enquanto apenas 21,3% se sente mais produtivo. Muito disso, porque 73,9% dos participantes afirmam que o RH da empresa não criou ações visando uma melhor gestão e engajamento nesse processo de retomada.

“Os resultados revelam um enorme desafio que os RHs já estão tendo que administrar e que tende a ficar ainda maior no futuro próximo: conciliar as diretrizes da gestão organizacional com aquilo que quer e busca o colaborador. A maioria das empresas parece querer voltar ao mundo pré-pandemia, sendo que poucas consultaram as pessoas se era isso que queriam”, comenta Daniel Consani, CEO do Grupo TopRH.

Nos casos em que alguma ação foi criada, os destaques foram: horário flexíveis (23,1%), ações pensando em bem-estar e saúde mental (21,8%) e restauração do escritório (18,4%) .

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Foto: iStock

“Foram criadas pouquíssimas iniciativas, mas o foco é e sempre deve ser proporcionar maior equilíbrio entre as vidas pessoal e profissional, além de criar ações de engajamento, como treinamentos para o desenvolvimento e interação dos colaboradores”, afirma Ana Paula Prado.

A pesquisa mostrou pouquíssimas iniciativas do setor para reverter os impactos negativos. Quando o trabalho remoto começou a se popularizar, muitas pessoas passaram a publicar nas redes sociais profissionais ou pessoais sobre pequenos prazeres da vida que esse formato de trabalho possibilitou, além de trazer diversas reflexões sobre como se dá a vida no presencial.

Para Daniel, um RH que não está preparado para receber profissionais no presencial e não cria iniciativas pode sofrer com um cenário de enormes dificuldades. “Nunca foi tão importante atuar diretamente na construção de uma cultura organizacional forte, que foque na transversalidade e transparência da gestão, entendendo que cultura e propósito devem ir muito além dos ‘muros’ da organização”, opina.

Sentimentos de quem voltou ao presencial

Em 78,5% dos casos, a empresa não consultou a opinião do colaborador antes de retornar ao modelo de trabalho presencial ou híbrido. Dos respondentes, 47,2% trabalham no formato 100% presencial, 33,2% no modelo híbrido e 19,5% atuam de forma 100% remota. Entre os que atuam em algum formato que contempla idas presenciais, 55,7% afirmam que vão presencialmente de 5 a 6 vezes por semana, e 23,7% de 3 a 4 vezes.

Nesse cenário, 58,4% dos participantes dizem que gostariam de mais dias de trabalho remoto e menos presenciais. Além disso, 85,3% afirmam que aceitaram uma proposta de trabalho que tivesse mais dias de home office, reforçando o maior interesse dos profissionais em atuar nesse modelo.

A respeito de mudanças dentro dos aspectos culturais da empresa no atual modelo de trabalho, os destaques foram: reuniões desnecessárias (18,6%), liderança pouco preparada para gestão remota (14,2%) e liderança tóxica (12%).

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Foto: Pixabay

“Ainda há tempo de reverter esse cenário. O RH precisa olhar as necessidades coletivas e individuais e estabelecer políticas para tornar a situação mais confortável para todos, sempre apoiadas pelas lideranças, que atuam em linha de frente com os colaboradores. Precisamos levar em consideração que reter talentos é um dos maiores desafios atuais, portanto, empresas que querem manter bons funcionários, precisam conferir e recalcular a rota em tempo real, para garantir valorização e bem-estar de quem trabalha na organização. Funcionários felizes percorrem distâncias maiores sentido aos resultados almejados”, conclui a CEO do Infojobs.

Impacto ambiental

Um estudo conduzido por pesquisadores da Universidade Cornell e da Microsoft descobriu que o trabalho remoto é também uma opção melhor para o planeta. De acordo com os resultados, trabalhar remotamente pode trazer grandes benefícios ambientais, entre eles, reduzir as emissões de carbono da empresa.

Em comparação com aqueles que se deslocam para o escritório, quem trabalha remotamente o tempo todo pode reduzir as suas emissões de gases com efeito de estufa em 54%. No caso de um esquema híbrido, a redução é de 11% quando trabalham remotamente dois dias por semana e em 29% quando passam quatro dias a trabalhar a partir de casa.

Em entrevista ao The Washington Post, o gerente de pesquisas da Microsoft, Longgi Yang, disse que para que as vantagens ambientais sejam significativas, a adoção do trabalho remoto também precisa ser consistente. “Este estudo fornece dados muito importantes para uma dimensão com a qual as pessoas se preocupam muito quando decidem uma política de trabalho remoto”, completa.

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Foto: Tina Witherspoon | Unsplash

O professor destacou que as casas das pessoas nem sempre são tão eficientes em termos energéticos quanto os prédios comerciais e que as impressoras de escritório tendem a ser mais eficientes do que as impressoras usadas em casa.

“Embora o trabalho remoto mostre potencial na redução da pegada de carbono, a consideração cuidadosa dos padrões de deslocamento, do consumo de energia dos edifícios, da propriedade de veículos e das viagens não relacionadas ao deslocamento é essencial para concretizar plenamente seus benefícios ambientais”, afirma o estudo.

“Para ter um plano abrangente para algo como isto, é preciso olhar para mais do que apenas o local de trabalho. As outras escolhas que as pessoas fazem nas suas vidas também terão impacto nas emissões que criam e que as organizações também podem criar”, disse John Trougakos, professor de comportamento organizacional e gestão de recursos humanos na Universidade de Toronto-Scarborough.