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Qualidade do ar em Manaus ameaça a saúde de moradores

Cidade registrou uma das piores qualidades do ar do mundo – Governo Federal intensificou ações de combate a incêndios ilegais

fumaça Manaus
Foto: Raphael Alves | Fotos Públicas

Foram semanas de calor intenso somados à fumaça de incêndios, em sua maioria criminosos. Essa combinação de fatores, fez com que o ar de Manaus, capital do Amazonas, registrasse uma das piores qualidades do ar do mundo na quarta-feira da última semana, 11 de outubro de 2023. No sábado, uma forte chuva aliviou a situação, mas a situação segue preocupante.

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A plataforma Selva, que monitora os níveis de poluição do ar em Manaus, mostrou que a qualidade do ar estava péssima em várias áreas urbanas. A poluição chegou a ultrapassar os limites da escala que mede os níveis de partículas por metro cúbico. Numa escala de 0 a 160 µg/m3, Manaus chegou a atingir 499 µg/m3, entre 8h e 9h de 4ª feira, sendo que a diretriz da Organização Mundial da Saúde para a concentração de material particulado na atmosfera é de, no máximo, 50 µg/m3 para um período de 24 horas.

Foto: Raphael Alves | Fotos Públicas

Os dados da Selva, que possui 17 sensores em Manaus, são usados pela World Air Quality Index, outra plataforma que mostra os níveis de poluição no mundo. Foi por isso que os índices colocaram a capital do Amazonas entre as piores cidades do planeta em poluição do ar, o que resultou em um aumentos das ocorrências de atendimentos por doenças respiratórias no serviço de saúde pública.

Após anos de recordes de desmatamento, a região amazônica, ainda sofre com queimadas criminosas. O fogo ocorre nos locais desmatados anteriormente. Com os índices de desmatamento em queda, o combate aos incêndios precisa ser reforçado. Para isso, o IBAMA anunciou o deslocamento de 149 brigadistas de outras regiões do Brasil para o combate aos incêndios no Amazonas e a Força Nacional também poderá ser utilizada.

fogo Amazônia
Queimada e vista em meio a área de floresta próxima a capital Porto Velho. Foto: Bruno Kelly | Amzonia Real | Flickr (cc-by-2.0)

O Programa Queimadas, operado pelo INPE, identificou 2.770 focos de calor ativos no Amazonas desde o dia 1º de outubro – o número já é um recorde histórico e supera o total registrado em outubro de 2022 (1.503).
“O principal vetor das queimadas é o desmatamento. Não existe fogo natural na Amazônia. O fogo é feito propositadamente por criminosos ou é a transformação da cobertura vegetal para determinados usos e, depois, o atamento de fogo”, explicou a ministra Marina Silva (Meio Ambiente e Mudança do Clima) em coletiva de imprensa realizada em Manaus.

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brigadistas Marina Silva
Marina Silva com parte da equipe de brigadistas. Foto: IBAMA | Governo Federal

Segundo o MapBiomas, durante o mês de setembro, quase 4 milhões de hectares foram queimados em todo o Brasil, o que representa quase a metade dos 9 milhões de ha queimados desde janeiro de 2023. A Amazônia foi a mais afetada pelo fogo: 1,9 milhões de ha foram queimados no último mês, o que representa 49,6% do total. Já o Cerrado vem logo atrás, com 1,7 milhão de ha (44,6%).

Desmatamento em queda

A redução recente no desmatamento na Amazônia – queda de 64,4% nos alertas entre janeiro e setembro deste ano em relação ao mesmo período em 2022 – ajudou a evitar uma crise ainda pior. Isso porque as condições climáticas na Amazônia sob efeito das mudanças climáticas e do El Niño, que levou a atual forte seca, facilitam a disseminação do fogo. De toda forma, o desmatamento excessivo registrado nos últimos anos também tem peso na crise atual.

“As pessoas derrubam a floresta, que é úmida, esperam ela secar e queimam; a floresta tenta se regenerar e é queimada no ano seguinte. Regenera de novo e queima no terceiro ano. Normalmente, são de três a cinco anos de queimada em uma mesma área para que haja o fim da floresta naquele local”, argumentou o presidente do IBAMA, Rodrigo Agostinho. Segundo ele, a seca tem sido tão intensa que o fogo das áreas desmatadas está atingindo também a floresta ainda em pé.

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brigadistas no Brasil
Rodrigo Coutinho, presidente do IBAMA, durante coletiva de imprensa. Foto: IBAMA | Governo Federal

Segundo o Governo Federal, o Ibama também tem intensificado a fiscalização no estado, buscando responsabilizar àqueles que infringem a lei, contando, inclusive, com o suporte de uma equipe especializada para o resgate da fauna.

“A redução do desmatamento é uma das principais estratégias adotadas para a redução de focos de incêndio. Estamos intensificando a fiscalização por meio da aplicação de multas e realização de embargos em áreas ilegais. Apenas este ano, o Ibama já aplicou 11 mil multas de desmatamento”, destacou o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho.

O Instituto ainda doou 200 kits de equipamentos para o governo do Amazonas, a fim de que o estado consiga contratar mais brigadistas e disponibilizou dois helicópteros para atuar em operações de combate aos incêndios.

amazônia focos de calor
Fogo de desmatamento na Amazônia, em junho de 2022. Foto: Ivan Canabrava | IPAM | Woodwell