O que são as Reservas Particulares?
As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) possibilitam a que a iniciativa privada conserve a natureza e a biodiversidade
As Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN) possibilitam a que a iniciativa privada conserve a natureza e a biodiversidade
No dia 31 de janeiro é comemorado o Dia Nacional das Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPN), uma das categorias de unidades de conservação (UCs) que contribuem para a conservação da natureza e a preservação da biodiversidade no país.
Reconhecidas pelo poder público em função da relevância da biodiversidade nelas contida e implementadas por iniciativa voluntária dos proprietários, sejam eles pessoas físicas ou jurídicas, essas áreas protegidas podem ser direcionadas a diferentes atividades, como pesquisas científicas e visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais, conforme previsto nos planos de manejo.
Atualmente, de acordo com dados da Confederação Nacional de RPPNs, o Brasil conta com 1.802 reservas dessa categoria, somando 821 mil hectares protegidos. Como comparação, a soma das áreas de RPPNs é superior à soma territorial de todas as capitais brasileiras (803 mil hectares). A maioria das RPPNs está localizada na Mata Atlântica (72,8%), seguido pelo Cerrado (15,6%), Caatinga (5,5%), Amazônia (3,3%) e Pantanal (1,2%).
A partir do momento que uma RPPN é criada, a conservação da natureza é perpetuada, uma vez que aquela área sempre será uma unidade de conservação, mesmo que a propriedade seja vendida. Trata-se de uma estratégia de conservação, buscando maior engajamento da sociedade.
Um legado que fica para gerações futuras e que contribui diretamente para a proteção da biodiversidade brasileira, constituindo áreas muito importantes para a criação de corredores naturais para a circulação da fauna silvestre.
Sem colocar em risco a conservação, as reservas particulares ainda têm potencial para incorporar modelos de negócio capazes de gerar emprego e renda. É perfeitamente possível desenvolver atividades com finalidade econômica ligada à educação ambiental e ao ecoturismo, por exemplo, desde que sejam previstas e aprovadas no plano de manejo.
Além disso, a visão de negócios pode engajar comunidades do entorno das RPPN sobre a importância de proteger a natureza, pois os benefícios socioeconômicos diretos e indiretos gerados podem ser compartilhados. Os atrativos naturais das reservas particulares podem estar associados a outras atrações culturais, históricas, gastronômicas, contribuindo para o desenvolvimento sustentável regional e gerando oportunidades de renda e emprego para as comunidades.
As reservas particulares também contribuem para a manutenção da qualidade de vida, servindo como áreas de contenção de enchentes, melhorando a qualidade do ar e proporcionando espaços de convivência harmônica entre os moradores e a natureza. Por todos esses benefícios, é fundamental que o poder público crie incentivos que facilitem e estimulem a criação destas áreas, seu planejamento e manutenção.
Exemplos de Reservas Particulares na Mata Atlântica e no Cerrado
A Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza mantém duas RPPNs no país: a Reserva Natural Serra do Tombador, em Cavalcante, no Cerrado goiano, e a Reserva Natural Salto Morato, no município paranaense de Guaraqueçaba, no coração da Grande Reserva Mata Atlântica.
Enquanto a primeira tem concentrado esforços nas ações de conservação e pesquisas científicas, especialmente em relação à ecologia do fogo, a segunda também tem investido amplamente em ações recreativas e educativas, sendo aberta à visitação e vivência com a natureza. Juntas, elas preservam mais de 11 mil hectares de vegetação nativa.
A Reserva Natural Salto Morato tem recebido, em média, 6 mil visitantes por ano. Entre os principais atrativos estão a cachoeira de 100 metros de altura, que dá nome à Reserva; uma figueira centenária, que forma uma ponte-viva sobre o Rio do Engenho; centro de visitantes; um aquário natural; três trilhas, sendo uma delas planejada especialmente para crianças; observação de aves; banho de rio; e área para camping. Em 2022, a RPPN gerou ao município de Guaraqueçaba R$ 137,2 mil de ICMS Ecológico.
Com informações de Leide Takahashi, gerente sênior de Conservação da Biodiversidade da Fundação Grupo Boticário de Proteção à Natureza e membro da Rede de Especialistas em Conservação da Natureza
É uma unidade de conservação (UC) de domínio privado, gravada com perpetuidade na matrícula do imóvel, com o objetivo de conservar a diversidade biológica. A criação desta UC não afeta a titularidade do imóvel.
As RPPNs contribuem para a ampliação das áreas protegidas no país de diversas formas:
Pessoas físicas ou jurídicas proprietárias de imóveis rurais ou urbanos com potencial para a conservação da natureza. Em geral são amostras de áreas com bom grau de preservação.
Sim, a empresa, enquanto pessoa jurídica, pode criar RPPN em imóvel de sua propriedade. Várias empresas têm criado RPPN, como uma forma de incorporar nos seus processos a cultura ambiental tão difundida na sociedade atual. Em alguns casos, é necessária a anuência da diretoria que responde pelos atos e gestão da empresa, conforme previsto em seu estatuto.
Na RPPN são permitidas atividades de pesquisas científicas e visitação com objetivos turísticos, recreativos e educacionais, conforme previsto no seu plano de manejo.
Fonte: Ministério do Meio-Ambiente – ICMBio