Monocultura de eucalipto ameaça Alto Jequitinhonha, aponta estudo

Mais de 60% da região está tomada pela plantação de eucalipto, o que impacta negativamente, solo, vegetação e moradores locais

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Uma pesquisa realizada pelo Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV) aponta para graves impactos ambientais da monocultura de eucalipto na região do Alto Jequitinhonha, Minas Gerais.

Entre os dados mais preocupantes da pesquisa está o fato de que mais de 61% das áreas rurais da região estão tomadas por eucalipto. A planta é conhecida por extrair o máximo possível do solo, água e sais minerais e é considerada uma das principais responsáveis pela desertificação da região.

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Foto: Pixabay

A diminuição da recarga de água, o rebaixamento dos lençóis freáticos, o secamento de veredas e nascentes e a diminuição das vazões dos rios são apontados como as principais consequências diretas do plantio do eucalipto.

Só no quesito água, por exemplo, a vegetação nativa do cerrado era capaz de absorver para o solo cerca de 50% do que caía das chuvas. Com a monocultura de eucalipto, esse número cai drasticamente para apenas 29%.

O estudo chamado “Salvaguardas ambientais: analisando impactos da monocultura de eucalipto” foi feito em parceria com pesquisadores da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (INFMG), Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri (UFVJM), Instituto Federal do Leste de Minas Gerais (IFLMG) e Instituto Federal do Sudeste de Minas Gerais (IFSMG), além de ter recebido apoio do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor).

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Uso e ocupação do solo na chapada das Veredas. Fonte: Silva, 2019.

Impacto social

Além de todo o impacto ambiental, o plantio de eucalipto também tem trazido problemas sociais para a região. O início das plantações começou a partir de incentivos fiscais na época da ditadura militar, nos anos 70. Com o passar dos anos, a região foi tomada pela monocultura da planta e junto disso vieram remoções, desapropriações e problemas hídricos.

Na região analisada, 52% das famílias têm consumo médio de 43 litros de água por habitante/dia, enquanto a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece como quantidade mínima de consumo 110 litros de água por habitante/dia.

Os custos atuais de abastecimento de água recaem sobre as próprias famílias, o poder público e a sociedade como um todo, que custeiam caminhões pipas para garantir o acesso mínimo à água, enquanto o lucro pela exploração da atividade econômica é apropriado pela empresa.

Para acessar o estudo completo, clique AQUI.

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Nascente com mata ciliar preservada, mês de setembro. Fonte: Nilmar Lage, 2021