Focos de calor na Amazônia atingem o maior número desde 2010
Apesar da proibição, número é 18% maior que o registrado no ano passado
Apesar da proibição, número é 18% maior que o registrado no ano passado
Dados do Programa Queimadas do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), divulgados neste 1º de setembro de 2022, mostram que agosto registrou 33.116 focos de calor no bioma Amazônia – todos ilegais. Desde 23 de junho, o Decreto Nº 11.100 proibe o uso do fogo na Amazônia e Pantanal.
O número alarmante constata que não existe uma política séria de combate ao desmatamento e queimadas na Amazônia e que, além de destruir a rica biodiversidade da floresta, enchem as cidades da região de fumaça e fuligem.
Do total de focos de calor do ano registrados até 31 de agosto – 46.022, houve um aumento de 16,7% em relação ao ano passado, maior número acumulado para o período desde 2019. Desse total, 43% ocorreram apenas em dez municípios da Amazônia, sendo cinco deles localizados na região da Amacro (siglas de Amazonas, Acre e Rondônia), considerada a nova fronteira de expansão da economia da destruição na Amazônia e que vem acelerando as taxas de desmatamento e queimadas.
“Realizamos um sobrevoo de monitoramento de queimadas e desmatamento na região da Amacro, e flagramos o maior desmatamento da Amazônia no último ano: cerca de 8 mil hectares, equivalente a 11 mil campos de futebol queimando. Participo desses monitoramentos há mais de dez anos, e nunca tinha visto um desmatamento tão grande e também com tanta fumaça”, afirma Rômulo Batista, porta-voz de Amazônia do Greenpeace Brasil.
Outro fator relevante é o avanço das queimadas em terras públicas. Do total de focos de calor, 13,8% ocorreram em Unidades de Conservação (UC), e 5,9%, em Terras Indígenas (TI). Outro dado que preocupa é que mais de 10.600 queimadas, cerca de ¼ do total, ocorreram em florestas públicas não destinadas. Mais um indício do avanço da grilagem.
“Ao invés do poder Executivo e dos parlamentares estarem focados em conter os impactos da destruição da Amazônia sobre a população e o clima e em combater o crime que avança na floresta – que não só destrói nossas riquezas naturais, mas também, a imagem e a economia do país; ainda assim, tentam aprovar projetos que irão acelerar ainda mais o desmatamento, os conflitos no campo e a invasão de terras públicas. Nosso país não precisa da aprovação destes projetos, mas sim de uma política que promova um real avanço no combate ao desmatamento, queimadas, grilagem de terras e que defenda os povos da floresta”, finaliza Rômulo.