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queimadas na Amazônia
Incêndio em Lábrea, no extremo sul do estado do Amazonas, que fica na divisa com o Acre e Rondônia, que é o segundo município com mais focos da Amazônia ao longo do mês de setembro. Foto: Adriano Gambarini | WWF-Brasil

Os dados do mais recente relatório do Monitor do Fogo do MapBiomas revelam que em setembro, as queimadas consumiram 5.825.520 hectares no Brasil, área que representa 50% de tudo que foi queimado nos nove primeiros meses de 2022. Neste ano, o Brasil acumulou um total de 11.749.938 hectares queimados entre janeiro e setembro deste ano – uma área maior que todo o estado de Pernambuco.

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Houve um aumento de 1% em relação à área afetada pelo fogo no mesmo período de 2021. Mas, por trás dessa aparente estabilidade há grandes variações: um crescimento na área queimada de 40% na Amazônia (mais de 1,6 milhões de hectares) e de impressionantes 1500% no Pampa (27.317 hectares).

Em setembro, o bioma com maior extensão queimada foi o Cerrado, com 2.973.443 ha queimados, 13% a mais que no mesmo mês de 2021. A Amazônia, por sua vez, foi o bioma com maior aumento de área queimada em relação ao mesmo mês de 2021: 71% (1.080.388 ha a mais). Na comparação com agosto deste ano, o aumento foi de 52%, no caso da Amazônia, e de 149%, no Cerrado.

Biomas queimados

Praticamente metade das queimadas entre janeiro e setembro deste ano (49%, ou 5.797.298 ha) ocorreu no bioma Amazônia. Porém a situação do Cerrado mostra-se mais preocupante. Embora tenha a metade do tamanho da Amazônia, ele ficou bem perto dos números amazônicos (46%, ou 5.408.154 ha). Juntos, eles somam 95% da área queimada no Brasil até setembro de 2022.

queimadas amazônia
Sobrevoo em Porto Velho, na região da Amacro (Amazonas, Acre e Rondônia), em uma área com cerca de 8.000 hectares de desmatamento – a maior em 2022. Foto: Nilmar Lage | Greenpeace Brasil

Quase um terço (29%, ou 1.698.583 ha) do que foi queimado na Amazônia afetou florestas, sendo incêndios ou desmatamento seguido de fogo. Esse número é 106% maior do que a área de floresta afetada por fogo no bioma no mesmo período em 2021 (826.107 ha).

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“Importante ressaltar que esse aumento da área de incêndios florestais na Amazônia em 2022 é um péssimo indicador para a região, pois essas florestas não são adaptadas ao fogo e acabam ficando mais suscetíveis a novos incêndios se tornando degradadas”, afirma Ane Alencar Coordenadora do Mapbiomas Fogo e Diretora de Ciência do IPAM.

O crescimento das queimadas em florestas no Brasil foi de 34%, com cerca de 2 milhões de hectares (1.942.949 ha). A quase totalidade (87%) desses incêndios florestais ocorreram na Amazônia.

Pantanal
Paisagem da Baixa Nhecolândia, no Pantanal. A macrorregião abriga a maior planície inundável do planeta. Foto: Luís Assine | Unesp

Enquanto Amazônia e Pampa tiveram aumento, o Pantanal apresentou a menor área queimada nos últimos quatro anos, com 83% de redução na comparação do período entre janeiro e setembro de 2022 com o ano anterior.

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Queimadas

Em todos os biomas, as queimadas ocorrem preferencialmente em áreas de vegetação nativa em formações savânicas e campestres, que responderam por 69% da área queimada no período no Brasil. Dentro os tipos de uso agropecuário, as pastagens se destacaram, representando 25% da área queimada nos nove primeiros meses de 2022.

desmatamento Cerrado
Área de cerrado desmatada para plantio no município de Alto Paraíso. Foto: Marcelo Camargo | Agência Brasil

“O padrão de queima de formações savânicas e campestres tem dominado as estatísticas de área queimada no Brasil. Isso acontece, pois esses tipos de vegetação tem um regime de fogo associado. Entretanto temos que ficar alertas pois parte desse fogo está acontecendo com frequência e intensidade diferente do regime esperado para esses ecossistemas” afirma a coordenadora operacional do Mapbiomas Fogo e pesquisadora do IPAM Vera Arruda.

Para acessar a plataforma com todos s dados, clique AQUI.

amazônia focos de calor
Fogo de desmatamento na Amazônia Foto: Ivan Canabrava | IPAM | Woodwell

Mapa do fogo

Todos os estados recordistas em queimadas ficam em fronteiras agropecuárias, sendo que Mato Grosso foi o estado que mais queimou nos primeiros 9 meses de 2022, concentrando quase ¼ do que foi queimado no Brasil nesse período. Pará e Tocantins ocupam o segundo e o terceiro da posição no ranking. Juntos, esses três estados representaram 57% da área queimada total afetada no período. Mas quando se considera apenas o bioma Cerrado, os estados que mais queimaram entre janeiro e setembro de 2022 são Mato Grosso, Tocantins e Maranhão.

Todos os municípios recordistas em queimadas ficam no bioma Amazônia – mais especificamente, no estado do Pará: São Félix do Xingu, Altamira e Novo Progresso. Juntos, eles foram responsáveis pela queima de 1.052.700 de ha, ou 9% do total nacional. O crescimento em relação a 2021, quando esses municípios em 2021 queimaram juntos 407.212 ha, foi de 158%. Se considerarmos apenas setembro de 2022, os municípios de São Félix do Xingu e Altamira permanecem como os que tiveram maior área queimada. “Esses números refletem o avanço do desmatamento, que tem no oeste do Pará uma das suas fronteiras mais ativas”, explica Ane Alencar.

Para conferir o boletim mensal com os destaques de setembro, clique AQUI.

Brasil política crise climática
Foto: Greenpeace Brasil