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Rio Grande do Sul tem previsão de novas chuvas volumosas

Segundo a Climatempo, precipitações que podem superar 300 mm estão previstas para os próximos dias nas bacias dos rios que desaguam no rio Guaíba

enchente em porto alegre
Enchente em Porto Alegre, Rio Grande do Sul. Foto: Gustavo Mansur | Palácio Piratini

O Rio Grande do Sul ainda irá registrar chuvas intensas nos próximos dias nas bacias dos rios que desaguam no Rio Guaíba, o que deve ampliar a situação crítica vivida pelos municípios gaúchos e pelos mais variados setores, como agronegócio, energia e infraestrutura. Segundo a Climatempo, a maior e mais reconhecida empresa de consultoria meteorológica e previsão do tempo do Brasil e da América Latina, o atual fenômeno meteorológico é o mais intenso e bateu recordes de precipitações em relação ao ocorrido em 1941, e a perspectiva é que o intervalo entre evento como este seja menor em função das mudanças climáticas.

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Em algumas localidades, como a divisa entre o Rio Grande do Sul e Santa Catarina, a previsão da Climatempo é que as precipitações sejam superiores a 300 mm a partir de amanhã (sexta-feira 10/05) até a próxima segunda.

“O sistema de alta pressão persistente sobre o Centro-Oeste, Sudeste e parte do Paraná, faz com que a massa de ar quente, que está estacionada nessas áreas, impeça o avanço da frente fria oriunda da Argentina e que entra pelo Sul do País. O choque entre esses dois sistemas causará chuvas bastante volumosas na Serra Gaúcha, do Planalto Norte e, também, na região dos vales do Rio Grande do Sul”, alerta o meteorologista Vinícius Lucyrio, da Climatempo.

enchentes RS
Ação do Corpo de Bombeiros no bairro Mathias Velho em Canoas. | Fotos: Gustavo Mansur | Palácio Piratini

As maiores precipitações devem atingir municípios do norte e da Serra Gaúcha, regiões onde se encontram as cabeceiras de diversos rios como o Taquari, Jacuí, Caí e Sinos, fazendo com que haja um retrocesso na queda do nível do rio Guaíba e que novas enchentes atinjam a região metropolitana de Porto Alegre.

“O fato de chover nas cabeceiras dos rios que desaguam no rio Guaíba é decisivo, pois o solo já está saturado de umidade, impedindo a absorção da parte das águas pluviais, que devem se deslocar em grande volume para a região metropolitana da capital gaúcha”, explica o meteorologista.

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A presença de uma grande massa de ar quente estacionada sobre a área central do Brasil (Centro-Oeste e Sudeste), em colisão com o ar frio que avança da Argentina, provocando chuvas intensas, é um fenômeno similar ao que ocorreu em 1941, mas, desta vez, com uma intensidade muito maior. “Passaram-se mais de 80 anos até que esse fenômeno ocorresse novamente com tal força, mas, em função das mudanças climáticas e do aquecimento do planeta, a tendência é que esse tipo de fenômeno ocorra em intervalos cada vez menores”, alerta Lucyrio, ao observar que o El Niño, aquecendo as águas do Oceano Pacífico equatorial, segue influenciando o clima e contribui para que a instabilidade permaneça no Estado.

Impacto na economia

A previsão de mais chuvas volumosas seguirá afetando os mais variados setores da economia gaúcha, como o agronegócio, o de energia e de infraestrutura.

“Estão previstos novos eventos de chuva forte para o norte e noroeste do Rio Grande do Sul e o sul de Santa Catarina. Isso deve prejudicar o fim da colheita da soja e de outras culturas como milho e arroz”, afirma a meteorologista da vertical Agro da Climatempo, Nadiara Pereira.

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Segundo boletim da Emater/RS, de 02 de maio, ainda há 24% da colheita de soja a ser feita, o que representa uma área de 2 milhões de hectares e 6,5 milhões de toneladas do grão.

“Chama a atenção o fato de que a soja, apesar de ter sido atingida pelos temporais da primavera, vinha apresentando uma ótima produtividade, já que no verão as chuvas foram regulares, e havia uma expectativa de safra recorde no Rio Grande do Sul”, conta Nadiara, ao destacar que o final da colheita do arroz e do milho da primeira safra também serão impactadas, pois ainda falta colher em torno de 15% de milho e cerca de 20% de arroz.

feira de sementes quilombolas
Antoninho Ursulino, do Quilombo Bombas, segurando sementes de arroz na 11ª Feira de Troca de Sementes e Mudas Tradicionais das Comunidades Quilombolas do Vale do Ribeira, Eldorado. Foto: Claudio Tavares | ISA

Além dos grãos, a inundação das áreas rurais provocou a perda de máquinas e a morte de animais. Adicionalmente, as chuvas e enchentes estão bloqueando rodovias e prejudicando o escoamento do que foi produzido. Esses fatores devem pressionar os preços dos produtos agropecuários nacionalmente, considerando que o Rio Grande do Sul é um grande produtor.

Por que está chovendo tanto

As fortes chuvas que atingem o Rio Grande Sul ocorrem por uma combinação de fatores considerados raros pelos especialistas da Climatempo e similares ao que se registou em 1941. Entre eles está uma massa de ar quente estacionada sobre a área central do Brasil (Centro-Oeste e Sudeste), que impede o avanço da frente fria pelo sul do País, aumentando a precipitação, principalmente no Rio Grande do Sul. Além disso, o fenômeno El Niño, que aquece as águas do Oceano Pacífico equatorial, segue influenciando o clima e contribui para a permanência da instabilidade no Estado.

Enchente no Rio Grande do Sul
Enchente no Rio Grande do Sul. Foto: Lauro Alves | Secom | Fotos Públicas

“Combinamos imagens de radar com modelos de previsão do tempo para oferecer a maior acurácia e detalhes sobre os eventos climáticos, como este que vem ocorrendo no Sul. Esse trabalho acaba sendo fundamental para a emissão de alertas para as defesas civis, além de possibilitar que empresas dos variados setores se prepararem para os efeitos de eventos climáticos extremos”, afirma a Nadiara.

Em relação ao setor de energia, o alerta sobre a possibilidade de novos eventos de chuva intensa eleva o risco de rompimento das barragens das hidrelétricas, já que o grande volume de água das chuvas excede a capacidade de reversão destas infraestruturas.

Enchente em Canoas, no Rio Grande do Sul. Foto: Gustavo Mansur | Palácio Piratini
Enchente em Canoas, no Rio Grande do Sul. Foto: Gustavo Mansur | Palácio Piratini

As bacias dos rios Jacuí, Uruguai e outras apresentam ENAS (Energia Natural Afluente) em valores extremos. Em 2 de maio, houve o rompimento parcial da barragem da Usina Hidrelétrica 14 de Julho, que fica entre os municípios gaúchos de Bento Gonçalves e Cotiporã, por não suportar o grande acúmulo de água.

Para ajudar as famílias, veja aqui uma lista de lugares onde você pode doar!