Alimentos de origem animal geram 20% das emissões mundiais
Um novo estudo publicado na Nature Food calculou as emissões de gases do efeito estufa da produção de alimentos no mundo.
Um novo estudo publicado na Nature Food calculou as emissões de gases do efeito estufa da produção de alimentos no mundo.
A produção e o consumo de alimentos de origem animal, incluindo o cultivo de vegetais para alimentá-los, contribuem com cerca de 1/5 das emissões de gases de efeito estufa causadas pelo homem no mundo. É o que revela um novo estudo global publicado nesta semana na revista Nature Food.
O estudo avaliou o impacto da produção de alimentos de origem animal e também vegetal. Juntos, eles são responsáveis por 35% de todas as emissões mundiais dos chamados gases de efeito estufa. Deste total, as emissões de alimentos de origem animal contribuem com 57% (sendo 32% CO2, 20% metano e 6% óxido nitroso); as emissões de alimentos vegetais contribuem com 29% (sendo 19% CO2, 6% metano e 4% óxido nitroso); e a utilização não alimentar, como a produção de algodão e borracha, contribui com 14%.
O trabalho abrangente examinou os quatro principais subsetores de emissões associadas aos processos de produção de alimentos, incluindo mudanças no uso do solo, atividades de gestão de terras agrícolas, criação e operações que ocorrem quando o alimento deixa a fazenda. Todo o sistema de produção de alimentos, como o uso de máquinas agrícolas, pulverização de fertilizantes e transporte de produtos, causa 17,3 bilhões de toneladas métricas de gases de efeito estufa por ano, de acordo com a pesquisa.
“Embora o CO2 seja a emissão de GEE mais importante e discutida com mais frequência, o metano gerado pelo cultivo do arroz e pelos animais, e o óxido nitroso dos fertilizantes são 34 e 298 vezes mais poderosos do que o CO2, respectivamente, quando se trata de reter o calor na atmosfera,” disse Xiaoming Xu, pesquisador pós-doutorado da Universidade de Universidade de Illinois e principal autor do estudo.
O estudo, publicado na revista Nature Food, mostrou que os países com as principais emissões de gases de efeito estufa de alimentos de origem animal são a China com 8%, o Brasil com 6%, os EUA com 5% e a Índia com 4%. Os países com as principais emissões de gases de efeito estufa de alimentos vegetais são a China com 7%, a Índia com 4% e a Indonésia com 2%.
Os pesquisadores disseram que esperam que este estudo incentive todos – desde legisladores a indivíduos que querem fazer a diferença – a considerar a rica oportunidade que os sistemas agrícolas oferecem para desenvolver estratégias e políticas públicas que podem ajudar a mitigar as emissões de gases de efeito estufa antes que a mudança climática se torne irreversível.
Reduzir a produção e o consumo de produtos animais seria especialmente significativo para restringir as emissões de metano. O gás é uma das principais preocupações levantadas no último relatório do IPCC, devido ao rápido crescimento de suas emissões, relacionadas principalmente aos setores de combustíveis fósseis e pecuária. Além disso, o metano tem um impacto 25 vezes maior do que o CO2 a longo prazo.
Quando se trata da pecuária, o CO2 é emitido principalmente por mudanças no uso da terra – por exemplo, o desmatamento para abrir áreas para pastagem ou cultivo de soja para alimentação animal – enquanto o metano é predominantemente resultado da digestão dos animais explorados para consumo humano. “Todas essas coisas combinadas significam que as emissões são muito altas”, disse Xu.
“Para produzir mais carne é preciso alimentar mais os animais, o que gera mais emissões. Você precisa de mais biomassa para alimentar os animais a fim de obter a mesma quantidade de calorias. Não é muito eficiente.”
Xiaoming Xu, Universidade de Universidade de Illinois