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Alemanha propõe aumentar imposto sobre a carne para frear aquecimento

Criação de gado é um dos maiores responsáveis pelas emissões globais de gases do efeito estufa.

O último relatório do IPCC divulgado na última quinta-feira (8) chama atenção para o uso nocivo que estamos fazendo da terra, em especial para no setor da agropecuária. Ao mesmo tempo que produzimos excessivamente com o argumento de que precisamos alimentar sete bilhões de pessoas, nosso comportamento já afeta a segurança alimentar. Um impasse que precisa ser resolvido. Na Alemanha, que é um dos maiores produtores e consumidores de carne de porco, entrou em análise a proposta de aumentar o imposto sobre a carne. 

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A solução, apresentada pelos políticos do Partido Social Democrata (SPD) e do Partido Verde, é aumentar de 7% para 19% o imposto sobre o Valor Agregado (IVA) na venda de carnes. Objetivo é contribuir para a redução do aquecimento global, além de incentivar melhorias no bem-estar animal com a maior arrecadação de impostos.

A proposta coincidiu com o relatório do IPCC, onde se fala abertamente que a criação de gado é um dos maiores responsáveis pelas emissões globais de gases que causam o efeito estufa. Além disso, afirma que uma mudança de dieta, incluindo mais vegetais na alimentação, também pode contribuir para a redução de emissões. Mesmo assim, a proposta não sensibilizou o ministra de agricultura do país, Julia Klöckner, que argumentou que tal medida poderia prejudicar a renda dos produtores de carne. 

A discussão está em aberto, mas “provavelmente, o aumento não vai se concretizar”, crê a emissora pública alemã Deutsche Welle. Para o grupo, a própria população não está aberta para tal mudança, uma vez que consome muita carne, e relembra quando o partido verde perdeu muitos votos após, durante campanha, proporem um dia sem carne em jardins de infância e cantinas públicas. De todo modo, é preciso levar o debate adiante. As principais conclusões do IPCC sobre a segurança alimentar ressaltam que, querendo ou não, é preciso melhorarmos nossas práticas agrícolas. Confira abaixo alguns pontos levantados no relatório:

  • Os impactos climáticos sobre a terra já são severos. Ondas de calor e secas tornaram-se mais frequentes e intensas em algumas regiões, e a segurança alimentar já foi prejudicada por afetar o rendimento das colheitas e a produção animal, entre muitas outras mudanças como resultado da crise climática.
  • A meta de manter o aquecimento global dentro do limite de 2°C traz a ameaça de uma crise alimentar, particularmente para regiões tropicais e subtropicais. Projeta-se que uma combinação de elevação do nível do mar e ciclones mais intensos ponha em risco vidas e meios de subsistência em áreas propensas a ciclones. O aquecimento já criou risco de incêndios florestais e estes devem se tornar um alto risco a partir de 1,5˚C de aquecimento.
  • A agricultura, a produção de alimentos e o desmatamento são impulsionadores significativos das mudanças climáticas e produzem cerca de 23% das emissões de gases de efeito estufa induzidas pelo homem.
  • Diferentemente do setor de combustíveis fósseis, a agricultura sustentável poderia ser parte da solução para o aquecimento global, ao retirar carbono da atmosfera e colocá-lo no solo. Mas a janela de oportunidade está se fechando rapidamente, pois a capacidade dos solos de realizar essa função diminui à medida que a temperatura aumenta.

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