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Prefeitura de SP planta árvores no asfalto e levanta polêmica

Projeto piloto em Cidade Patriarca, zona leste, plantou 70 mudas no asfalto, entre as duas mãos de circulação de veículos e em ilhas, no cruzamento das vias.

Nesta semana, a prefeitura de São Paulo iniciou testes para buscar novas alternativas que ampliem o plantio de árvores na capital. Um projeto piloto, batizado de “Árvore no Asfalto”, em Cidade Patriarca, bairro localizado na zona leste, já plantou 70 mudas no asfalto, entre as duas mãos de circulação de veículos e em ilhas, no cruzamento das vias.

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“Nós estamos desenvolvendo novas metodologias de plantio, levando em consideração as características da cidade: as calçadas são estreitas, então a árvore ocupa um espaço precioso na calçada, necessário para o cadeirante ou para a pessoa com deficiência, e a fiação, com o que as árvores convivem mal”, afirmou Haddad. Segundo o prefeito, os testes são supervisionados por agrônomos e engenheiros da CET.

Novas alternativas serão testadas ainda neste primeiro semestre de 2015. O objetivo é ampliar a quantidade de verde na cidade, que conta com menos de um milhão árvores em vias públicas. As árvores no ambiente urbano oferecem mais qualidade de vida à população, pois reduzem as ilhas de calor, atenuam a poluição atmosférica e sonora e oferecem mais conforto para os pedestres.


Foto: Fabio Arantes/SECOM

De acordo com levantamentos realizados pela Secretaria Municipal do Verde e do Meio Ambiente, a região leste é a que apresenta maior déficit de árvores por habitante.

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“A árvore na cidade tem adversidades: tem o solo, a qualidade do ar, a fiação. Ao longo da história o planejamento urbano não contemplou o pedestre, então tem muitos lugares onde ou tem espaço para o pedestre ou para a árvore. Então o plantio no asfalto é uma alternativa para deixar a cidade mais verde. Na Europa e no Canadá há projetos de plantio muito semelhantes”, explicou o secretário Wanderley Meira do Nascimento (Verde e Meio Ambiente).

Foto: Fabio Arantes/SECOM

Nesta primeira etapa do projeto, sete espécies de árvores foram escolhidas, entre eles ipê, caroba, carobinha e cássia. As espécies plantadas são de médio e grande porte, com raiz pivotante, que não se espalha lateralmente. A medida visa justamente evitar a deformação do pavimento no futuro. No plantio, são também utilizados anéis de concreto que direcionam as raízes para camadas mais profundas do solo.

Outros cuidados foram de verificar se no local de plantio existem redes subterrâneas de concessionárias, como água, esgoto ou gás, ou fiação elétrica. Em seis meses, os ipês plantados começarão a ter flores.

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Foto: Fabio Arantes/SECOM

Critérios técnicos

O projeto piloto estabelece que as árvores podem ser plantadas em vias pavimentadas que apresentam um volume diário médio de tráfego abaixo de 2.500 veículos, leito carroçável com 12 metros ou mais de largura, e que não sejam corredores de carga ou de ônibus.

O plantio sobre o asfalto possui baixo custo de implantação e uma única equipe consegue plantar cerca de 30 árvores por dia. Para delimitar a faixa de plantio, a CET implementou sinalização horizontal, com duas faixas contínuas e zebradas. Além disso, o plantio é interrompido com pelo menos sete metros de distância das esquinas transversais, de modo a garantir a visibilidade de motoristas e pedestres.

Foto: Fabio Arantes/SECOM

Iniciativa divide opiniões

Apesar da boa intenção, as árvores não estão sendo bem vistas por todos os olhos. O projeto acendeu um debate nas redes sociais aos favoráveis e contrários à decisão.

“É um protótipo para corrigir imperfeições, erros, estudos. No fundo, percebemos que todos são favoráveis e querem mudanças simples. Prototipar é isso mesmo tem que testar, ouvir, estudar, pesquisar e aprimorar”, afirma o especialista em mobilidade urbana Lincoln Paiva. Ele que assessora os projetos de ocupação urbana da prefeitura de São Paulo está entusiasmado com a quantidade de pessoas debatendo – seja  contra ou a favor do projeto.

Já para a jornalista e agricultora urbana Claudia Visoni, é importante dar mais espaço para planta se desenvolver. “Sou a favor e acho importantíssimo trazer mais verde e sombra para as ruas. É preciso, no entanto, aumentar a caixa para não sufocar as árvores (tornar maior o buraco no cimento, o manual de arborização da prefeitura tem as medidas necessárias). Acho que seria legal colocar árvores também próximas à calçada, no local de estacionamento de carros. Perde-se uma vaga (ou menos), mas ganha-se sombra”, defende.

Outra questão que tem rendido bastante discussão é a ausência de canteiro central, que para uns pode causar acidentes ou, pelo contrário, obrigar os condutores a dirigirem com mais atenção, reduzindo a velocidade nas avenidas. Ainda em fase de testes, a prefeitura afirma que os resultados serão avaliados junto com a população para definir a possibilidade de expansão do projeto.

Foto: Fabio Arantes/SECOM